O futebol deveria ser simples

Estamos na conclusão de um campeonato histórico, não pela competitividade mas sim pela mediocridade geral e, quando a maioria desejaria ver melhor futebol e superior categoria dos eternos candidatos ao título, o que se verifica é que os mesmos são carregados ao colo, em diferentes níveis é certo, pelos homens do apito.

O que se passou este fim-de-semana nos estádios de Benfica e Porto é mau demais para ser verdade. É a prova evidente que o futebol não pode continuar como está, não pode ser gerido e comandado por gente evidentemente incompetente e corrupta! E os nossos árbitros? Pior que serem corruptos (certamente mais do que se julgam…) é serem incompetentes! A arbitragem de Mário Mendes e de António Costa deveria ser suficiente para que uma de duas coisas acontecesse: ou o afastamento da arbitragem ou uma ida à PJ, para falarem das meias de leite, dos cafezinhos, dos quinhentinhos e muitas outras tretas, que fazem parte do vocabulário codificado dos homens do futebol. A imagem da jornada passa evidentemente pelo camarote das Antas, em que os rostos do Sistema se sentam lado a lado, a presenciar uma das mais badaladas arbitragens desta temporada. E nem se mexiam, tal a satisfação que lhes ia na alma, por verificarem, por certo, que a porcaria mantém-se toda neste lamaçal que é o futebol português. Adiante…


Mas que escândalos aconteceram afinal? Aqui fica uma lista do resumo, para quem hibernou este fim-de-semana:

- Na Luz, Mário Mendes não assinala um penalti a favor do Benfica por puxão de Neca a Nuno Gomes, inventa um penalti a favor do Benfica e perdoa um penalti a favor do Belenenses por derrube de Ricardo Rocha a Lourenço, derrube esse que valeria a expulsão do defesa.

- Nas Antas, António Costa valida escandalosamente o golo de McCarthy, perdoa a expulsão a Jorge Costa por entrada maldosa sobre Manduca aos 36 minutos (amarelo naquele lance é do mais ridículo… sumaríssimo para quem tiver coragem de o aplicar!), vê um penalti sobre Postiga quando a existir falta é fora da área e, como cereja em cima deste bolo podre, expulsa o defesa Briguel por toque com a mão na bola num lance que era de ataque maritimista! Sem sombra de duvidas uma arbitragem do pior que se viu em todo o campeonato!


Deixei ficar propositadamente um caso para analisar aparte. O golo de Diego, na minha opinião, é mal anulado. Isto apesar de McCarthy estar no raio de acção para onde a bola é rematada. Mas se fosse eu o árbitro não anulava o golo. Só que quero pegar nas teorias de conspiração de (pelo menos) dois bloguistas: Ivo e André Kaustico. Segundo eles, há muitas maneiras de um árbitro prejudicar o Porto (será só o Porto?...), sem ser marcando penaltis e foras de jogo. Pergunto eu, inocentemente: será que aquele lance anulado não foi só para que a procissão de azulados pudessem vociferar à fartazana e fazerem-se de coitadinhos quando já se encontravam em vantagem num lance escandaloso? Não será o culminar daquela lenda aqui colocada à uns meses em que diz que primeiro prejudicam e depois beneficiam só para dar a entender que afinal não nos prejudicaram??? Pois é meus amigos, afinal desta vez foi ao contrário: primeiro deram-vos a vantagem, perante um adversário tradicionalmente manso nas Antas (25 derrotas em 26 jogos). E depois nada como anular um golo para passar a imagem que o Porto continua a ser prejudicado! Pena foi que o árbitro não se ficou por esse lance e prestou um péssimo serviço na segunda metade do jogo como referi. A ver vamos se Couceiro continua a vestir a pele de um dos 3 porquinhos e se lamenta que o lobo mau lhe anda atrás do fiambre…

O Benfica é um exemplo de mediocridade. Mesmo jogando com estádio cheio, mesmo criando boas ocasiões de golo, precisou novamente do árbitro para ganhar… e vamos em 3 jogos consecutivos! Mas que supertreta de liga!

Dias da Cunha tem toda a razão quando afirma que o Benfica e o Porto são as duas equipas mais beneficiadas, em dois níveis distintos: um pelo facto de deter o poder institucional na liga e nas comissões que decidem a arbitragem e respectivos castigos e o outro pelo poder que se mantém num sistema que teima em manter-se activo, ainda para mais com o balão de oxigénio que representou a libertação de um dos cabecilhas de toda a podridão que circula no futebol português: Valentim Loureiro. O major é uma figura tão ridícula que chega ao ponto de querer um edifício aparte só para a arbitragem, como se o facto da arbitragem se encontrar no prédio ao lado a torna desde logo isenta. Ó Sr. major… continência e tal mas vá dar banho ao cão se faz favor!


