Apesar da falta de inspiração dos Dragões na concretização das jogadas na frente do ataque, nos momentos iniciais, e das boas jogadas do Rio Ave foi o FC Porto que marcou primeiro. Aos 22 minutos, Hulk, depois de um excelente arranque que limpou toda a defesa do Rio Ave, marcou um golo com a marca de “incrível” no Dragão. Mas a felicidade do FC Porto durou apenas dois minutos, quando o endiabrado João Tomás, depois de um cruzamento de Zé Gomes, estabelece a igualdade com um cabeceamento recheado de muita técnica. O avançado de 34 anos demonstra que quem sabe não esquece. É o sexto golo do português no campeonato. Os golos trouxeram mais ânimo ao encontro do Estádio do Dragão, tornando-o mais ferveroso numa noite fria na cidade do Porto. Já na segunda parte, aos 54 minutos, foi assinalada grande penalidade a favor do FC Porto, com Fucile a cair dentro da área na disputa de bola com Sidnei. Falcao foi o responsável de colocar os Dragões em vantagem mas o colombiano chutou a bola para a trave da baliza de Carlos. Falcao voltaria a falhar, aos 60 minutos, num frente-a-frente com o guardião Carlos, depois de uma boa combinação de bola com o colega de equipa. Foi uma noite com nota negativa para o goleador portista. O azar parecia jogar ao lado do FC Porto nas muitas ocasiões claras de golo mas o guardião Carlos estava inspirado e determinado a parar todas as bolas dos Dragões. Aos 65 minutos Raul Meireles teve a oportunidade “de ouro” para marcar o segundo mas, mais uma vez, Carlos negou o golo ao médio internacional. Ao longo da segunda parte só deu FC Porto e o Rio Ave limitou-se a defender. A muralha vila-condense parecia resultar contra os assaltos do ataque azul e branco. Ao minuto 82, o Estádio do Dragão encheu-se de alegria. Na sequência de um canto, Falcao cabeceou e Varela só teve de encostar para o fundo das redes da baliza do Rio Ave, que viu a bola passar-lhe por baixo das pernas.
domingo, 29 de novembro de 2009
Uma vitória "silvestre"!!!!!
Apesar da falta de inspiração dos Dragões na concretização das jogadas na frente do ataque, nos momentos iniciais, e das boas jogadas do Rio Ave foi o FC Porto que marcou primeiro. Aos 22 minutos, Hulk, depois de um excelente arranque que limpou toda a defesa do Rio Ave, marcou um golo com a marca de “incrível” no Dragão. Mas a felicidade do FC Porto durou apenas dois minutos, quando o endiabrado João Tomás, depois de um cruzamento de Zé Gomes, estabelece a igualdade com um cabeceamento recheado de muita técnica. O avançado de 34 anos demonstra que quem sabe não esquece. É o sexto golo do português no campeonato. Os golos trouxeram mais ânimo ao encontro do Estádio do Dragão, tornando-o mais ferveroso numa noite fria na cidade do Porto. Já na segunda parte, aos 54 minutos, foi assinalada grande penalidade a favor do FC Porto, com Fucile a cair dentro da área na disputa de bola com Sidnei. Falcao foi o responsável de colocar os Dragões em vantagem mas o colombiano chutou a bola para a trave da baliza de Carlos. Falcao voltaria a falhar, aos 60 minutos, num frente-a-frente com o guardião Carlos, depois de uma boa combinação de bola com o colega de equipa. Foi uma noite com nota negativa para o goleador portista. O azar parecia jogar ao lado do FC Porto nas muitas ocasiões claras de golo mas o guardião Carlos estava inspirado e determinado a parar todas as bolas dos Dragões. Aos 65 minutos Raul Meireles teve a oportunidade “de ouro” para marcar o segundo mas, mais uma vez, Carlos negou o golo ao médio internacional. Ao longo da segunda parte só deu FC Porto e o Rio Ave limitou-se a defender. A muralha vila-condense parecia resultar contra os assaltos do ataque azul e branco. Ao minuto 82, o Estádio do Dragão encheu-se de alegria. Na sequência de um canto, Falcao cabeceou e Varela só teve de encostar para o fundo das redes da baliza do Rio Ave, que viu a bola passar-lhe por baixo das pernas.
sábado, 28 de novembro de 2009
Pinto da Costa: "Nem sabia que havia dérbi"!!!!!
Para trás, ficara um repasto "regado" com as habituais ironias. Pinto da Costa começou até por fazer alusão à ementa para evocar muitas das definições já usadas para descrever a sua figura. "Já me chamaram coisas bonitas, outras não muito bonitas. Já me chamaram o Papa e hoje até podia ser o papa-açorda, como um dos pratos que comemos", brincou, concluindo. "Mas hoje ouvi coisas que nunca me tinham chamado, como titânico e balsâmico. Saio daqui com uma moral...", regozijou-se, agradecendo, no fundo, os elogios que lhe foram dirigidos por Aníbal Rodrigues, o autor da Dragontologia ontem colocada à venda.
Depois, Pinto da Costa virou agulhas para aquilo que o próprio considera um centralismo persistente e que diz ser importante combater. "Os momentos que se vivem no nosso país são delicados e difíceis para todos aqueles que querem fazer alguma coisa fora da capital do império", lamentou, prosseguindo."Já se falou da regionalização e agora disseram que vai ser nesta vigência. Mas continuamos a assistir um estrangulamento e centralismo que chega ao desporto e ao futebol", insistiu, entusiasmando os adeptos. Quase a acabar, englobou toda a sociedade para deixar uma certeza: "Vamos continuar a lutar para que Lisboa não seja o centro de tudo e de todas as atenções. Com a força das gentes do Norte vamos lutar contra o centralismo da capital." E, para sentenciar a questão, deixou os portistas em êxtase: "O FC Porto está a mais no país que temos, mas é necessário para o país que queremos que Portugal seja"!!!!
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
As Ligas do Tribunal
2. Liga e-golo
3. Tribunal Champions
Meus caros, aqui fica o ponto de situação das ligas que compõem o universo do Tribunal. Não tarda temos franchising's espalhados por esse mundo fora! Fica o reparo para a Liga Manager, cujas jornadas 8, 9 e 10 foram desclassificadas por problemas com o programa que gere o concurso, como devem ter dado conta no email que receberam do site do jogo. Quanto a prémios finais ainda não está nada definido mas o que consta nos bastidores é que o mouro estaria na disposição de oferecer um barril de cerveja ao vencedor de cada competição. Onde há fumo...
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Jamor? Já foi, amor...
Nem mais, ao 22º dia do mês 11 o couraçado lampião foi atingido! Vai ao fundo? Ainda é cedo mas, qual Bismarck que os nazis diziam ser inafundável, este também começou com tal lenda e, ainda antes do Natal já parece a pescada que, antes de o ser... já o era!
PS:
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Luís Figo - O Camões do Futebol Português
Regresso ao dia 14 de Junho de 1991. As aulas tinham acabado há pouco tempo e na companhia de alguns amigos decidimos aproveitar o facto da selecção portuguesa iniciar a sua participação no mundial de juniores no Porto para ver o jogo. Conhecia o nome de alguns dos jogadores, sobretudo os de Luis Figo e Emilio Peixe, afinal apesar de na época os jornais desportivos serem tri-semanários (e eram cinco, Abola, Record, Ojogo, a Gazeta dos Desportos e o Norte Desportivo) tinha o hábito de, todas as quartas-feiras, comprar o Jornal do Sporting! É preciso notar que não havia internet, SportTv e informação desportiva a toda a hora na tv; o jornal leonino apesar de sair a meio da semana trazia sempre a crónica do jogo do fim de semana anterior bem como os jogos das camadas jovens, e eu “devorava” toda a informação. Como tal o nome de Luis Figo já me era familiar desde os seus 16 anos. Seja como for, não tinha expectativas elevadas, queria ver quem era o miúdo (eheh, o miúdo… o tempo voa) e como jogava. E, meus caros, como ele jogou! Com uma farta (e estranha) cabeleira, a maravilhar com fintas estonteantes. Nao me esqueci da satisfação por saber que esse miudo era do Sporting! Esse e o outro craque, o Peixe, que infelizmente nunca atingiu o que dele se esperava. O facto de ter, dois anos antes, resistido aos cantos de sereia lançados da Luz para a sua deserção, já me tinham despertado a atenção. Conjugar uma atitude de Homem com talento inato e pura determinação para singrar no futebol profissional não poderia deixar ninguém indiferente. Os “anti-Figo” surgiriam mais tarde, seguramente ninguém no seu perfeito juízo, ao ver este miúdo de 18 anos fazer um mundial estrondoso (foi eleito o 2º melhor da competição, atrás de Emílio Peixe) seria capaz de lhe apontar defeitos.
