Eis de regresso o campeonato da
impunidade. É o que temos, e do mal o menos, ao menos por cá ainda vou
apostando que o Porto ganha em casa ao Moreirense e isso acontece mesmo, com
mais ou menos penalty, já por Itália o AC Milan bem pode dominar a prova a seu bel-prazer
que se me der na telha de apostar que os milaneses derrotam o Novara em San
Ciro, é bem possível que aconteça precisamente o contrário. Depois há o
calciocommesse e vai tudo preso, mas ninguém me devolve o guito J
Adiante. A prova iniciou-se como
todos sabem em Olhão, com a derrota do Estoril, para surpresa minha uma vez que
acredito no valor do seu plantel e aguardo pela confirmação de Licá como ponta
de lança de nacionalidade portuguesa com valor para chegar longe, se tiver a
cabeça entre os ombros e não enfiada no rabo! Mas os de Olhão, mesmo a perder e
depois de verem o treinador insultado e despedido pelo presidente, e regressado
como se nada tivesse passado, sem reforços e sabe Deus se com salários em dia,
lá deu a volta, com grande coração, mas sinceramente não lhes dou grande
crédito. Esta é a equipa que por norma conta com 9 ou 10 emprestados de
Benfica, Porto, Sporting e até do Braga, numa clara concorrência desleal com os
seus adversários directos na luta pela descida. Uma vez que os empréstimos
entre equipas da mesma divisão esteve momentaneamente proibida (esse assunto
deverá ser melhor analisado aqui no blog futuramente), sentiu-se bem as dificuldades
do clube algarvio em conseguir reforços por sua conta e risco, o que prova que
não passa de um afilhado entre grandes, uma tristeza à portuguesa pois então.
Veremos no que dá, para já deu vitória, o que não é nada mau, podem vir a dar
muito jeito estes três pontos lá para Maio de 2013, e estiveram tão perto de
não acontecer…
No sábado continuou a jornada,
com a vitória do Marítimo em Vila do Conde. Este Marítimo é uma boa peça,
frustrante contra uma modestíssima equipa grega (Asteras Tripolis), valendo-lhe
elevada dose de fortuna no apuramento para defrontar uma equipa georgiana ainda
mais fraca, mas se pela Europa os maritimistas tremem como varas verdes, já por
cá, mesmo defrontando um Rio Ave que tem o estranho hábito de começar mal os
campeonatos e depois ir recuperando lugares até à manutenção tranquila, arrancou
uma vitória com grande mérito. O que esperar do Marítimo? Poderá depender do
trajecto europeu, mas tudo que for abaixo do 6º lugar terá sempre de ser
considerado um fracasso.
O dia acabou com o jogo grande da
jornada, com a visita do Braga ao estádio da Luz para defrontar o crónico
campeão da pré época e virtual vencedor de todas as competições internas a
iniciar: Benfica, pois claro. Não foi um mau espectáculo, se bem que se fosse
jogado com jogadores de outra craveira acabaria com zero a zero, uma vez que
todos os golos foram extremamente facilitados pelas debilidades defensivas de
cada uma das equipas. Alias, a primeira parte, que até acabou a zero, foi para
mim melhor disputada do que a segunda, uma prova mais para quem julga que golos
é sinonimo de bom futebol. O resultado satisfaz mais a equipa de Peseiro, que
embora até tenha estado em vantagem no marcador a vinte minutos do fim, pouco
fez para justificar essa mesma vantagem, podendo agradecer a Melgarejo pelos
dois golos marcados. Ao Benfica faltou um cérebro a meio campo para coordenar o
seu jogo, e cheguei mesmo a pensar “lá está o Carlos Martins com as suas micro
mialgias da treta”. Afinal não, o Martins esteve com o rabo alapado no banco de
suplentes durante os noventa e tal minutos de jogo, não merecendo a confiança
do seu treinador, isto após aquela que terá sido a melhor pré época da sua
carreira, uma atitude de Jorge Jesus incompreensível, ou então não, para quem
segue a carreira deste mestre da táctica e da treta…
No domingo disputou-se o grosso
da jornada, com duas grandes surpresas, e não me refiro a Porto e Sporting.