Mudando de assunto, o Sporting deu mais uma vez uma prova cabal que é a melhor equipa a jogar futebol em Portugal, e que dispõe, de longe, do melhor plantel. E Pinilla é um regalo para os olhos! É preciso ver que o hombre tem apenas 21 anos, e que anda desde os 19 anos em fase experimental na Europa, sem nunca ter sido uma real opção. Não estamos a falar de um jogador já amadurecido e com experiência de vários anos a jogar futebol, seja na Coreia ou no Chile. Eu, como a grande maioria, não lhe deu o devido desconto, mas desta vez faço mea culpa e reconheço o meu erro de subavaliação de um jovem que actua somente no lugar mais difícil de jogar: ponta de lança! E que belo ponta de lança meus senhores. Como deve ser aborrecido ter de mudar as piadas de Pinigol para Pinigoles não? :)

Do jogo de Braga sobra ainda um momento importante: um possível penalti a favor do Braga, no inicio da segunda parte. O Sporting já sofreu um penalti daquele estilo em Setúbal, logo no início do campeonato. E na altura mostrei a minha indignação pelo facto de “um agarrar” de camisola provocar uma queda anti-natural para a frente, quando o suposto puxão levaria o jogador a cair de costas ou a abrandar a marcha. Ontem deu-se o mesmo exemplo, o puxão sobre o jogador bracarense é mínimo e não é o suficiente para uma queda ridícula. Penaltis como aquele acontecem em todos os pontapés de canto! E o puxão a Pinilla, no final do jogo, é mais um exemplo que distingue claramente do que é puxar do que é agarrar, puxar e voltar a agarrar! Espero que tenha ficado tudo bem esclarecido. Uma palavra ainda para um dos jogadores mais odiados pelos anti-sporting e anti-scolari: Ricardo. Já frente ao Alkmaar deteve o possível 1-2, com uma defesa de classe, e ontem voltou a evitar que o adversário se adiantasse no marcador com uma saída magistral! Pode não ser o melhor do mundo, pode não ser melhor que Baia, mas é o guardião dos sonhos leoninos. E para mim basta. De certeza que nos últimos dois jogos provocou muita azia no País e isso dá-me um gozo tremendo!


Para terminar deixo um elogio a uma equipa que pratica bom futebol e não precisa das ajudas arbitrais para conseguir um belo feito: 11 jogos consecutivos sem conhecer a derrota. Está de parabéns a Académica e Nelo Vingada pelo recorde que já ninguém lhes tira esta época. Só espero que na última jornada não façam de bombo de festa para o Sistema…


PS:

Não posso deixar de evocar aqui um feito digno de registro. O Sporting é a equipa portuguesa que mais pontos (20) e mais vitórias (9) conseguiu numa época europeia. E ainda faltam disputar dois jogos, assim espero.


PS2:

Muito se escreveu aqui no blog sobre a arbitragem do jogo Sporting vs Académica, jogo que pode ter custado o título aos leões. Mas atentem nas palavras de Jorge Coroado:

“1.º — Quem falou de cartão vermelho «demonstrou desconhecimento absoluto do que está determinado», pois há que atender sempre à distância que o atacante teria de percorrer até à baliza adversária; 2.º — quem não sabe deve eximir-se de emitir opinião, pois já basta os que sabem e, por vezes, também se enganam.”

Como se pode ver eu estava errado. Polga não deveria, como não o foi efectivamente, ser expulso. Portanto, o grande erro de arbitragem foi mesmo o penalti que ficou por marcar sobre Liedson aos 10 minutos de jogo. E esse, ao contrário do de Postiga, foi mesmo cometido na área! E que jeito dariam esses dois pontos neste momento…

Outro assunto interessante foram as alarvidades aqui escritas aquando do fora de jogo de McPhee em Alvalade, num jogo que o Sporting venceu, a muito custo, mas com justiça. É preciso ver que McPhee não está em fora de jogo, mas por uma margem mínima! Quando comparado esse lance e a falta de visão desse fiscal de linha com a cegueira monumental do fiscal do jogo do Porto no último jogo, fica-se com a clara noção do que se pode considerar um erro de arbitragem de um erro propositado de arbitragem. E esses, infelizmente ou não, acontecem sempre em benefício dos mesmos.