Esse jogo inaugural entre a brilhante selecção portuguesa (que equipa fantastica!) e a equipa da Irlanda foi o pontapé de saída para uma epopeia brilhante da equipa das quinas e da paixão do povo português por este grupo de miúdos que haveriam de passar à história como a geração de ouro do futebol português. Ganhamos por 2-0, golos de JVP e Toni, se a memoria nao me atraiçoa, e com Figo a falhar um penalti muito perto do fim mas com o estadio todo a aplaudi-lo. Esse momento não teve importância à data mas é revelador do carácter e personalidade de Figo uma vez que, ao longo da carreira, sempre assumiu nas horas apertadas as suas responsabilidades sem fugir, esconder-se ou simulando lesões! Luís Figo falhou vários penalties mas nunca ninguém o viu sacudir a responsabilidade inerente ao estatuto adquirido! Com a fama, o estatuto e o dinheiro vêem mais e mais responsabilidades. Um exemplo perfeito para ilustrar o que foi Figo no futebol mundial é a meia final da Champions League de 2003, entre a Juventus (a melhor formação europeia a actuar, como equipa, nesse ano!) e o Real Madrid dos galácticos, a iniciar aquele que viria a ser o fim de um ciclo. Já na segunda-mão, na segunda parte, com a Juventus em vantagem, o Real dispõe de um penalty a seu favor. Quem assume a responsabilidade? Zidane? Raul? Ronaldo? Beckham? Roberto Carlos? Hierro? Não, Luís Figo. Apresentando um rosto cansado pela habitual entrega ao jogo e transpirando por todos os poros (nunca vi um jogador que evidenciasse de forma tão constante todo o seu esforço e dedicação!) parte para a bola mas Gianluigi Buffon detem o remate do português, consumando a eliminação dos madrilenhos e o fim de uma era brilhante do futebol europeu. Teria sido melhor Zidane a marcá-lo? Ou Beckham? Nunca se saberá, o certo é que Luís Figo, como líder, não fugiu das suas responsabilidades. Aliás, os “anti-Figo” acusam-no de mau feitio, sobretudo por uma substituição, no famoso Portugal vs Inglaterra do Euro’04. Apresentem-me um jogador de topo que goste de ser substituído. Ainda recentemente Ibrahimovic pediu para sair de campo apenas porque Balotelli não lhe cedeu o golo num jogo do Inter de Milão. Nunca vi em Luis Figo atitudes de prima donna, nem lá perto. Aos de memória curta peço que recordem o último lance desse desafio do Euro’04 antes de Figo sair para ceder lugar ao Postiga. Excelente jogada individual de Figo culminando num remate que obrigou Seaman a protagonizar a defesa do jogo! Com Portugal a perder, restando 15 minutos de jogo, apresentem-me o atleta que sairia de campo de sorriso nos lábios. Mas não um jogador qualquer, um líder! Luis Filipe Scolari, como sempre, pensou pela própria cabeça, foi um líder no banco, e foi feliz com a escolha de Postiga. Luis Figo retratou-se e pediu desculpa pela atitude. Não devia, os verdadeiros portugueses entenderam perfeitamente o gesto, os outros, não mereciam consideração nem perda de tempo. Um dos raros erros de Figo, sujeitar-se à mesquinhez de alguns. Felizmente foi uma situação rara.
Estas breves histórias da carreira de Figo demonstram o que ele foi enquanto jogador e o que ele é enquanto homem. Um exemplo para os craques dos milhões que não têm nenhuma noção de liderança (e, no entanto, são capitães…) e para os maldizentes que julgam que só os que têm a benção papal é que são bons! Luís Figo não precisou de vencer 30 títulos em Portugal para ganhar “estatuto”, fê-lo nos melhores campeonatos mundiais, nas melhores equipas mundiais, sempre a titular e conseguindo sempre alcançar o estatuto de capitão, um feito revelador do respeito que conquistou no Planeta Futebol.
Segue agora um retrato da carreira do jogador, dos famosos Pastilhas até ao Inter de Milão, passando pelo grande amor de Figo, o seu Sporting Clube de Portugal, do qual é sócio com as cotas em dia e sobre o qual se encontra sempre actualizado, exercendo inclusivé o seu direito de voto. Um leão que nunca esqueceu as suas raízes.
ÍNDICE
1. Os primeiros passos no futebol (1984-1985)
2. Crescimento e Maturação no Sporting Clube de Portugal (1985-1995)
3. Barcelona, a etapa rainha para o estrelato mundial (1995-2000)
4. O primeiro galáctico do Real Madrid (2000-2005)
5. A chegada ao Calcio com dez anos de atraso (2005-2009)
6. Rei na Selecção Portuguesa (1988-2006)
7. O melhor do Mundo em 2000 e 2001!
8. Dados estatísticos de uma carreira simplesmente brilhante
9. As polémicas
9.1 – Contrato com o Benfica aos 16 anos
9.2 – Proibição de jogar em Itália por 2 anos
9.3 – A saída de Barcelona
9.4 – A polémica da perda de prestígio na selecção nacional
9.5 – Confronto sobre os naturalizados
9.6 – O regresso à selecção nacional após seis meses de “pré-reforma”
9.7 – O instigador do Calcio Caos!
10. As palavras de Mourinho, então treinador adjunto do FC Barcelona
11. Josep Guardiola, o amigo catalão
12. Universo extra-futebol
12.1 – Figo, Marcas e Publicidade
12.2 – A Dimensão Social
12.3 – Fundação Luís Figo
12.4 – A Dimensão Empresarial
13. O fim da carreira, o nascimento de uma lenda
1. Os primeiros passos no futebol (1984-1985)
Figo iniciou o seu percurso em 1984, no Pastilhas da Cova da Piedade, após ser descoberto por elementos da direcção do clube de Almada. O actual presidente do Pastilhas, José Silva, recorda-se dos tempos em que descobriram Figo: «Nós tínhamos o hábito de nos deslocarmos aos ringues de futebol dos bairros próximos do clube e um dia descobrimos o Luís Figo, gostámos das suas qualidades futebolísticas e convidamo-lo a jogar no Pastilhas». E foi assim que Figo começou a sua carreira no Pastilhas, que desde cedo não se tornou fácil pois teve de superar as renitências da mãe, pois esta tinha medo que ele ficasse prejudicado nos estudos. «Figo era um miúdo humilde que não tinha vaidades por ser considerado o melhor jogador da equipa e não gostava de grandes confusões, após os jogos era muito recatado e preferia ir para casa do que juntar-se à algazarra dos colegas», recorda José Silva.
2. Crescimento e Maturação no Sporting Clube de Portugal (1985-1995)
Em 1985, com doze anos, fez a sua primeira transferência no futebol ao ingressar no Sporting Clube de Portugal, onde permaneceu até aos 23 anos. Durante o tempo que esteve nas camadas jovens dos leões, Figo apenas conquistou dois títulos na categoria de iniciados, falhando o título nacional de juniores uma vez que passou grande parte dessa temporada em estágio ao serviço da selecção nacional, onde viria a conquistar o título de campeão mundial de juniores em 1991, dois anos após ter erguido o troféu de campeão europeu sub-16.
A sua estreia na equipa sénior do Sporting surgiu na época de 1989/1990, entre esses dois títulos internacionais, com apenas 17 anos de idade. A 1 de Abril de 1990, em Alvalade, frente ao Marítimo, tem início uma carreira brilhante do mais brilhante jogador português de todos os tempos! Figo alcança a equipa principal do Sporting disputando apenas 3 jogos nessa epoca, mas demonstrando talento suficiente para agarrar de imediato a titularidade na equipa leonina. Figo estreou-se na primeira divisão portuguesa pela mão do técnico Raúl Águas num jogo em que o Sporting derrotou o Marítimo em Alvalade por 2-1 e marcou o seu primeiro tento frente ao Torreense, a 8 de Dezembro de 1991. O jogo terminou com a vitória leonina por 2-1, depois dos "verde e brancos" terem estado a perder e Figo fez o golo da igualdade.
Cinco épocas no Sporting, sempre em crescendo, transformam-no rapidamente num dos melhores jogadores portugueses, conquistando pelo Sporting uma Taça de Portugal, triunfo que fugia aos leões desde 1984. No fim da época de 1994/95, Figo era um dos jogadores mais cobiçados da Europa, tendo os grandes clubes dos melhores campeonatos europeus interessados no seu serviço.
Um dos destaques de Figo no Sporting foi sempre o elevado sentido de companheirismo. Não se conhece um jogador que tenha tido uma má relação com ele, muito menos um companheiro de equipa. Uma das imagens mais fortes que guardo de Figo seguiu-se à maior tragédia que vivi enquanto adepto do Sporting: o acidente que vitimou Cherbakov. A semana do fatídico acidente culminou no maior clássico do futebol português: no antigo Estádio da Luz o Benfica recebia o Sporting, com a liderança da prova nas mãos do Sporting a ser posta em causa pelos vermelhos. Com Carlos Queirós ao leme dos leões há escassos dias e com os jogadores consternados pelo acidente do jogador russo ninguém esperaria grande exibição do Sporting. E como a vida não é um filme de Hollywood, realmente a exibição foi abaixo das potencialidades. No entanto um jogador se destacou no Sporting, Luís Figo evidentemente. Liderou a equipa na entrega ao jogo, marcando o golo que momentaneamente colocou o Sporting na liderança do jogo. A forma arrebatadora como o festejou demonstra bem os sentimentos que lhe iam na alma, com a dedicatória a Cherbakov a ser evidente para todos. É certo que Cherba foi culpado do infortúnio que lhe aconteceu, é evidente que o jovem russo não faleceu (e pelo que se consta actualmente tem uma vida feliz com a sua esposa e com o filho de ambos, provando que a única coisa que não tem remédio é mesmo a morte…) mas ver uma carreira promissora (e quando digo promissora convém realçar promissora ao nível de chegar ao topo do futebol mundial!) de um colega acabar de forma tão drástica e dramática mexe com os sentimentos de qualquer pessoa. Mexeu com os meus, mexeu com os adeptos e mexeu igualmente com os de Luís Figo, a quem muitos acusam de ser frio e calculista, só preocupado com o dinheiro. Na sua biografia Figo comenta o lance do golo ao Benfica do seguinte modo: “Poucas vezes na minha carreira demonstrei tanta alegria como nessa tarde. Gritei como um louco, quase desvairado, fora de mim. Todos os meus companheiros correram a abraçar-me e fomos comemorar. Dediquei o meu golo a Cherba, saiu-me da alma”. O video mostra um homem de sentimentos, um homem a quem não se lhe conhece um inimigo no futebol, um homem que fez sempre grandes amizades entre jogadores de clubes rivais, sendo Jorge Costa o maior exemplo.