Quer Nacional da Madeira quer Paços de Ferreira, que jogavam em casa contra V. Setúbal
e Moreirense respectivamente, foram anulados pelos seus adversários, pese
embora as excelentes indicações que ambos deram na pré época, fazendo crer aos
seus adeptos que iniciariam o campeonato com vitórias fáceis. E na Madeira o
Nacional até chegou a ter dois de avanço e mais um jogador em campo! Parabéns
portanto aos setubalenses pela magnifica recuperação e aos cónegos pela frieza
na gestão do jogo.
Seguiu-se a visita do Porto a
Barcelos, num jogo tão interessante, mas tão interessante, que o presidente do
Gil nem se deu ao trabalho de sair das férias com a família do Algarve para a
fotografia de praxe junto ao papa. Deve ser ateu o Fiúza, neste tipo de
associação religiosa, quanto mais ateu melhor, penso eu de que! E o que dizer
do jogo? Lento, previsível, com os
favoritos portistas aguardando que Hulk, chegado de véspera, resolvesse o que o
resto do plantel, em treino durante mês e meio, não entendeu como necessário
grande sacrifício para derrotar um adversário que tinha apanhado chapa 5 umas
semanas antes, contra os suplentes benfiquistas! Mas jogos treino são, como
qualquer taberneiro sabe, totalmente diferentes de jogos que contam para o
totobola! A (falta) de atitude portista reflectiu-se igualmente no banco, onde Vítor
Pereira se mostrava incapaz (alguma vez se mostrou capaz?) de alterar o rumo do
jogo, suspirando por um lance de génio de Hulk e exasperando com o
individualismo do brasileiro que, aproveitando todo e qualquer lance ao seu
dispor para aplicar o seu famoso pontapé, se ia esquecendo que a equipa já
dispunha de dois pontas de lança em campo, que iam fazendo de corpo presente,
uma vez que as bombas do brasuca nunca lhes deu qualquer hipótese de recarga
ou, vá lá, de levar com ela no melão e ter a felicidade de as desviar para onde
interessa, o fundo da baliza! E, já agora, para que serve afinal a pré
temporada? Alguém avisou o Hulk que, na sua ausência, o Maicon se especializou
na marcação de livres directos? Era giro, sei lá, que entre meia dúzia de
biqueiradas para a bancada, deixasse alguém que realmente sabe o que está
fazer, tentar a sua sorte, não? Mas para isso seria necessário que Vítor
Pereira tivesse deixado crescer um par durante o Verão. Não me pareceu.
Continua o mesmo morcão, completamente ultrapassado sobre o que vai passando à
frente do seu nariz, inclusive no assunto Iturbe. O miúdo, que de novo Messi
parece-me só ter a altura, apesar de tudo não é mau, qual o motivo então para
ter a mesma ostracização que o Martins do Benfica? Com tanta asneira cometida
na preparação da partida e durante a mesma, seria de esperar algo completamente
diferente no final? Só para quem não conhece o mister, lá se agarrou a mais
dois penalties, e ainda sobrou tempo para se falar em relva demasiado alta e ao
anti jogo do adversário. E, o resto, mister? Quero acreditar que quem manda no
clube lhe tenha pedido explicações, caso contrário o orçamento para a fruta vai
ter de aumentar esta época…
Em Guimarães, um Sporting
novamente renovado (5 caras novas estreadas na competição logo de entrada)
enfrenta um adversário que tem na sua massa adepta um adversário superior ao
seu futebol. Jogo típico de primeira jornada, com uma equipa caseira com
tremendo receio de perder na estreia perante os seus adeptos e um Sporting com
a lição demasiadamente bem estudada, não teria sido mau se 3 ou 4 jogadores
tivessem feito uma “à Sá Pinto” e adormecido durante as suas palestras, tal
como o actual treinador fez no tempo do demente Artur Jorge. E só digo isto
porque esta filosofia de montar uma equipa com tremenda vocação defensiva, num
campeonato onde 80% das equipas entra em campo com uma atitude virada para o
