Há situações, que embora expectáveis, surgem como uma surpresa. A demissão de Domingos Paciência entra nesse contexto, sobretudo porque a contestação ao seu trabalho, se bem que a subir de tom, ainda não atingira níveis insuportáveis.
Domingos tem feito uma carreira ascendente, de treinador da equipa satélite do FCP (estou mesmo a referir-me à extinta equipa b, não às que mencionarei a seguir, a ironia hoje está de folga, apesar da fácil tentação) passando pela União Leiria (onde ficou célebre por olhar para o chão sempre que defrontava o Porto do seu coração), pela Académica de Coimbra (alguns dos melhores jogos enquanto treinador foram conseguidos ao serviço dos Estudantes, quem não se recorda de um famoso 3-0 na Catedral do tremoço?) e posteriormente no Sporting de Braga, onde arrancou duas épocas distintas, a primeira onde começou pessimamente, eliminado das competições europeias por amadores suecos, continuou com paupérrimas campanhas nas taças internas mas compensando com um histórico segundo lugar no campeonato, muito embora nunca tenha visto uma equipa secundária (nem o Boavista dos Loureiros!) ser tão carregada ao colo como esse Braga! As verdades são para serem ditas, não me incomoda que os árbitros errem a favor dos restantes concorrentes do campeonato e não sempre a favor da dupla cujos líderes controlam o tráfico de droga e putas em Portugal, mas ainda assim quererem limpar o cadastro dessa equipa e do seu treinador, louvando méritos acima da realidade, comigo não! E tanto assim foi que, na época seguinte, mais precisamente há um ano atrás, Domingos Paciência estava (não) oficialmente demitido do Braga! Os contactos natalícios de Salvador com Leonardo Jardim, a posterior deserção de Aveiro deste sujeito (comportamento miserável de alguém que não olha a meios para atingir os seus fins, o Gil Vicente que o diga, e muito provavelmente o próximo a sofrer na pele pela falta de escrúpulos deste individuo será o Braga) indicavam, para quem tem dois dedos de testa, a saída de Domingos de Braga. O que o Salvador não contava, nem ele nem nenhum Alexandrino, era com a brilhante campanha europeia dos comandados de Domingos, em sequência de uma excelente participação na Champions League, com a queda sucessiva dos favoritos na Liga Europa (tema para outro post, brevemente) e com muito mérito igualmente, a equipa alcança Dublin, onde para desgosto dos bracarenses lampiões mas com a alegria incontida de presidente, treinador e falange minhota que foi à Irlanda, perde a competição para um dos piores jogos do Porto de Villas-Boas.
Este apanhado, chamemos-lhe histórico, é conhecido por todos, assim como a aproximação de Godinho Lopes a Domingos em Março de 2011, altura em que Domingos tinha plena consciência da artimanha montada pelo Salvador e sabia igualmente que as portas do seu Porto estavam fechadas enquanto Villas-Boas por lá andasse. Que fez Domingos perante esta situação? Algo que provavelmente se arrependeu em Junho, quando soube da fuga do duque de Contumil para o Chelsea. Chegou a acordo com o Sporting quando o seu Braga ainda discutia com o Dinamo Kiev os quartos-de-final da Liga Europa, situação que serviu às mil maravilhas para o Salvador, que assim se livrou de ter de explicar aos adeptos a provável troca Paciência/Jardim. A única dúvida que paira no ar desde Junho é saber se Domingos resistiu a um avanço dissimulado por parte do FC Porto, ou se este, em ano de eleições federativas e tendo sempre noção (e estes 30 anos de consulado papista não me desmente tal tese, pelo contrário!) que convém manter os rivais lisboetas sempre desavindos e bem separados um do outro, optou por nem sequer avançar para Paciência, contentando-se com aquele asno insignificante que ainda hoje vai zurrando no banco portista, para grande incómodo da esmagadora maioria dos adeptos portistas, por muito bem que disfarcem o contrário!