Mas não se pense que a subida ao estatuto de estrela leonina foi fácil. Ao contrário do que se verificaria posteriormente, em todos os clubes e campeonatos por onde espalharia o seu talento, o início em Alvalade trouxe alguns amargos de boca. Na primeira época após o Mundial de Juniores foi de consolidação a nível senior, com o experiente Marinho Peres a treinar e a acarinhar o talento do jovem extremo, deixando-o sempre expressar toda a sua habilidade. No entanto, apesar da regularidade de presenças na equipa, o facto de ser fisicamente frágil permitia que os adversários ganhassem muitas bolas disputadas, levando Figo a usar e abusar do seu manancial técnico. Muito do melhor reportório de fintas e dribles de Luís Figo pode ser visto nesses dois primeiros anos, embora a maioria fosse inconsequente e pouco produtivo para a equipa. Eu, como adepto incondicional, mantive-me sempre fiel ao jogador e ao seu talento ímpar, mas muitos foram os que o assobiavam sempre que perdia a bola num drible excessivo. Recordo-me de um jogo que vi em Alvalade em 1992, com os meus avós, e de uma dupla de velhotes ao nosso lado ter comentado algo do género: “este tipo é um brinca na areia, já o Peixe é um excelente jogador”. Como as aparências iludem. Pelo menos a alguns, a mim nunca o talento de Figo me iludiu. Evidentemente que o facto de Figo ter ganho maturidade, ter tido a ajuda de treinadores para melhorar tacticamente o seu jogo e ter feito um excelente trabalho físico para resistir ao choque fez dele um jogador de topo. Mas sem talento, sem o talento que lhe reconheci desde o primeiro momento, nunca teria sido o jogador que foi. Luís Figo teve a felicidade de ter, nos momentos certos, as pessoas certas para o ajudarem a desenvolver todo o seu potencial. Com Bobby Robson chegou a ser, inacreditavelmente, suplente de Capucho! Isto porque a teimosia do inglês não percebia que o talento de Figo não podia ser subjugado aos interesses do colectivo, antes sim o colectivo tinha de saber tirar partido do talento de Figo que, verdade seja dita, sempre foi um jogador de equipa, humilde e com a primeira preocupação de servir os avançados. Com ele até um tosco como Jorge Cadete foi melhor marcador de um campeonato, com ele até Nuno Gomes conseguiu marcar mais do que 2 ou 3 golos na selecção nacional! Embora Robson tenha sido importante em certos aspectos na carreira de Figo no Sporting, noutros houve em que bloqueou o seu talento e evolução. Numa entrevista dada no primeiro ano como treinador leonino, Robson mencionou que queria fazer de Figo um goleador! No entanto, a verdade é que em 44 jogos para o campeonato feitos como técnico dos leões o português apenas marcou um golo! Já com Queirós, em apenas 22 jogos (na época 93/94, iniciada por Robson…) Figo marcou 7 golos! Era evidente para todos que Bobby Robson desaproveitava o talento do genial número 7, colocando-o fora da sua posição e forçando-o a executar tarefas inadequadas. Assim se compreende como o talento de muitos jogadores são, por vezes, totalmente desaproveitados pelos treinadores, Hugo Viana que o diga na sua passagem por Newcastle ao comando de… Bobby Robson.
Não é difícil perceber o momento em que a Europa descobriu o extremo sportinguista. Foi na primeira mão da primeira eliminatória da Taça Uefa em 1994/95. Em Setembro de 1994 a equipa leonina deslocou-se ao Santiago Bernabeu para defrontar o todo poderoso Real Madrid. Liderando o Sporting num jogo absolutamente fabuloso encontra-se Luís Figo, numa demonstração de talento individual ao serviço do colectivo. Estranhamente nenhuma televisão portuguesa conseguiu os direitos de transmissão desse memorável encontro que se encontra perdido na memória, mas o que ficou para o registo foi a vitória do Real por 1-0, com o Sporting a enviar 4 (quatro!) bolas aos postes da baliza defendido pelo Buyo! Dessa equipa duas exibições se destacaram, a de Sá Pinto que debutou na Europa e a de Figo que deslumbrou completamente Jorge Valdano, então treinador dos merengues. Duas semanas depois, o Sporting acabaria por triunfar sobre os futuros vencedores do campeonato espanhol por 2-1, sendo injustamente eliminados depois de terem sido a melhor equipa na eliminatória. Figo encontrava-se já em litígio com Sousa Cintra para renovação do contrato e essa exibição deu-lhe o condão para escolher onde quereria jogar no futuro. Mas perto de completar 22 anos Figo deslumbrou-se e cometeu o erro da sua vida, que muitos nunca esqueceram mas optam por deturpá-lo para achincalhar o jogador. É verdade que Figo chegou mesmo a assinar contrato com Parma e posteriormente com a Juventus, facto que provocou que ficasse impedido de alinhar no campeonato italiano por um período de 2 anos. O Barcelona soube disto e não se poupou a esforços para garantir o contributo do sportinguista, pela quantia de 400 mil contos (2 milhões de euros), que foi uma quantia irrisória para tanto valor do jovem sportinguista. Sobre esta dupla assinatura com clubes italianos, sobre a sua relação com o presidente do Sporting à época, Sousa Cintra, e os motivos que o levaram a sair do clube de Alvalade sem permitir que o mesmo lucrasse convenientemente, falarei mais abaixo, na secção das polémicas envolvendo Luís Figo.
3. Barcelona, a etapa raínha para o estrelato mundial (1995-2000)
Chega assim a Barcelona pela mão de Johan Cruyff, um dos melhores treinadores mundiais da altura, que considera Figo um dos mais talentosos jogadores do momento.Com tantas estrelas na equipa,Cruyff, não hesita e coloca o nº7 português a titular, e com frutos já que Figo se tornou um dos jogadores mais influente na equipa, assumindo uma importante influência no jogo colectivo da equipa catalã. Estreou-se no empate com o Mérida por 2-2, a 9 de Setembro de 1995. O Barcelona de Figo, alcança inúmeros êxitos e, com a chegada de Ronaldo, Figo começa a tornar-se o estratega da equipa, ajudando o brasileiro a tornar-se o melhor ponta-de-lança do mundo, com os seus cruzamentos e assistências fatais. Com a chegada de Vitor Baía e Fernando Couto a Barcelona, Figo ganha mais confiança e torna-se nesse ano o capitão da equipa, na ausência de Guardiola, levantando mesmo o troféu correspondente à antiga Taça das Taças.
Com a chegada do novo treinador Van Gaal, os portugueses Vitor Baía e Fernando Couto não resistiram devido à colonização holandesa do Barcelona por parte de Van Gaal, mas Figo voltou a mostrar-se preponderante e leva às costas a sua equipa conquistando 2 campeonatos espanhóis para o Barcelona.
Figo alcançou enorme importância em Barcelona, tornando-se um dos maiores ídolos em Espanha juntamente com grandes nomes do futebol mundial como Rivaldo, Luis Enrique, Kluivert e tantos outros que compunham o plantel do Barcelona. Figo fica na hístoria do Barcelona como um dos melhores jogadores e capitães da sua história.É considerado um dos melhores jogadores de sempre do Barcelona. Valdano diz que ele joga sempre tão bem, que quando joga menos bem, mesmo assim fá-lo de forma brilhante.
Depois das grandes exibições no Euro 2000, foi cobiçado por clubes como o Manchester United, Real Madrid, Lázio, Milão, mesmo com a clausula de rescisão de 12 milhões de contos, muitos clubes não hesitam trazerem para a sua equipa o melhor jogador mundial do momento. No dia 24 de Julho de 2000, tornou-se o jogador mais caro do mundo quando o Real Madrid pagou 12 milhões de contos (60 milhões de euros), ficando com um salário ficou perto de 95 mil contos (475 mil euros) mensais. Figo ganhou, em 2000, a Bola de Ouro da France Football, e ficou em segundo na Bola de Ouro da FIFA. Todo o aparato que envolveu a mais drástica, polémica, exaltada e exoberante transferência da história do futebol mundial será recordada e retratada na secção das polémicas envolvendo Luís Figo.
De destacar igualmente o facto de, durante as cinco temporadas em que permaneceu em Barcelona, Figo tornou-se numa das maiores estrelas do futebol e recebeu por cinco vezes consecutivas o prémio de Futebolista do Ano pelo Clube Nacional de Imprensa Desportiva (CNID), sobrepondo-se categoricamente sobre a restante geração dourada portuguesa, apesar dos grandes valores nela existentes, de Paulo Sousa a Rui Costa, de Fernando Couto a Vitor Baía… mas Figo era um caso completamente àparte, o fracasso de Baía em Barcelona e a secundarização de Rui Costa na medíocre Fiorentina são suficientes para atestar a minha afirmação. Mas, sempre fiel à sua personalidade, nunca se viu arrogância de Luís Figo nos jogos pela selecção, respeitando sempre os seus colegas, nunca os acusando pelos fracassos, sendo o apuramento falhado para o Mundial 1998 (onde Figo foi a maior ausência da prova!) prova disso mesmo, sujeitando-se estoicamente à falta de competência de um besta como Artur Jorge e seus comparsas. Felizmente para Figo a sua carreira ao serviço dos clubes foi praticamente guiada sempre pelos melhores técnicos…
4. O primeiro galáctico do Real Madrid (2000-2005)
A partir dai, Figo tornou-se mal amado por uns e bem amado por outros, mas superou todas as críticas sobre a sua transferência, e continuou o seu percurso de glória.Tal como aconteceu em Barcelona, Figo impôs em Madrid todo o seu talento futebolístico, numa equipa composta por alguns dos melhores jogadores mundiais da altura. Com a camisola nº 10 ao serviço dos madrilenos, o médio venceu o campeonato espanhol por duas vezes, em 2001 e 2003, a Liga dos Campeões em 2002 e a Taça Intercontinental, no mesmo ano.
Em Madrid, Figo foi adorado pelos adeptos do clube devido ao seu estilo de jogo e a direcção do clube de Madrid considerava-o como uma peça importante da equipa, pelo que jogava e sobretudo pela postura de líder de balneário.