empate e para a queima de tempo, parece-me ser um atalho rápido para o
fracasso. Ricardo Sá Pinto, o coração de leão que todos os sportinguistas
admiram, respeitam e amam!, não pode ser como treinador a antítese do que era
como jogador, um guerreiro adepto do antes quebrar que torcer! A equipa
reforçou-se muito bem no centro da defesa, Cedric Soares, capitão em todos os
escalões jovens leoninos, está a cumprir o seu destino na lateral direita e, na
esquerda, existe Insua, o melhor a actuar em Portugal na sua posição. Sobra
ainda Rui Patricio, que dispensa apresentações. Se a este quinteto se juntar um
trinco, seja ele qual for entre os existentes no plantel, terá de ser o
suficiente para o Sporting actuar em Guimarães e em qualquer outro estádio,
salvo imponderáveis. Ao escolher tridentes a meio campo constituídos por
jogadores eminentemente defensivos, Sá Pinto está a colocar ao abandono o ponta
de lança, já para não falar da falta de lógica de jogar com dois extremos tão
abertos nas alas se, depois, apenas existe um homem na área contra normalmente
4 adversários? Foi frustrante ver o Sporting controlar o jogo por completo,
fazer do Guimarães a sua marioneta, mas dispor de raríssimas ocasiões para
ferir de morte o adversário. E, se ainda houvesse um plano b, já dava para um
adepto ter um pouco mais de fé, mas quando o plantel tem graves lacunas na
função de ponta de lança e organizador de jogo, a ideia que fica é que a
táctica será não sofrer golos e bola pra frente a ver se entra um. Vivemos numa
era em que todos querem ser chefe, todos querem o topo e o comando. Que é feito
dos Nelos Vingada? Dos Tonis? Dos Octávios Machado? Será Rui Faria um perfeito
anormal? É minha opinião, hoje como ontem, que Sá Pinto só beneficiaria se
descesse uma posição hierárquica no clube, acompanhando um treinador competente
e experiente, de quem pudesse extrair conhecimento para um futuro não muito
distante. Assim vai usufruindo dos seus 15 minutos de fama enquanto treinador
e, adivinha Sá, tic tac tic tac…
A jornada conclui-se, como já vai
sendo norma neste País, três dias após o seu início, na passada segunda-feira. Serão
mesmo precisos 4 dias para realizar 8 jogos? É melhor nem falar muito, caso
contrário ainda passamos a ter um jogo por dia. Em Aveiro, um jogo de loucos
culminou com um empate a 3, com os de Coimbra, reduzidos a dez desde o inicio
do encontro, a recuperarem de uma desvantagem de 3-0. Não terá sido a primeira
vez na história deste desporto, mas isso não deverá servir como atenuante para
retirar a vergonha da cara dos jogadores e, sobretudo do técnico aveirense. Se
os de Olhão podem vir a olhar para os 3 pontos conquistados na primeira ronda
como essenciais para a permanência, veremos se não carpirão mágoas em Aveiro
pelo disparate que resultou na perda de dois pontos.
Não sei se voltarei a fazer a
ronda da jornada, vai depender da boa disposição ou falta dela, ou seja, vai
depender da pouca-vergonha com que Pinto da Costa e Filipe Vieira actuarão para
beneficiar escandalosamente os respectivos clubes. Mas para já a primeira está
tratada. E como ainda estou bem-disposto até vou inovar, criando prémios
semanais, afinal de contas isto tem bem mais piada quando se afia umas facas,
não? Aqui ficam eles:
Premio craque da semana
Bem, esta distinção foi pensada
para premiar o jogador que se destacou na jornada. Mas, como estamos a falar do
campeonato português, para premiar um jogador que se destaque em cada jornada,
o mais provável seria perder horas de sono para encontrar um que se destaque da
mediocridade geral. Como tal, o craque da semana não terá de se destacar pela
positiva, apenas tem de se destacar. Que tal, esperto, não?