Dez anos após o final da carreira de jogador e inicio de vida como treinador de futebol profissional, Domingos Paciência chega ao verdadeiro desafio de carreira. Treinar, actualmente, o Sporting Clube de Portugal, para um treinador ambicioso e consciente das suas capacidades, é o topo que se pode almejar em Portugal. Em que factos sustento esta afirmação? Estamos a falar de um clube histórico, com uma falange de adeptos espalhados pelo País, seguramente acima dos 2 milhões, sedentos de vitórias e exigentes tal qual os adeptos dos dois rivais, mesmo tendo noção das sérias debilidades financeiras, ou seja, chegando a Agosto, mesmo contra o bom senso e nunca se refugiando em confortáveis discursos “vamos lutar pelo 3º lugar” assumem o peso histórico da camisola verde-branca e colocam pressão sobre treinador e jogadores. Falta de seriedade e contextualização com a realidade? Pode ser, eu como sportinguista assumo possível falta de realismo, mas quem vem para o Sporting tem de ter consciência dessa realidade, desse desafio, triunfar aqui é carregar uma glória em nada comparada com os títulos alcançados no TESCO portista ou da vã glória, tão artificial quanto os silicones da Lucy, que se observam na tenda principal do circo da Luz, cuja desmiolada cegueira em torno de um falso profeta os encaminha para o precipício, não sem antes divertirem a malta com ilusões de finais de champions e receitas televisivas de 40 milhões ao ano num canal próprio que, afinal, não tem arcaboiço para tais voos. Não, definitivamente não, o Sporting para os sportinguistas não é nem corrupção nem circo popularucho, o que dificulta ainda mais a tarefa dos seus treinadores, onde sem dinheiro para controlar sistemas nem dinheiro para máquinas propagandísticas (a cada semana que passa está difícil manter o Mané dos tremoços como o melhor jogador português de sempre, a maquina tem tido muito que trabalhar, carrega Cristiano, eles não duram para sempre!) resta apostar com qualidade na escolha de jogadores e na promoção da famosa cantera.
Ora bem, chegamos a Agosto de 2011, neste flash-back. Que fez Domingos Paciência no mês e meio inicial ao comando da nau leonina? Criou ilusões, criou expectativas, criou uma onda de entusiasmo ausente de Alvalade há demasiado tempo. Este foi o ponto positivo do consulado de Domingos Paciência, se bem que há que repartir esse mérito pela direcção do clube, que investindo um valor recorde de 25 milhões de euros na aquisição de 17 novos jogadores, adicionados a nova equipa técnica, nova direcção, inclusive nova equipa médica, fizeram crer aos adeptos que havia realmente uma mudança em curso, não suficiente para cantar vitória antecipada (até porque o título de campeão da pré-época já sabemos a quem pertence…) mas criando auspícios de que seria possível ombrear com os rivais, praticando futebol ao nível dos pergaminhos do clube.
O que se seguiu tem o dedo de tudo o que de mal existe no futebol português. Podem muitos doutores de opinião criarem teses sobre o Sporting, exporem mirabolantes teorias de viscondes nas suas quintas em Sintra manietando o clube a seu bel-prazer, mas sugiro comparações mais simples. Reparem na calimerice lampiã do inicio de época de 2010/2011. Se bem se recordam, encandeados pelo título nacional, adeptos, dirigentes, treinadores e jogadores convenceram-se que a revalidação do título seria um mero pró-forma e que o objectivo maior seria lutar pela conquista da Champions! Quais Ícaros borrachões, tanto subiram no ar que a queda foi forte e com estrondo, ainda Agosto se despedia e já Villas-Boas e sua trupe levavam 9 pontos de avanço! Justificações lampiãs? É preciso mesmo recordá-las? Foram os árbitros carpiram as Madalenas de bigode, quando apenas em Guimarães tal desculpa se justifica, sabendo todos nós que o árbitro desse jogo, além de não fazer greve por se sentir ofendido nem levar os seus colegas a fazê-lo, foi pura e simplesmente extinto dos jogos do Benfica. Com total responsabilidade nas derrotas com Académica em casa e Nacional fora, a desculpa da máquina propagandística foram os árbitros e o sistema azulado. Cuidaram eles em olhar para o seu umbigo? Não, claro que não, mas Villas-Boas e sus muchachos encarregaram-se de lhes mostrar, por a+b, que a teoria inicial não tinha cabimento, a culpa foi em primeira lugar da euforia, em segundo lugar da falta de humildade, em terceiro lugar da má escolha dos reforços para substituir os titulares vendidos, em quarto lugar por mérito do adversário directo e em quinto lugar do Benquerença! Esta é a realidade da coisa, mas nenhum adepto, de nenhum clube, admite o óbvio, busca sempre a desculpa fácil, o que se passou na época 2009/2010, com a teoria do túnel da luz para justificar erros próprios, serve às mil maravilhas aos portistas, a maioria dos quais ainda hoje acredita que teria sido campeão, esquecendo-se que se o seu clube jogou alguma coisa que se aproveitasse nessa época foi precisamente após esse castigo do túnel, que serviu de união e força, coisa que na primeira volta esteve totalmente ausente! Um acto de contrição não vos ficava mal, seguramente reconhecerão a veracidade das minhas palavras.