É conhecida uma história sobre a atitude de Figo como profissional sério e dedicado. Certa vez Florentino Pérez, desapontado por saber das constantes escapadas nocturnas de Roberto Carlos, Raul, Guti e Ronaldo, perguntou-lhes porque não poderiam ser mais parecidos com Figo, cuja vida caseira era por demais conhecida. Resposta de Roberto Carlos: «se tivesse uma mulher como a do Figo também não saía de casa»! Serve isto para enaltecer a forma como Figo viveu a sua carreira, nunca esquecendo as regras básicas de um profissional; não é por acaso que foram raríssimas as lesões musculares que sofreu ao longo da carreira, não é por acaso que consegue completar cerca de 1000 jogos ao longo de uma carreira de 18 anos (55 jogos por ano, em média, só consegue quem se entrega de corpo e alma ao futebol, esquecendo todos os vícios adjacentes à fama e fortuna dos milionários da bola… e como é fácil ir por esse caminho, não é Ronaldo, Ronaldinho, Vieri, Deco, Adriano, Rivaldo, Kluivert, Ortega, Cassano, Ginola, entre tantos outros que não deram tudo o que tinham e podiam dar ao desporto que os fez milionários…) e não é seguramente por acaso que se tem meia Europa a seus pés, aos 32,5 anos, quando sai de Madrid e, tranquilamente, escolhe para onde quer ir jogar!
5. A chegada ao Calcio com dez anos de atraso (2005-2009)
Luís Figo nunca foi comodista. Nunca foi o tipo de jogador de fazer a semana de treinos no ginásio devido a lesões fictícias nem de se sentar no banco de suplentes, em amena cavaqueira com os parceiros de banco, esperando o fim do jogo, de preferência sem ter de sujar os calções. Sempre lutou por ser titular e quando um individuo sem escrúpulos, um brasuca escroque de nome Wanderley Luxemburgo, contratado por Florentino Pérez para colocar a equipa em ordem, começou a remetê-lo para o banco de suplentes com regularidade, logo o galáctico unanimemente considerado pela imprensa e pelos adeptos que se esforçava e suava a camisola, Figo não esteve com contemplações: exigiu a sua transferência, provando uma vez mais que era tudo menos chulo ou pesetero: ganhava muitíssimo bem, sim, mas procurava sempre justificá-lo dentro de campo! Se era essa a intenção de Perez, forçar a saída de (alguns) galácticos, foi especulado, o certo é que Figo não esperou para ser empurrado porta fora, saiu pelo seu pé pela porta da frente, ovacionado por adeptos que o estimam e aguardou pela melhor proposta, que não tardou: Liverpool! O velho sonho de Luis Figo de jogar no campeonato inglês ganhava forma mas o Inter de Milão foi mais persistente e Figo, com o mesmo génio que o caracterizava nos relvados, adicionando uma astúcia fora do comum no meio futebolístico, optou correctamente pelo futebol italiano, mais táctico e menos veloz que o inglês, propício para um jogador prestes a completar 33 anos de idade! Numa fase da carreira em que a esmagadora maioria dos jogadores são convidados a sair dos clubes Figo entrava, directamente para o onze titular, de um dos maiores clubes mundiais!
No entanto o Inter de Milão, apesar de toda a sua grandeza, era um clube problemático, uma vez que vivia há quase duas décadas de memórias brilhantes mas cada vez mais passadas, falhando sucessivamente a conquista do scudetto, inclusivé na última jornada da prova de 2001! A entrada de Luís Figo, um vencedor por natureza, elevou o nível de jogo dos nerrazuros, mas foi sobretudo a forma como o jogador português, na recepção à Juventus, se comportou, que o elevou ao estatuto divino entre os adeptos, repetindo a façanha alcançada em todos os clubes anteriores. Disse Figo no final desse confronto, após uma arbitragem habilidosa que permitiu a vitória juventina, que era altura da polícia italiana investigar o futebol porque era escandaloso a forma como o Inter era prejudicado, sempre em favor dos mesmos. Luciano Moggi, corrupto dirigente da Juventus, reagiu ao melhor estilo dos corruptos, perguntando se Figo tinha provas e se as tinha que as entregasse na polícia! Ora, provas o comum cidadão não tem, mas tem olhos na cara para identificar patifaria quando a vê, ainda para mais quando a mesma é descarada e sempre a favor dos mesmos! A Juventus chegou ao fim da época a rir-se, mas Figo riu por último! Coincidência ou não o Calciocaos estourou breves meses após o desabafo de Luis Figo e a troca de palavras com o maior acusado de todo o processo, Moggi! Não só Figo foi um bravo jogador como teve sempre a coragem de fazer ouvir a sua voz mesmo nas situações mais incómodas, quando poderia ter mais a perder do que a ganhar. Aqui, neste momento, revelou-se o futuro de Luís Figo, será sem dúvida um dirigente talentoso que servirá o futebol, quer seja ao nível de clube ou de federação, ou alguém duvida que se há um português com capacidade para chegar a presidente da Uefa ou Fifa seja precisamente ele?
6. Rei na Selecção Portuguesa (1988-2006)
A carreira de Luís Figo com a camisola das quinas ao peito surgiu logo nos escalões mais precoces possíveis, nos sub-16.
Em 1989, com 16 anos, o Figo fez parte da Selecção Nacional de sub-16, que alcançou o Campeonato da Europa (Dinamarca, 1989), e foi vice-campeão de sub-18, na Hungria em 1990. Dois anos mais tarde, na selecção de Sub 20, orientada por Carlos Queiroz, ganhou o Campeonato do Mundo da competição, realizado em Portugal.
No total, nos escalões de formação, efectuou 7 jogos pelas esperanças, 33 pelos juniores (8 golos) e 21 pelos juvenis (10 golos).
No que diz respeito à selecção principal, Figo fez o seu primeiro jogo a 12 de Outubro de 1991, num jogo particular frente ao Luxemburgo e marcou o seu primeiro golo no encontro entre Portugal e a Bulgária, decorrido a 11 de Novembro de 1992, num amigável disputado no Parque dos Princípes em Paris, ganho pela selecção nacional (2-0), numa etapa de preparação para a fase de qualificação do Campeonato do Mundo de 1994.
Mas, a grande campanha do futebolista decorreu em 2000, durante a realização do Campeonato da Europa na Bélgica e na Holanda, onde o português foi o motor da selecção das quinas, que praticou um dos estilos de jogo atacante mais apurados do torneio até chegar às meias-finais, na qual perdeu com a França que soube manietar o brilhante extremo nacional, ao contrário da equipa nacional que deixou sempre Zidane ter tempo e espaço para pensar o jogo atacante francês. O maior azar de Figo foi nunca ter tido um seleccionador nacional minimamente competente, caso contrário 2000 seria o ano da sua consagração. Inclusivé grande parte da imprensa estrangeira chegou a considerar que o internacional luso foi o melhor jogador do europeu de futebol mas a UEFA classificou-o como o segundo melhor da prova, a seguir ao francês Zinedine Zidane. Nesse mesmo ano, Zidane vence o prémio de Melhor Jogador do Ano da FIFA; contudo, a prestigiada revista francesa, France Football, numa raríssima ocasião em que vai contra as suas tendências mais nacionalistas (e ninguém a poderia levar a mal se tivesse escolhido Zidane…) considerou Figo como o melhor futebolista e atribuiu-lhe o seu prémio, a "Bola de Ouro", prémio com a maior tradição no mundo futebolístico e que reconhece o seu eleito como o melhor jogador a nível planetário! Não só Figo venceu como derrotou um francês (fantástico no seu próprio ambiente!
Como se pode constatar foram 18 anos ao serviço das selecções portuguesas. Ora, para quem o apelida de pesetero, e sabendo que na selecção nao se ganha dinheiro, e prestigio já Figo tinha de sobra por esse Mundo fora, para quê tantos jogos, tantas viagens e tantos estágios por Portugal? É uma questão que nunca terá resposta, sobram para a história 189 internacionalizações por Portugal, 127 das quais pela Selecção Principal, com 32 golos marcados e 44 assistências para golo.
7. O melhor do Mundo em 2000 e 2001!
Corria o ano de 2000, para trás tinha ficado uma excelente prstação no Euro’2000, consagrando o português como uma das vedetas da competição. Junte-se o mediatismo da transferência e os títulos conquistados em Barcelona e formou-se uma corrente de apoio a Luís Figo para ser coroado o jogador do ano, quer pela FIFA quer pela France Football. No primeiro caso o prémio acabaria nas mãos de Zidane (370 votos), à frente do português (329 votos) e Rivaldo (263 votos), muito pelo facto da organização mundial ser conservadora e tender a atribuir o prémio ao jogador que se destacou na conquista da prova de selecções desse ano. Já a France Football, curiosamente uma publicação francesa e extramamente cotada no universo futebolístico, colocou de lado o seu nacionalismo e nem sequer duvidou em eleger Figo como o melhor do ano, à frente do francês Zidane! Por uma vez o famoso chauvinismo francês não fez das suas e com inteira justiça Figo viu a sua carreira ser reconhecida por todos.
Em 2001 fica na sexta posição da tabela dos melhores do Mundo na corrida pela Bola de Ouro da France Football, conquistando no entanto a estatueta da FIFA, o World Player of the Year, numa lista de jogadores, da qual constavam Raúl, David Beckham, Zidane e Rivaldo. Se houve jogador unanimemente reconhecido como soberano no Planeta Futebol esse jogador foi Luís Figo.
8. Dados estatísticos de uma carreira simplesmente brilhante
Segue-se o curriculo desportivo deste magnifico team-player. Um curriculo que reflecte bem o percurso de 14 anos de “internacional” ao mais alto nível, como não me recordo noutro jogador fora do seu País, sempre nos melhores clubes e sempre como primeira escolha para a sua posição, mesmo aos 34 anos! E, aos 36 anos, escolha de Mourinho para ser um dos suplentes mais requisitados, encostando para um canto “estrelas” contratadas a peso de ouro para os extremos, como foram o caso de Quaresma (24 milhões de euros) e Mancini (21 milhões de euros). És simplesmente Luis, O Magnífico!