E quem foi que se destacou cá no
burgo no passado fim-de-semana? Acho que esta é uma daquelas questões que faz
sempre parte do reportório de perfeita estupidez que são todos os concursos de
coltura à Malato, de tão óbvia resposta! Melgarejo, naturalmente. O jovem
paraguaio, com um belíssimo autogolo (se não soubesse mais até diria que o
miúdo é atacante…) e uma excelente assistência para o segundo golo bracarense
(novamente, se não soubesse mais até diria que o miúdo é extremo de raiz…) conseguiu
mais sozinho do que toda a equipa minhota junta! E se é verdade que Lima esteve
apagado devido à marcação apertada de Luisão e Garay, se calhar um destes
centrais deveria ter colocado um olho (e nesse tipo de tarefas de colocar olho
ou peito, é melhor não deixar o assunto com o Luisão…) no seu lateral esquerdo,
a pré época já tinha dado indicações que um dos principais perigos para a
inviolabilidade defensiva do Benfica partiria sempre do seu lado esquerdo. Merece,
portanto, o prémio de craque da primeira jornada do campeonato e, se for um
rapaz modesto, deve agradecer ao seu treinador, o mérito é indiscutivelmente
dele!
Premio idiota da semana
Esta distinção só pode ser atribuída
ao responsável por algo fora das previsões. Existe outro idiota que mereça este
prémio da primeira jornada do que Ulisses Morais, treinador do Beira-Mar?
Lamento caro Ulisses, bem sei que a ganhar por 3-0 e a jogar contra 10 no seu
estádio deveria ser motivo mais que suficiente para dizer adeus aos jogadores e
ir para casa jantar com a mulher e filhos, e se calhar se tem feito isso a
equipa até teria ganho por 4 ou 5-0! Mas, ficar no banco, e não revelar
qualquer capacidade para alterar os acontecimentos, é mau, realmente mau. Oh
Ulisses, se fosse eu, que de treino e táctica não percebo nada para além de
bitaites e postas de pescada, era bem capaz de ter gritado para os jogadores “
não deixem preto fdp tocar na bola, nem que tenham de lhe dar uns valentes
pontapés”! E por preto fdp obviamente que me estaria a referir ao Edinho. Seria
assim tão difícil Ulisses? Ah, seria pouco ético? Oh Ulisses, deixa de ser
morcão!
Premio Pensamento Cretino
Este foi difícil, entre o paleio
bacoco do Vitor Pereira, o ar de nabo do Peseiro (falar na mão do Cardozo,
seriously mister?) e as pantominices do Jorge Jesus, inclino-me para atribuir a
este último a distinção, até porque, mais do que ninguém, um cretino teria
mesmo de ser o primeiro vencedor deste prémio.
E que disse o JJ para receber a
distinção? Nada mais do que o seguinte, quando questionado sobre a actuação de
Melgarejo:
“ Melgarejo esteve sempre bem na
maior parte do jogo. Demonstrou que tem potencial e que há matéria para nós
desenvolvermos”
Desenvolver o quê? O formidável
disto tudo é a previsibilidade de toda esta comédia. Inevitavelmente o miúdo acabará
por perder o lugar por total incompetência para a função, porventura até sairá
da Luz e, quando tal suceder, abrirá a boca a queixar-se da estupidez do
técnico. Gostei do que vi deste miúdo em Paços de Ferreira, tem potencial para
ser um extremo de qualidade, com apetência para a finalização, mas acho que
passaria a ser um fã incontestável se visse uma reacção a este aborto táctico
que o seu treinador está a cometer e que lhe pode comprometer (ao Melgarejo bem
entendido, porque o futuro do Jesus é num qualquer canal a palitar os dentes
enquanto comenta jogos!) a carreira. Reage puto!
O Benfica começa a época lançando
em campo 14 jogadores estrangeiros. Ainda assim o treinador ainda não é o que
fala melhor português. Para quando umas lições, o Araujo Pereira que tanto
gosta de ser prestável ao clube podia dar umas aulas, ao menos que lhe diga que
“partantos” não existe, já era uma forma do esqueleto do Camões parar de dar
voltas na tumba!