Serviu o parágrafo anterior para expor a minha teoria, que no final de cada época erros somados, os 3 grandes são beneficiados e prejudicados na mesma moeda, mas que feitas as contas aos erros arbitrais no primeiro terço da competição e, surpresa das surpresas, o clube de Alvalade é constantemente líder isolado no desfavorecimento arbitral! Roça a falta de escrúpulos a desfaçatez e pouca vergonha de prejudicar um clube da dimensão do Sporting, com o seu estádio cheio, carregado de sonhos e ilusões, logo na primeira jornada! É preciso um árbitro sentir-se muito protegido para entrar num campo da dimensão de Alvalade, com 99% do seu publico a vibrar pelo clube caseiro, e sem pejo, prejudicá-lo violentamente! E se um açoite não chegou para quebrar o espírito leonino, então que tal repetir a graçola na terceira jornada, novamente em Alvalade, novamente perante um estádio cheio? Isto nunca sucede nem sucederá no Porto e no Benfica, há uma total impunidade para com os árbitros nos desafios com o Sporting, ao ponto de, perante críticas, terem a coragem de declarar greve aos seus jogos, eles que são violentamente insultados nos túneis do Dragão e da Luz e nem tugem nem mugem! Obviamente que a máquina propagandística criou logo a imagem dos calimeros chorões, ainda para liderados agora por aquele que já era conhecido pelo Choramingos! Fenomenal como no espaço de um ano o tratamento dado a um e outro clube é diametralmente oposto!
Mas o post é sobre Domingos Paciência, muito embora seja difícil dissociar treinador de clube, naturalmente. O que é certo é que sem grandes culpas no cartório Domingos carregava já 7 pontos de atraso para a liderança, ainda a procissão ia no adro! Reacção dos adeptos? Totalmente ao lado de Domingos, compreenderam que a culpa não era dele, muito embora muitos, onde me incluo, não entendiam a insistência em Hélder Postiga e Yannick Djaló, insistência essa que teria o seu término, uma vez que ambos seriam despachados em finais de Agosto, entrando Elias e Insua, jogadores úteis para colmatar posições deficitárias é certo, mas que não tapavam os buracos deixados em aberto pela saída de dois avançados, colocando sobre um jovem holandês total responsabilidade na concretização. Um erro, como se veria meses mais tarde, um erro igualmente cometido pelo Porto e que lhe custará bem caro como veremos dentro de três meses, em suma, erros gravíssimos que em qualquer outra actividade custaria a cabeça de directores mas que em Portugal e no futebol português em particular, acabará por ainda dar para esses mesmos directores meterem uns milhares ao bolso como bonificação “for a job hell done!”
Adiante. Entramos em Setembro, Domingos começa a mostrar sinais de incapacidade para escolher um onze-tipo, modificando vezes sem conta a sua estratégia, ao ponto de dar a titularidade a Pereirinha, jogador que fora dispensado por Domingos e que só ficara no plantel por lesão grave de João Gonçalves. Esta incoerência revelar-se-ia várias vezes, a última e mais escandalosa com o repatriamento de Renato Neto para a titularidade frente ao FC Porto e posterior esquecimento na bancada. Tendo eu um carinho especial pela cantera e acompanhando o Renato na sua aventura belga, onde estava a ser considerado o melhor médio da prova, fico estupefacto com este tipo de atitudes, cortando o crescimento de um jovem para servir uma convicção que revelar-se-ia pífia! Alias, Domingos em 8 meses de leão ao peito, foi incapaz de aproveitar e lançar um único miúdo, e quem segue a sensacional equipa de juniores liderada por Ricardo Sá Pinto tem plena consciência que existe por lá muita e boa fruta pronta a ser colhida!