O curriculo nos clubes é vastissimo, ao ponto de Figo, como profissional, contabilizando um incrivel numero de 799 jogos. Pela selecção nacional somou 127 jogos pela selecção principal e 61 jogos nas camadas jovens das quinas. Ou seja, desde que foi um dia lançado por Raul Aguas no Sporting em 1989... Figo contabilizou um impressionante numero de 987 jogos como profissional. Fazendo um pequeno cálculo pode-se afirmar sem grande margem de erro que foram quase 1500 horas em campo ao longo da carreira. Se, em média, Figo tem corrido 8 a 9 Km por jogo temos um valor aproximado de 10.000 Km percorridos em campo! A distância entre Lisboa e Pequim! Um atleta excepcional que deu tudo dentro de campo, sempre disponível, sempre presente, sem quezílias com treinadores que o levariam a assistir jogos no banco ou bancada. Wanderley “O Burro” Luxemburgo foi a excepção que sempre existirá para confirmar a regra. Quanto a golos marcados, Luís Figo notabilizou-se por ser um extremo à moda antiga, por atacar os defesas e procurar as linhas laterais tendo como propósito máximo servir na perfeição os seus colegas de equipa que se encontravam na área para finalizar. Ao contrário da moda vigente, Figo não procurou nunca a glória pessoal, seria facílimo para ele fazer as fintas para o centro do terreno e rematar constantemente à baliza, procurando desse modo satisfazer o seu ego e aumentar o seu protagonismo. Para felicidade dos avançados com quem jogou ao longo da carreira, Figo colocou sempre os interesses colectivos acima dos seus interesses pessoais, atitude que fez dele o melhor extremo mundial enquanto esteve no topo da carreira, ou seja, seguramente o melhor extremo das últimas duas décadas do futebol mundial! Ainda assim, até porque procurou sempre melhorar ao longo da carreira, conseguiu uma interessante soma de 186 golos oficiais na carreira, divididos entre campeontos (93), taças europeias (28), taças nacionais (15) e selecções nacionais (50).
Um verdadeiro portento, o maior jogador português de todos os tempos, mesmo contando com o português/moçambicano Eusébio, que se entreteve entre os fracos da sua terra. Figo provou o sucesso internacional, foi idolo por onde passou, ao ponto de chegar a capitão de equipa em todos os clubes onde actuou! Aqui fica o curriculo desportivo:
Em virtude dos espanhois atribuirem importância às assistências para golo que os jogadores efectuam no campeonato espanhol, é possível saber o valor das mesmas na carreira de Luis Figo em Barcelona e Madrid. Assim, Figo efectuou um total de 336 jogos no campeonato espanhol (ou seja, em 10 anos Figo falhou somente 44 jogos, verdadeiramente impressionante!), marcando 67 golos e efectuando 108 assistências que acabaram dentro da baliza adversária. Fazendo uma extrapolação, e modesta, é possível afirmar com zero margem de erro que foram pelo menos 200 as assistências de Figo ao longo da sua carreira, uma marca que poucos, muito poucos, conseguiram superar. E o melhor é nem falar nas assistências que não deram em golo por total incompetência dos atacantes, alguns deles bem famosos!
Esta tabela serve igualmente para desmitificar a perda da influência de Luis Figo com a troca de Barcelona pelo Real Madrid. Os números não enganam, em Barcelona Figo somou 172 jogos, contra os 164 realizados em Madrid (convém realçar a lesão sofrida por Figo em Março de 2002, provocado pelo Deco, responsável pela única época em que Figo realizou menos de 30 jogos no campeonato!), marcou 30 golos em Barcelona efectuando 57 assistências, enquanto que em Madrid marcou 37 golos e fez 51 assistências. Uma década de impressionante regularidade com a camisola de 2 colossos mundiais, existe outro jogador capaz de ombrear com este feito assinalável?
Um das grandes falhas que irão perdurar na história da carreira do melhor jogador português de todos os tempos é a falha que o futebol tem para valorizar todos os jogadores responsáveis pela criação de oportunidades de golo. Valoriza-se quem marca, todos têm clara noção de quantos golos marcaram ao longo da carreira, mas e as assistências? Se as que não acabaram em golo por inépcia atacante não são contabilizadas, pelo menos as que resultaram em golo deveriam sê-lo! É uma tremenda injustiça para o jogador que, seguramente, mais assistências para golo originou nestas últimas duas décadas de futebol! Um verdadeiro assombro a forma como Figo sempre elevou os seus parceiros de ataque ao estatuto de número um! Não é coincidência, ao seu lado todos os pontas de lança brilharam mais. Uma falha que o desporto americano não possui, valorizando sempre o atleta que coloca a bola no indivíduo que faz o mais fácil, empurrar para dentro da baliza! Figo, ao melhor estilo americano, foi sempre o Quarter Back titular das suas equipas, o base que os colegas procuravam para que ele determinasse a melhor jogada de ataque colectiva, enfim, uma falha enorme da FIFA e UEFA que tardam em perceber a importância das assistências, valorizando excessivamente os goleadores, alguns deles como Inzaghi que se limitam a encostar para dentro da baliza.
9. As polémicas
Em 1989, após a conquista do Europeu de Sub-16, o Sporting atravessava uma grave crise financeira, durante o período danoso da presidência de Jorge Gonçalves. Com vários meses de salários em atraso Figo, entre outros jogadores leoninos (Peixe incluído) foram aliciados à má fila pelos rivais, primeiro pelo Porto e depois de modo mais agressivo pelo Benfica, quebrando um pacto antigo entre os clubes para não “atacarem” miudos das camadas jovens. Sousa Cintra, então recem eleito presidente leonino, teve a sagacidade e perspicácia necessária para antever os movimentos cobardes dos lampiões e resgatar Figo das mãos de larápios sem vergonha! Um miudo de baixa condição social, habitante da margem sul do Tejo, não tinha possibilidade de permanecer em Alvalade sem ser ressarcido financeiramente. O pouco que recebia era de mais para ser suportado pelos pais. Isto é tão evidente que fazer crer que Figo assinou dois contratos e voltou atrás é de uma tacanhez e idiotice que não merece mais comentários! Luís Figo olhou pela sua vida, pelo seu futuro. Se Sousa Cintra não tem feito o correcto e não olhado a meios para manter o jovem talento de leão ao peito, o natural seria Figo ter despoletado como jogador sénior no Benfica, afinal de contas um profissional não pode olhar á cor das camisolas que apostam nele e no seu valor. Mas o Sporting corrigiu o erro e o futuro foi o que todos conhecemos, risonho quer para o jogador quer para o clube de Alvalade e seus adeptos que não se cansam de gabar o facto do mitico Figo ser produto da sua escola de formação. Os outros? Que se roam de inveja e tratem de trabalhar para terem os seus méritos e proveitos próprios! Apenas Paulo Santos cedeu aos cantos de sereia lançados da Luz e, verdade seja dita, teve zero oportunidades no Benfica e só muito mais tarde se tornou suplente do Porto por breves anos.
Em 1995, ainda ao serviço do Sporting, Figo assinou um contrato com a Juventus e com o Parma, ambos de Itália. Não podendo alinhar nos dois clubes, os clubes recorreram à UEFA para resolver o conflito e a instituição europeia decidiu que o jogador português não poderia jogar em Itália durante dois anos, visto que tinha rubricado um acordo com as duas formações, o que originou que Figo se transferisse para o Barcelona. A direcção da equipa da Catalunha, estando informada sobre o litígio entre as formações italianas, desembolsou, na altura, 400 mil contos, para a contratação do português, uma pechincha e uma lança no Real Madrid que, através de Valdano, estava interessado em contratar o jovem português.
Porque assina então Figo por dois clubes italianos? É preciso recuar ao Verão quente de 1993, assim conhecido devido à retaliação de Sousa Cintra ao Benfica, pelo roubo no ano anterior de Paulo Futre e pela tentativa de roubo em 1989 de 4 juniores, entre eles Figo e Peixe! Sousa Cintra esteve brilhante e imparável, e foi meigo já que se tem um killer instinct apurado teria ceifado igualmente Rui Costa e JVP, por muito que os lampiões acreditem na virgindade desses dois, o dinheiro falaria sempre mais alto! Seja como for este golpe de génio que nunca esquecerei teve um grave pecado: ao apaparicar os lampiões Pacheco e Paulo Sousa deveria igualmente ter tido em consideração os jovens leoezinhos que, apesar de ainda terem dois anos de contrato, estavam muito mal pagos para o papel que desempenhavam na equipa. Sim, tanto Luis Figo quanto Emilio Peixe eram dos mais mal pagos do plantel e, pelo que se comentou à época, Sousa Cintra acordou salários extraordinários com os ex-jogadores do Benfica, deixando obviamente magoados as jovens vedetas leoninas. Sousa Cintra foi sempre adiando a renegociação dos contratos dos jovens leões, escudando-se de que havia tempo. Quando lhe coube a iniciativa ouviu uma resposta inesperada, definitiva e azeda: “Agora é tarde”, respondeu-lhe Figo! Assim, dois anos antes da sua saída, começa o fim de Luís Figo no Sporting. Não hajam dúvidas quanto a isso! E não culpo o jogador, nunca culpei nem nunca o farei! E porquê? Razão muito simples: nesses dois anos, nessas duas épocas (1993/94, 1994/95), Luís Figo explode para se tornar no fenómeno mundial por todos reconhecido, em vez de amuar e arranjar conflitos para ser transferido deu todo o seu melhor para sair do clube pela porta grande! E saiu, pese a ingratidão de alguns adeptos leoninos que tentaram agredir o jogador na conferência de imprensa da sua saída, gente com a qual não me identifico e que não faz falta ao meu clube! Pela mesma altura Fernando Couto, então no FC Porto, saiu igualmente para Itália, mas renovando contrato com o clube portuense semanas antes da transferência, provocando deste modo que o clube portista recebesse montante significativo pela mudança do jogador. Esse gesto foi muito valorizado, em contraponto com o de Figo, mas são situações incomparáveis! Fernando Couto foi muito bem tratado no Porto e sempre valorizado salarialmente, não tendo motivos para não agradecer ao clube que o projectou. Figo, pelas atitudes de Sousa Cintra, achou por bem não ter essa atitude, preocupando-se somente com o seu bem-estar. Eu, na situação dele, mesmo sendo sportinguista de alma e coração, teria feito exactamente o mesmo! Sem a mínima das dúvidas! Aliás, a história dos dois contratos, provém exactamente desta situação. Quando Sousa Cintra percebeu que ia perder o ídolo leonino no final da temporada e praticamente a custo zero tentou de todos os modos e feitios uma solução que não o envergonhasse perante os adeptos. Daí surge a proposta do Parma, que pagaria ao Sporting bem mais que os direitos de formação exigidos pela FIFA. Só que Figo, através do seu empresário, já tinha assinado um contrato promessa com a Juventus, contrato esse que o jogador pensou não ser mais do que isso mesmo, uma promessa futura. A proposta do Parma seria bem mais interessante, tanto para o jogador como para o Sporting, só que a Juventus fez valer o papel assinado perante a FIFA e sucedeu o que todos sabemos. Culpas de Figo? Um jogador de futebol deve ser aconselhado nestes assuntos de contratos, Figo confiou em Veiga (sim, o Veiga que todos nós conhecemos…) e nunca acreditou que o Sporting apresentasse uma solução como viria a apresentar com o Parma. O maior culpado de toda esta situação vergonhosa foi Sousa Cintra e a sua incapacidade para gerir os egos e sentimentos dos jogadores da cantera, tratados então como produtos de segunda no que a ordenados dizia respeito. Passados todos estes anos é bom constatar que o clube aprendeu com os erros passados, mas é de lamentar saber que deixou sair o melhor jogador da sua história da forma como saiu, permitindo comentários depreciativos para o atleta, que não os merece, já que foi sempre exemplar em toda a sua história de leão ao peito.
