Revendo a Jornada 3

A jornada três do campeonato da impunidade demorou 16 dias a completar-se, entre os dias 1 e 16 de Setembro. Tal só sucedeu devido ao tradicional espirito de menino escuteiro do Sporting, que permitiu ao Marítimo descansar após a viagem aos confins da Europa para disputar a pré eliminatória da Liga Europa mas, sobretudo, devido ao facto do campeonato tuga ser tão amador, mas tão amador, que se dá ao luxo de fazer descansar as suas melhores equipas entre os jogos internacionais de seleções e o inicio das provas europeias, sobretudo da milionário Champions! Foi o único campeonato que parou no fim-de-semana de 15-16 de Setembro, sem nenhum motivo aparente, e a malta paineleira que pulula por tudo que é canto deste País comeu e calou, como se os príncipes milionários que dão pontapés na bola precisassem ainda mais de descanso. É o futebol que temos, felizmente graças à internet não é o único futebol que tenho…

Adiante. A jornada não trouxe grandes novidades nem resultados escandalosos. Iniciou-se com um empate arrancado a ferros pelo Guimarães no seu reduto frente a um combativo Estoril, que tarda em transformar em pontos o bom futebol praticado.

Seguiu-se uma vitória sofrida do FC Porto no estádio do Algarve (o campo do Olhanense não serve? Ou servirá somente para o Sporting? Enfim, o circo continua…) que aconteceu somente porque Vitor Pereira soube dar a mão à palmatória e lançou, ainda na primeira parte, a sua estrela colombiana. James Rodriguez só se senta no banco portista porque tem uma certa tendência para o relaxamento quando actua a titular, mas essas atitudes compete ao treinador educar e corrigir! Com James em campo o jogo mudou de feição, pese a excelente réplica dada pelos jogadores comandados por Sérgio Conceição, uma equipa que se tem superado neste início de época.

No domingo, 2 de Setembro, jogou-se o grosso da jornada, com os tradicionais empates entre equipas que vão lutando pelo pontinho, amealhando cedo para não sofrer mais tarde. Rio Ave vs Academica, Beira-Mar vs Moreirense e Gil Vicente vs V. Setubal terminaram praticamente como começaram, com um destaque especial para os gilistas, que em três jornadas são a antítese do objectivo do futebol, com eles em campo não há golos para ninguém, pena não existirem estatísticas para “queima de tempo”, em 180 minutos provavelmente os galos já devem somar uns 30 minutos…

Em Paços de Ferreira regressou uma personagem que, infelizmente, conheço bem: o Peseiro pós vitória categórica! Nem mais, assim que eliminaram a Udinese na pré eliminatória de entrada na Champions, pensei logo “este tipo no próximo jogo não ganha!”. Afinal de contas foram 14 meses a aturá-lo no meu Sporting, e passados 7 anos sem nenhum destaque positivo na carreira, não tinha motivos para pensar que Peseiro teria alterado o que quer que fosse no seu estilo. Derrota bracarense sem apelo nem agravo, desculpabilização com o jogo da Udinese, um classicismo peseiriano. Aguentem-se minhotos, o Salvador escolheu, está escolhido!

Na Luz, Benfica e Nacional protagonizaram um jogo interessante com um final que não demonstra as reais dificuldades protagonizadas pelos nacionalistas da Madeira, sobretudo na primeira parte. Destacou-se uma exibição de nível elevado do argentino (engraçado era se fosse de um português no Benfica…) Sálvio, que em Espanha junto aos grandes jogadores se eclipsa mas no recreio dos infantis que é o futebol português se agiganta. De mal o menos, poderia vir para cá passear, ao menos justifica o que ganha, mas está visto não ter categoria para mais do que o Benfica, e nos tempos que correm isso, seguramente, não é nenhum elogio, a década de 60 já leva 50 anos de distância…

A jornada conclui-se com um empate no Funchal, entre Maritimo e Sporting. Após duas primeiras jornadas em que Sá Pinto moldou a equipa para um futebol com pouca arte e nenhum tempero, não seria de esperar que fosse precisamente frente a um Maritimo que faz do seu reduto um bunker inexpugnável que fosse bem sucedido. E, apesar de tudo, notou-se melhorias no futebol leonino, provavelmente devido à presença de Izmailov a coordenar as acções ofensivas da equipa. Num jogo equilibrado, que fica marcado por um erro grosseiro de arbitragem (o remate de Capel é parado pelo GR maritimista já dentro da baliza, situação que provocaria o 2-0 para os leões e o fim do jogo!) o Sporting manteve-se sem ganhar na prova, deixando os seus adeptos a questionar se será Sá Pinto capaz de extrair do plantel todo o seu talento que, a olho nu, parece evidente existir! 

PRÉMIO CRAQUE DA SEMANA

Esta semana o craque é, tal como na jornada 2, escolhido pela positiva. E dois nomes se destacaram, Sálvio e James Rodriguez, mas como o colombiano saltou do banco para virar um jogo que estava a descambar para o seu clube, creio ser de inteira justiça eleger James como o craque da jornada. 

PRÉMIO IDIOTA DA SEMANA

O idiota desta semana já merecia há muito tempo uma distinção deste género e chama-se Nelson Puga. Não, não é presidente de clube, nem treinador, arbitro ou jogador. O sujeito é, pasme-se, médico! Mais precisamente médico do FC Porto. "O doutor é um grande portista", disse Sérgio Conceição no final do encontro entre Olhanense e FC Porto, explicando a acesa discussão que teve precisamente com elementos portistas entre eles o tal médico, no final do encontro. O que eu sei, e quem não é cego nem idiota também sabe, é que este médico é um incendiário sentado no banco de suplentes portista, com comportamentos nada edificantes para a classe que representa e com uma arrogância própria de quem se julga impune e protegido. É lamentável para o clube portista que teve, em tempos não muito idos, uma homem de uma grandeza rara como o Doutor Domingos Gomes (que muito prezo e tenho o prazer de conhecer por intermédio de familiares) tenha nessa posição um troglodita que se manifesta no banco como um palhaço no circo e insulta os adversários com vernáculo próprio de taberneiro! Um grande idiota que já merecia prémio, aqui o tens Puga, enfia-o onde bem entenderes! 

PRÉMIO PENSAMENTO CRETINO

Quando o campeonato português é abençoado com uma besta como Jorge Jesus, é inevitável olhar para ele e escutar as suas pérolas, sobretudo se o objectivo for encontrar pensamentos cretinos. Acho que a vitória na final deste prémio tem um vencedor antecipado, a menos que o dito cujo seja despedido pelo Natal, espero que não, é uma delicia ouvi-lo!

O que disse Jorge Jesus para merecer o meu destaque. Tão só isto:

"Disse aos jogadores que nem sempre temos de estar a ganhar por dois ou três zero ao intervalo."

Num jogo muito mais complicado do que o resultado final traduz, numa primeira parte de equilibrio e num campeonato onde só muito raramente uma equipa chega ao intervalo com 2 de avanço, quanto mais 3 (deve pensar que Amoreirinhas estão por toda a parte...), é de uma prepotência à Jorge Jesus (sim, ele merece esse destaque) achar-se no direito de proferir tamanha barbaridade, nem no balneário quanto mais, no fim do jogo, aos jornalistas! Mas é assim Jorge Jesus, e é por isso que o Tribunal do Futebol te adora!