Em Paços de Ferreira, pese embora uma primeira parte de grande infortúnio onde mais uma vez um grosseiro erro arbitral concedeu aos pacenses a liderança, a cabeça de Domingos Paciência preparava-se para encaixar no cadafalso quando uma reviravolta “à inglesa” serviu de mote, não só para a primeira vitória na prova como igualmente para o lançamento de dois meses de grande futebol, culminando em dez vitórias consecutivas! Nesse período Domingos soube aproveitar o talento de que dispunha, pese embora as lesões persistentes de jogadores nucleares, casos de Izmailov (cujos números em prova mostram bem a sua importância) e de Jeffren e Rodriguez (muito embora nestes dois casos particulares a culpa tenha de ser atribuída a Carlos Freitas, os antecedentes físicos dos dois jogadores eram por demais conhecidos e deveriam ter sido levados em consideração aquando da contratação, revelando-se actualmente como dois pesos mortos no plantel!) mas o pior estaria para vir, na deslocação à Roménia para defrontar o Vaslui, jogo que não foi encarado com a devida responsabilidade (sendo certo que o Sporting já estava apurado para a fase seguinte, não é menos verdade que ter no cadastro dez vitórias consecutivas concedem uma motivação difícil de igualar por palavras e discursos, o único doping legitimo que motiva jogadores e adeptos são vitórias, e quantas mais melhor o desempenho, isto é tão óbvio que nem o La Palisse se deu ao trabalho de escrever uma verdade deste género…) e que, além da derrota ainda trouxe um desaire que marcaria o percurso de Domingos no Sporting: a lesão do motor da equipa, Fabian Rinaudo!
Há muitas formas de analisar a carreira de Domingos Paciência no Sporting. Uma delas passa inevitavelmente pela fuga aos confrontos. O clube foi gravemente prejudicado nas primeiras jornadas, mas o discurso do mister foi sempre de um certo distanciamento das polémicas, chegando ao ponto de muito cronista morcão e lampião, carregados de boas intenções seguramente, escreverem acerca dessa postura elevada de Domingos, um gentleman em terra de bandalhos. Eu não alinhei na altura nesse tipo de opiniões e mantenho a minha posição. Domingos alheou-se por dois motivos: primeiro porque não lhe tocava ao coração, seguramente que no seu Porto, ao mínimo espirro do papa, ouviremos palavras fortes e brutas da boca de Domingos que nunca se ouviram no seu consulado em Alvalade. Segundo, creio que mais importante, falta ao Paciência capacidade argumentativa e clareza de discurso. O que Mourinho tem em excesso, o que o “partantos da Mouraria” pensa ter em doses de cavalo, tem Domingos grave deficiência. Vivemos numa era onde a vertente comunicacional é a chave entre sucesso e fracasso, a base onde assenta a pirâmide de sucessos do Special One, capaz de transformar calhaus como Maniche, Gudjohnssen ou Tiago Motta (entre outros) em jogadores de topo apenas pelo poder da oratória (é ver a respectivas carreiras pré e pós Mourinho para confirmar a teoria, sff), para perceber que nunca seria através de discursos de balneário que Domingos Paciência entusiasmaria os seus jogadores a conseguirem ultrapassar os seus limites. Evidência deste facto? O jogo marcante deste campeonato e que acabou por ser responsável, indirectamente, pela demissão de Domingos: Benfica vs Sporting, Novembro de 2011!