9.3 – A saída de Barcelona
Após ser considerado como um símbolo na formação da Catalunha, em Julho de 2000, Figo protagoniza mais uma transferência polémica no seu percurso futebolístico ao mudar-se para o Real Madrid, eterno rival do Barcelona, facto que, ainda hoje, os adeptos do Barça não conseguiram aceitar.
Considerado um dos três melhores jogadores do mundo pela FIFA, o jogador português propôs ao Barcelona um aumento salarial de acordo como o seu novo estatuto, mas a sua proposta foi recusada pela direcção da equipa catalã. Nuñez, então presidente do Barça, foi prepotente, recusando cada tentativa de renegociação levada a cabo pelo empresário do jogador, dando inclusivé entrevista afirmando que o jogador tinha o contrato que merecia e que tinha assinado! Isto numa era (que hoje é ainda pior, inclusivé no Barça, onde Ronaldinho Gaúcho renegociou o seu contrato a cada nova finta…) onde é prática comum as renegociações de contrato, de modo a manter os jogadores satisfeitos, os adeptos tranquilos e os rivais à distância! É que é tudo tao claro e evidente que até Laporta, actual presidente do clube catalão, já reconheceu que com ele Figo nao teria saido!
Às 17h de 24 Julho de 2000 Luís Figo dava entrada na sala de troféus do Real Madrid, posando com a camisola número 10, ao lado de Alfredo Di Stefano. Passara a ser o mais caro jogador de todos os tempos e o centro da mais polémica e fascinante transferência mundial de sempre! Indiferente a tudo quanto se passou, Figo fez uma época espantosa. Não reclamou períodos de adaptação à cidade e ao clube ou aos novos companheiros. Apenas começou a jogar como se nada de anormal tivesse acontecido e o Real começou cedo a dar por bem empregue o dinheiro gasto na transferência.
No dia 21 de Oububro de 2000 Figo regressa ao Camp Nou para um momento único, o primeiro jogo efectuado em Barcelona com a camisola do grande rival. Mais de cem mil pessoas encheram o estádio para, escandalosamente, lincharem publicamente o jogador português, apelidando-o de pesetero e tentando agredi-lo durante o encontro. A força de carácter do jogador ficou bem patente na forma como nunca recuou nos seus intentos de marcar os pontapés de canto, mesmo quando era aconselhável que não o fizesse, assim como nunca ter-se refugiado ao longo do jogo longe da bola, pelo contrário, foram vários os jogadores que brilharam nessa noite somente porque conseguiam retirar a bola a Luís Figo, um deles, Puyol, nunca teria feito a carreira que fez se não fosse o carrasco das pernas de Figo em todo o jogo, um jogador banal e medíocre e que singrou desde essa noite como bom defesa central por entre essa gente mesquinha da Catalunha…
9.4 – A polémica da perda de prestígio na selecção nacional
Em meados de Novembro de 2002, já António Oliveira tinha abandonado o comando da selecção nacional há mais de quatro meses, passando o lugar a ser ocupado pelo interino Agostinho Oliveira, enquanto Gilberto Madaíl tardava em decidir o timoneiro que lideraria a selecção com o intuito de preparar a participação no Euro’04, de suprema importância nacional uma vez que se realizaria em Portugal! Após a desilusão do Mundial Coreia/Japão no Verão de 2002, onde se recriou um ambiente de estágio de elevada turbulência, apenas superado negativamente pelo vivido em Saltillo’86, Figo viu-se obrigado a ameaçar outra revolta de balneário se a FPF continuasse a mostrar-se insensível ao desejo de mudança transmitido por um conjunto de atletas que já não resumiam todas as questões a um problema de dinheiro como em 1986. Quatro meses após o Mundial do Oriente, Luis Figo aproveitou uma conferência de imprensa na véspera de um “amigável” em Gotemburgo para vetar um nome português como sucessor do interino Agostinho Oliveira, declinando responsabilizar-se pelo futuro da equipa no caso de permanecerem os critérios de admissão ao lugar de seleccionador. A frase que estalou o verniz dos anti-Figo foi “não venho à selecção para perder prestígio”! Acudam as donzelas virgens, então isto era frase que se dissesse? Realmente se havia alguém que perdia prestígio com todo o circo que se estava a montar para algum incompetente (Artur Jorge, Fernando Santos?) tomar de assalto (com benção papal…) o cargo de seleccionador esse era precisamente o único que teve coragem para afirmar aquilo que muitos outros pensavam! Luís Figo foi a voz da razão, a voz de muitos milhões de portugueses que exigiam uma pessoa capaz, independente e com provas dadas: Luís Felipe Scolari foi o escolhido com os resultados que todos conhecem. Não venceu títulos? Pensem apenas no que fariam os dois mentecaptos atrás mencionados, o murro na mesa de Figo foi um marco tremendamente importante para os quatro anos de sucessos que se seguiram.
9.5 – Confronto sobre os naturalizados
O percurso ao serviço da equipa das quinas foi brilhante, único quando comparado com todos os restantes portugueses que já tiveram a honra de vestir a camisola nacional. Faltou-lhe um título internacional por Portugal, como já anteriormente faltara a Eusébio, triste sina de um País periférico sem peso institucional nos centros de decisão da FIFA e UEFA. É assim tão importante os jogos de poder fora do relvado? Quem segue atentamente o fenómeno desportivo não tem dúvidas da veracidade desta interrogação! O não apuramento para o Mundial’98 é uma prova disso, a forma como fomos empurrados da final do Euro’2000 outra, a arbitragem manhosa na Coreia’02 outra, enfim, até o facto de organizarmos o Euro’04 e, em 7 jogos, não termos um único(!!) erro arbitral a nosso favor não deixa espaço para dúvidas: dificilmente Pelé ou Maradona seriam campeões mundiais se tivessem sido portugueses! Estou em crer que há-de chegar o dia em que a conjugação de talento, força, raça e sorte nos vai conduzir a uma grande vitória internacional, mesmo sem talentos individuais da grandeza de um Luís Figo, mas não podemos avaliar e criticar o trabalho deste grande português somente pelo facto de não ter carregado com a equipa até ao sucesso. Polémicas? Teve a sua quota parte, Figo teve sempre uma legião de anti adeptos que até na forma dele espirrar viam defeitos. Uma das críticas está relacionada com a forma como reagiu à naturalização de Deco. Podia assobiar para o lado, afinal nem era um concorrente directo para o seu lugar, mas assumiu a sua opinião sem receios nem subserviências. Figo é totalmente independente de qualquer poder obscuro que comanda o futebol nacional. E isso incomoda muita gente, sobretudo os que não possuem espinhal dorsal nem conhecem o sabor da liberdade. Figo é contra as naturalizações, assumindo à época que seria muito fácil jogar na selecção brasileira e ser campeão do mundo mas que nunca trocaria a selecção nacional por outra qualquer. Está no seu direito, é uma opinião válida e demonstra grande patriotismo. Esta forma de estar no desporto como na vida, directa e frontal, contrasta com a mesquinhez de quem está habituado a escutar a opinião do líder e depois repeti-la até à exaustão. Luís Figo não perdeu adeptos por assumir esta posição, os que já o criticavam mantiveram a cabeça enfiada na areia, os restantes confirmaram o Homem sem medo de assumir as suas posições.
9.6 – O regresso à selecção nacional após seis meses de “pré-reforma”
Em 2000 e 2001 não houve melhor futebolista no planeta e 2002 seria o ano da consagraçao na selecçao no Mundial da Coreia/Japao. Mas Deco lesionou Figo em Março desse ano, a 3 meses da competiçao. Seria mais fácil Figo abstrair-se dos compromissos do seu clube e focar-se somente em recuperar totalmente da lesão para estar ao mais alto nível na mais importante competiçao de futebol. Mas Figo não é assim, não pensa assim, é profissional de corpo e alma e a selecção pagou por isso. Em vez de parar 1 ou 2 meses para debelar completamente a lesao provocada por Deco, Figo nunca deixou de dar o seu contributo ao clube que lhe pagava principescamente todos os meses, demonstrando todo o seu profissionalismo e colocando o clube à frente do seu desejo pessoal de singrar no primeiro mundial em que participaria, a caminho dos 29 anos de idade. Muitos portugueses ainda o culpam pela péssima campanha da selecção e exigiram a sua saída da equipa nacional, desculpando os verdadeiros culpados, de treinador a planificador do estágio em Macau, mas Figo nunca se deixou afectar pela mesquinhez de um povo que não estava preparado para ter um compatriota seu como o melhor do Mundo, sem que a tradicional inveja à portuguesa se fizesse sentir. Muito deu à pátria Luís figo, para tão pouco receber. Após o Euro’04 Luís Figo perto de completar 32 anos de idade e com uma mudança drástica na carreira, saíndo de Espanha após dez anos de sucesso e entrando em Itália para jogar num Inter de Milão que andava há quinze anos atrás do sucesso, decidiu que era tempo de abdicar da selecção, embora tenha dito a Scolari e ao público que a sua decisão não era definitiva, se sentisse as suas capacidades intactas e se o seleccionador assim o desejasse, poderia retomar o seu lugar. O que sucedeu foi o esperado, Figo entrou a arrasar na serie A italiana, sendo eleito o melhor médio do campeonato desse ano, superando com sucesso uma nova etapa da carreira! Em Maio de 2005, com metade da fase de apuramento para o Mundial’06 cumprida, Luís Figo demonstra desejo de regressar à equipa que, verdadeiramente, nunca tinha abandonado. Novamente aqui d’El Rey por parte das alimárias do costume, alimentando a ideia que o português mais conhecido em todo o Planeta tinha feito como a cigarra, tocado viola durante o apuramento e desejando ocupar a vaga de um outro coitado que tinha deixado o coiro em campo! Mentira, mais uma a juntar ao rol das vigarices anti-Figo. O jogador português seria, naturalmente, convocado e participaria em metade desse apuramento! Por ter falhado a primeira parte desse apuramento, (seis jogos para ser mais exacto) para tentar o sucesso em Itália após época apagada no Real Madrid de Wanderley “O Asno” Luxemburgo, deveria ser punido, quando deixou sempre claro que era um hiato e não um adeus definitivo, deixando até desse modo espaço e oportunidade para outros jogadores ganharem o seu espaço na selecção. Mas, como todos se recordam, Luis Figo nunca foi substituído, entrou de caras na equipa e muita gente lamentou a sua ausência no Euro’08, onde a falta da sua liderança foi tremendamente sentida! Ironia do destino, que tem o hábito de servir como fiel da balança e desmontar as teorias dos arautos da verdade e dos costumes, Pepe naturalizou-se à pressa e participou somente num jogo de apuramento para o Euro’08, participando posteriormente nessa competição! Não se ouviu uma única voz dos críticos de Luís Figo, pudera, a mentalidade dessas criaturas consiste em aplicar as regras consoante as suas convicções, os seus interesses, os seus egos inchados.
9.7 – O instigador do Calcio Caos!
Luís Figo tinha poucos meses de Calcio mas a sua forma de estar no desporto, como na vida, não permitiriam que calasse a sua revolta ao assistir à pouca vergonha após derby entre Inter Milão e Juventus, onde o clube milânes foi escandalosamente prejudicado, acabando a Juve por triunfar (2-1), rumando a caminho do scudetto! Era conhecida nos meandros do futebol o poderio que a Juve e os seus dirigentes detinham no calcio, e as panelinhas de pressão que geriam com os seus amigalhaços do AC Milan, levando a um período de travessia do deserto do Inter que somava já 15 anos! O famoso sistema, que todos conhecemos e que não é invenção lusa. Nunca, nesse longo período de tempo, escutei palavras tão duras e violentas, sem temor nem respeito pela hierarquia estabelecida quanto as que Luís Figo proferiu: “Que fazia Luciano Moggi no balneário do árbitro antes do jogo? Em tantos anos de futebol nunca conheci ninguém como Moggi, não compreendo a forma irresponsável como age, como se fosse o grande chefe do futebol”. Assim, corajosamente, sem pudor, sem receios de processos em tribunais nem de julgamentos em praça pública (como viria a suceder, com Moggi e os seus comparsas a denegrir ao máximo o jogador português, Moggi chegou a afirmar “Quem assina contratos por diversão deveria estar calado”), Figo expôs a pouca vergonha instalada no podre Calcio ao futebol mundial, dando o corpo às balas por uma causa que poderia não ser a sua, afinal estava em Itália há pouco mais de seis meses e em fim de carreira! Mas Figo nunca foi comodista, nunca esteve num clube apenas com intenção de ganhar dinheiro sem lutar pela conquista de títulos, nunca calou a sua revolta quando alvo de injustiças. Transformado em ídolo pelos tiffosi, que o veneram, despoletou todo um processo que acabaria com Moggi condenado e a Juve na segunda divisão italiana, um herói para todos os adeptos que acreditam que o futebol tem de ser ganho dentro de campo pelo talento dos jogadores e astúcia dos treinadores. E, como em toda a sua carreira, Figo acabou por conquistar, pela sua capacidade de liderança e personalidade, a braçadeira de capitão. Mais uma, porventura a mais improvável, mas merecidíssima! Se o Inter é actualmente tetra campeão em muito deve à coragem de Luís Figo. E os tiffosi interistas, melhor do que ninguém, sabem-no.
10. As palavras de Mourinho, então treinador adjunto do FC Barcelona
Recordo aqui um texto que foi publicado no site Mais Futebol, numa época em que Mourinho era ainda, apenas, um dos treinadores adjuntos do Barcelona, a escassos meses de se tornar uma invenção de Vale e Azevedo para treinador da equipa principal do SL Benfica.
“Figo: a coragem dos grandes
26/2/2001
«Sou, desde há anos, um forte crítico do treino analítico e, como tal, resulta-me difícil separar e especificar as tradicionais componentes de um jogador de futebol. Onde começa e acaba o físico, o técnico, o táctico e o psicológico é uma questão cada vez mais démodée. O treino global envolvendo todas as vertentes referentes a um modelo de jogo ganha cada vez mais adeptos no «mundo metodológico».
No entanto, reconheço que para uma abordagem mais simplista e menos técnica, mais «futeboleira» e menos científica, falar-se nas componentes separadamente facilita a compreensão, a comparação e a análise específica.Falar-se de Luís Figo é, obviamente, falar-se do jogador por excelência, do homem que consegue, de forma harmoniosa, coexistir com toneladas de potencial e onde as qualidades técnico-tácticas-físicas-psicológicas cooperam com uma empatia quase única no futebol de hoje.
Centremo-nos agora na reabertura da Liga dos Campeões e no jogo de Madrid entre o Real e a Lazio. Quando os espanhóis possuem Hierro, Raúl, Roberto Carlos e companhia, e na hora de decidir com um só remate no último minuto, a directa qualificação para os quartos-de-final, é Figo o escolhido (?) para marcar o decisivo pontapé da marca de grande penalidade. Muitos pensarão no porquê da escolha.
Conheço o jogador de cinco anos de trabalho diário em comum e sei que a sua eficácia nessas acções não é esmagadora; sei da paixão dos goleadores como Raúl em tentar aproveitar essas oportunidades para aumentar as estatísticas que um dia o levarão a ultrapassar o mítico Alfredo di Stéfano como o maior goleador da história do Real Madrid. Obviamente que sei também que os líderes carismáticos como Fernando Hierro não gostam de perder oportunidades de mostrar ao mundo o seu status e personalidade. Naquelas horas muitos duvidam, alguns tremem, outros escondem-se. Luís Figo agarrou na bola com a convicção e a «arrogância» que fazem dele o melhor dos melhores.
Onde está a diferença? No campo psicológico. Os grandes têm coragem, são decididos, não têm medo de falhar, adoram a responsabilidade, divertem-se com o risco, assustam o stress e a pressão. Decididamente, o campo psicológico faz a diferença... ”
11. Josep Guardiola, o amigo catalão
No auge da sua carreira, no final do milénio passado, Luís Figo teve a sua vida retratada em livro pelo jornalista catalão Toni Frieros. Para autor do prefácio, Frieros escolheu Josep Guardiola, tido como o grande amigo de Figo em Barcelona. Aqui ficam as suas palavras.
“Viajo. A Praga. À Champions. Vou na frente. Como sempre. Bem, como quase sempre. Desta vez, não estás. Ficas na tua cidade adoptada que tanto amas, por causa dos cartões amarelos. Parecem amantes. É o único motivo que te impede de jogar. As lesões? Nem as conheces. O que manda não se atreve a dizer-te que não jogues. Das gripes estás imune. É assim dia após dia. Jogo a jogo. Não há maneira. E andas sempre a queixar-te. Estou cansado. Não chegarei à final. Não aguento este jogo. Mas já te conhecemos. Não nos preocupa que treines mal. Que no aquecimento digas que te dói tudo. Sabemos que quando o de preto nos dá autorização para jogar, tu estás sempre presente. Em Wembley ou Almeria. Estás sempre presente. Dizem os que jogaram com Maradona que o que mais admiravam nele não era o seu talento, o seu pé esquerdo, a sua beleza… Não, isso não era o que mais admiravam em Diego. O que os tornava fiéis a Diego era a sua valentia. Ali estava quando Deus desaparecia. Ali levantava a cabeça e gritava, quando os demais se calavam. Ali. Quando fazia de Maradona. Era amado. Venerado. Maradona fazia de Figo. Figo fazia de Maradona. Iguais. Valentes.
Continuamos viagem. Pergunto se sobrevoamos Vigo. Não, respondem-me. Foi nesta cidade que te vi pela primeira vez. Era em Espanha – Portugal. Não jogaste. Estaria o seleccionador doente? Não sei. Só sei que entraste no segundo tempo. Ias com o cabelo inapresentável. Não rimos com o Pitu quando olhamos para as tuas fotografias dessa época. Como Cristovão Colombo. Igual, igual a todos os teus companheiros de selecção portuguesa. Devia ser moda. Bom jogador não parecias, se queres que te diga. Muitas vezes somos classificados pela nossa aparência. Pois eu fiz o mesmo. E enganei-me. Primeiro erro. Sempre pensei que os que não jogam não são os bons. E tu não jogavas. Não devias ser dos bons. De facto, o seleccionador estaria com febre ou amnésico? E errei outra vez. O segundo e último erro. Não mais. Eras muito especial no teu jogo para que ele fosse totalmente cego. Ou equivocado. Jogaste como já te conhece o Camp Nou. Ágil. Desenvolto. Activo. Esperto. Inquieto. Bom. Muito bom. Ganhador. Valente. Sim. Como Maradona.”