Todos se recordam das incidências do mesmo, alguns como eu recordar-se-ão igualmente do facto do Sporting por essa altura ter recuperado 6 dos 7 pontos em atraso devido a escandalosos roubos já referidos nesta crónica, ou seja, o Sporting chega à Luz com um ponto de atraso quando deveria chegar com 4 de avanço! Mas nem vamos por esse caminho, analisemos o que se passou no jogo. Um Sporting autoritário, sem medo do adversário nem do ambiente, que sucumbe perto do intervalo num erro de marcação. Uma segunda parte marcada por dois casos, um penalty flagrante sobre Onyewu e a expulsão de Cardozo. Como todos sabemos, e o Inter de Mourinho no confronto com o Barcelona de Guardiola deixou-o bem explícito, quando uma equipa que ganha fica reduzida a dez jogadores, se bem orientada e com o relógio a correr em seu favor, fecha-se em copas e torna praticamente impossível a missão adversária. Existiu um jogo até ao penalty por marcar sobre o norte-americano, e um jogo posterior. O que sobrou desse derby, para os sportinguistas, foi a constatação que o clube tinha uma equipa consistente e com capacidade para se bater com os rivais. O que falhou então para que, passados cerca de 3 meses, o clube ter regredido ao ponto de não o distinguir dos tempos de Carvalhal e Paulo Sérgio? Sim, há que dizer as coisas com sinceridade e honestidade, o Sporting actual relembra a toda a gente o horror que foram os últimos dois anos, pese embora praticamente toda a estrutura tenha mudado! E, meus caros amigos, fundamental não esquecer, 25 milhões de euros terem sido investidos na aquisição de reforços? Desde Peseiro que o Sporting não tinha um investimento tão elevado! Aliás, que seja dito alto e bom som: Entre 2005 e 2011, no somatório de gastos com jogadores, o Sporting não investiu tanto quando esta época! Ou seja, foram dadas a Domingos Paciência condições a que Paulo Bento nem ousou sonhar, por exemplo. E Paulo Bento, para os mais esquecidos, é o treinador que em 4 anos alcançou 4 segundos lugares, dois deles empurrado do trono pelos bandidolas que todos conhecemos, mas sem ovos e sem queixumes fez o seu trabalho, apostando em miúdos que hoje, praticamente sem excepção, são a esperança da Selecção Nacional para o Euro2012!
Repito, o que falhou pós derby da Luz? Ora bem, colocando de lado as lesões, e foram muitas, atingindo sempre jogadores cuja importância no onze titular dificultaria a escolha de Domingos, há a reter uma comparação entre Domingos e Mourinho, entre a tareia apanhada pelo Mourinho do Guardiola em pleno Chamartin, e a derrota injusta sofrida pelo Domingos no estádio da Luz. É que Mourinho, após perder esse jogo e ver a vantagem sobre o rival passar apenas para um ponto, após ver crescer contestação dos adeptos pelas constantes derrotas frente aos barcelonistas, soube apelar ao coração dos seus jogadores, fazer-lhes ver que dos 38 jogos do campeonato apenas 2 eram jogados frente ao Barcelona e se ganhassem os restantes 36 jogos podiam perder 15-0 com o Barcelona que mesmo assim seriam campeões. Não quero errar o meu raciocínio, mas estou capaz de jurar que após a derrota por 1-3 o Real Madrid deslocou a Valência, campo complicadíssimo, e pregou com um 6-0 ao Valência, não foi? Se não foi bem assim, foi algo muito parecido, a forma como Mourinho conseguiu fazer com que os seus jogadores reagissem ao desaire fez com que a equipa, mesmo perdendo novamente para a Copa del Rey com o Barcelona, reagisse sempre em força, não espantando portanto os 10 pontos de avanço na liga espanhola, que chegarão às duas dezenas se não estarei enganado, Mourinho vai querer ganhar e por goleada! Que fez o nosso Domingos? Não sei, não sou bruxo, não estive nem conheço ninguém que tenha estado no balneário e na Academia nos dias seguintes ao fatídico dia do confronto com o Benfica. Mas os resultados estão à vista de todos, a confiança da equipa ruiu por completo, qual tenista que após perder um tie-break apanha um 6-0 sem apelo nem agravo. Sim, eu disse tenista mas refiro-me mesmo às miúdas, é para mim inconcebível tanta fragilidade em homens de pêlo na benta, mas cada vez me convenço mais que o futebol é um mundo de metrosexuais com dinheiro a mais e barba a menos. E Domingos, com o seu estilo “copinho de leite morno” nunca conseguiria nem nunca conseguirá fazer de uma equipa sem liderança uma equipa vencedora. A não ser que por detrás dele exista um presidente e uma comandita que vá ao balneário e faça o que um treinador tem obrigação de fazer! Nunca José Mourinho precisou de ajudas presidenciais, mas esse realmente é diferente.
Desejo felicidades ao Domingos, enquanto jogador trouxe-me diversos dissabores mas sempre o apreciei pela qualidade técnica fora do comum e pelo killer instinct enganador num corpo franzino, mas tal como nunca saiu de Portugal enquanto jogador para ter o sucesso internacional que o seu talento merecia, prova enquanto treinador necessitar de gente crescida por detrás dele para sustentar o seu trabalho, ou seja, existe apenas um clube em todo o Planeta onde Domingos poderá ser campeão. O seu nome? O clube onde até o José Malhoa dos treinadores conseguiu ser campeão antes de se exilar na Grécia!