12. Universo extra-futebol
Fora dos relvados, Figo aparece muitas vezes bem disposto acompanhado da sua esposa Helen Swedin, modelo sueca, que conheceu quando representava o Barcelona, e com quem se casou a 30 de Junho de 2001, no Algarve. Figo e Helen cultivam uma imagem do casal feliz sempre simpáticos para a comunicação social, surgindo por vezes acompanhados das suas três filhas, Daniela, Martina e Stella, mas o jogador luso evita a publicidade e a intromissão na sua vida pessoal.
12.1 – Figo, Marcas e Publicidade
Figo tem sido também a cara de muitas iniciativas publicitárias de empresas como a Coca-cola, Pepsi-Cola, Delta Cafés e Galp Energia, que têm associado a sua imagem ao atleta, que é considerado um símbolo de vitórias e que goza de um enorme prestígio junto do público. O seu aparecimento em várias campanhas de publicidade, suscitaram críticas por parte de pessoas ligadas à opinião pública, que já tinham feito comentários pouco favoráveis pelo facto de se ter transferido do Barcelona para o Real e Madrid. Em resposta aos comentários, Figo escreve num artigo publicado no jornal "Público", no dia 2 de Junho de 2002, que existem pessoas que o criticam por não terem «outra razão que não seja a falta de assunto». Relativamente às observações negativas por ter participado em diversas campanhas publicitárias, o jogador responde que não reconhece credibilidade aos que o criticam por dar a cara nessas campanhas uma vez que, as mesmas pessoas aparecem também como comentadores de vários assuntos em diferentes meios. Figo escreve no mesmo artigo que, esses críticos são «os que lemos de manhã num jornal diário a escrever sobre agricultura, que ouvimos poucas horas mais tarde na rádio a falar de política e à noite acabam numa das televisões a comentar o actual momento da RTP».
12.2 – A Dimensão Social
Para além dos negócios Figo é conhecido também pela sua faceta social e a 15 de Abril de 2002, numa cerimónia realizada no Centro Cultural de Belém, o jogador é nomeado embaixador do Comité Português para a Unicef. Em Maio de 2003, Figo criou uma fundação com o seu nome sem fins lucrativos, que tem como objectivo contribuir financeiramente para a angariação de condições e oportunidades para as crianças e adolescentes em situações desprotegidas. Para o futebolista, este foi um objectivo que há muito desejava concretizar, representando para si «uma ambição antiga e genuína», no sentido de ajudar os mais necessitados. Na cerimónia de inauguração, decorrida no Estádio do Bessa, recebe mais um elogio pelas suas acções, desta vez, do presidente do Boavista, João Loureiro, que afirmou que a criação da fundação tinha sido o golo mais bonito que o internacional português alguma vez tinha marcado. O jogador continua a estar ligado a iniciativas de âmbito humanitário e de 1 a 12 de Agosto de 2003, a convite da organização do Campeonato da Europa de Futebol da Deficiência Mental, apoia a organização do evento, decorrido em Aveiro, e os atletas que participaram no mesmo.
12.3 – Fundação Luís Figo
A Fundação Luís Figo é uma organização não governamental sem fins lucrativos, baseada nos valores, ideais, atitude e notoriedade do seu fundador, Luís Figo. A sua missão passa pela contribuição para a criação de condições e oportunidades para que todas as crianças e adolescentes, especialmente os mais desfavorecidos, possam desenvolver plenamente o seu potencial como pessoas e cidadãos através da prática desportiva.
A criação da Fundação Luís Figo associou-se à Laureus Sport for Good Foundation, de que é presidente o norte-americano Edwin Moses, duplo campeão olímpico dos 400 metros barreiras, que escreveu, no “site” oficial da sua instituição: “tenho a maior honra em que as duas Fundações trabalhem em conjunto”. Aliás, a Fundação Luís Figo pretende concretizar, numa primeira fase, oito projectos: o Luís Figo Cup, a Academia Luís Figo, o Projecto Team Portugal, o Projecto Esperança, o Projecto Ministério da Segurança Social e Casa Pia de Lisboa, a Introdução de Novas Tecnologias, o Super Atleta Galpenergia e o Projecto Luís Figo/Fundação Laureus.
A Confederação do Desporto de Portugal (CDP) distinguiu com o “Prémio de Alto Mérito Desportivo” a Fundação Luís Figo na “IX Gala Anual do Desporto da CDP”, realizada a 11 de Novembro de 2004, no Casino Estoril. O Prémio justifica-se pelo trabalho relevante que esta instituição tem vindo a desenvolver junto dos jovens, promovendo a prática desportiva, a integração social e ainda o apoio a potenciais talentos desportivos.
A Taça Luís Figo é uma organização do Ministério da Educação e da Fundação Luís Figo, destinada a alunos de todos os estabelecimentos de Educação, do 5º ao 12º Anos de Escolaridade (com Idades dos 10 aos 18 Anos). A Taça Luís Figo abrangerá as modalidades de: Andebol, Atletismo, Basquetebol, Voleibol, Ciclismo, Judo, Karting, Natação, Ténis e Triatlo. A Fundação Luís Figo entregará a cada escola admitida um conjunto de material desportivo. A Taça Luís Figo contará com uma grande Festa a nível Nacional, com representantes de escolas de todo o País.
12.4 – A Dimensão Empresarial
O nome de Luís Figo brilhou nos “sites” oficiais das empresas nacionais e multinacionais mais poderosas. A Coca-Cola e a Galpenergia são dois exemplos. A petrolífera portuguesa teve o exclusivo da imagem, durante cinco anos, visando aproveitar o prestígio que Luís Figo desfrutava em Espanha.
Além de ser um atleta de sucesso no futebol, Figo é também um homem de negócios, tendo já aberto uma cadeia de lojas de roupas com a marca Guess quando actuava no Barcelona. Actualmente o jogador do Real Madrid é também co-proprietário de um bar em Vilamoura com o nome "Se7e Café", nome escolhido por o 7 ser o número da sua camisola na Selecção Nacional.
Tal como se tem verificado com muitos futebolistas, nos últimos anos, o jogador português é também um homem da moda e referência de sucesso, tendo em Março de 2001, juntamente com a sua esposa, feito parte da capa do número de estreia da revista "GQ", destinada ao público masculino que se interessa pela moda e pela sua imagem pessoal.
Luís Figo é parco, nas revelações acerca do império financeiro que dirige e de que é o dono. Um ponto parece certo: em ordenados e publicidade, se é verdade o que noticia a revista Focus, ele aufere, em dinheiro antigo, dezasseis mil contos por dia! E acrescento com o que diz este semanário de grande informação: “Aos dois milhões e quatrocentos mil euros que Luís Figo factura mensalmente (480 mil contos) juntam-se as verbas obtidas pela ex-modelo profissional, que foi o rosto oficial da Vista Alegre, durante o Euro 2004”. E tudo isto acontece com o 10º classificado, na lista dos futebolistas mais bem pagos, que é liderada por David Beckam, Ronaldo e Zidane. Entretanto, exceptuando os “craques” que são pouquíssimos, são muitíssimos os jovens que fracassam, na profissão de futebolista. Destes ninguém fala. Ao invés de Luís Figo de que se fala tanto que nem deixa espaço para salientar as desilusões que também atravessam o mundo do futebol. Sou um admirador de Luís Figo, como extraordinário futebolista que é.
13. O fim da carreira, o nascimento de uma lenda
Ao longo dos anos, Luís Figo tornou-se numa das maiores vedetas do futebol a nível mundial, e a sua popularidade é tão grande em vários locais do globo que, em Abril de 2002, o então ministro da educação da África do Sul, Ignatius Jacobs, afirmou que o jogador era mais conhecido no seu país do que o próprio líder político.
O dia 31 de Maio de 2009 marcou a despedida de Luís Figo dos relvados, o palco onde brilhou e encantou. Aos 42 minutos, em pleno San Siro, foi substituído por Santon, um jovem que ainda não era nascido quando Figo se sagrou campeão mundial de juniores, recebendo uma imensa ovação. O estádio aplaudiu de pé por três arrepiantes minutos, e Mourinho a comover-se e a entrar em campo para abraçar Figo. O Meazza a aplaudir, de pé, em forma de reconhecimento, e Figo terá sentido que valeu a pena ter vivido tudo o que viveu! Obrigado grande campeão por teres feito sonhar um povo, e teres derrubado as barreiras da pequenez e tacanhez lusitana com uma bola de futebol… a minha gratidão por esses actos permanecerá para sempre.
Na hora da despedida Luís Figo relembrou a sua formação no Sporting. Numa carta aberta escreveu: "Vencer sempre foi o único e verdadeiro objectivo da minha carreira. Vencer sempre tudo o que podia, das peladinhas no treino ao campeonato, das taças aos troféus pessoais. E para vencer só conheci um caminho, o do sacrifício e do trabalho. Ensinaram-mo desde pequenino no Sporting e tudo aquilo que consegui jamais aconteceu por acaso, mas antes depois de tantos sacrifícios."
Luis Figo tem o temperamento do campeão feito de carácter, segurança, profissionalismo físico e inteligência, atleta que é um super homem indiferente ao assobio e ao insulto, mas também ao aplauso e ao elogio. Ainda mais importante no contexto geral do jogador em que se tornou é o desplante quase provocatório de criar duas ou três pérolas por jogo, obras primas que muitas das estrelas do futebol actual não se importariam de assinar uma por mês. Foi principalmente através dessa inexplicável banalização do génio que chegou ao pedestal onde se encontra comodamente instalado. O pedestal destinado aos melhores de todos os tempos. Se pudesse resumir numa só frase a carreira de Luis Figo escolheria algo como:
Figo, uma vedeta sem tiques de vedetismo