Asno d'Ouro 2008

A tradição é recente mas não a poderia deixar definhar; seguem em seguida os meus candidatos a asnos d'ouro de 2008. Haveriam mais, no futebol português o que não falta mesmo são asnos, mas estes 5 são a nata que merece destaque.

1. Bruto Alves

Bruno Alves é um defesa central. Como qualquer central que equipa de azul e branco em Portugal, encontra-se sobrevalorizado. É um hábito nacional, ao que consta extremos só os de Alvalade e centrais só os do Porto. Conceito sem base de sustentação, como é óbvio. Comparar Futre, Figo, Simão, Quaresma, CR7 aos centrais portistas, quer em sucesso quer em afirmação mundial, só de quem não jogue com o baralho completo. Infelizmente não faltam por aí tontos e tolos, mas eu sou mais defensor das causas como os animais abandonados do que defensor da protecção dos tolos encartados. Adiante, regresse-se ao Alves, o Bruto.

Alves tem um certo jeito, não se lhe negue isso ao rapazote. Provavelmente se emigrasse pros States e tentasse carreira no WWF teria o consenso e admiração de todos os tugas. E para nicknames não faltam ideias nem imaginação: Alves, the Nutcraker, Bruit Alves ou, por exemplo, vestindo a pele do novo Undertaker, é só comprar gabardine à medida! Seja como fôr enviem-no para bem longe do futebol português. Eu agradeço, e seguramente o Moutinho, Mbamba e o Sougou, só para enumerar os infelizes das fotos, agradecem igualmente. Até a Amélia, presenteado com um coice e uma cabeçada, agradecerá igualmente.

Jogadores viris e que passam das marcas não são raros, todos os clubes já tiveram no seu plantel um ou mais exemplares. Não é isso que se encontra em julgamento. A vergonha, a pouca vergonha, é o branqueamento que é feito, às claras, da brutalidade e desrespeito por toda e qualquer regra com que o Alves nos brinda, todas as semanas! Os seus desejos sanguinários, qual vampiro, são satisfeitos nos corpos indefesos dos adversários, com a complacência dos quartetos de arbitragens (sim, o quatro árbitro está láa fazer o quê, também não vê?!?) e das comissões disciplinares que, mesmo com as repetições das tvs, o mantêm longe, bem longe, de todo e qualquer processo sumaríssimo! Pergunto eu: até quando? Será preciso partir quantas pernas? Cabeças? Costelas? Vertebras? Canelas? Pés? Sim, porque ele bate em qualquer lado, nesse aspecto é tremendamente democrático.

O video apresentado não deixa dúvidas: essas tretas da campanha anti Bruto Alves são desculpas para manter à solta um bárbaro sem respeito pelos adversários. Até quando continuará a impunidade? E, para cúmulo dos cúmulos, este animal ainda só viu um cartão esta época! Portugal no seu melhor…

2. PC

O ano de 2008 trouxe-o, finalmente, às instalações da PJ, às salas dos tribunais e à condenação por actos de corrupção. Apenas a ponta do icebergue, num País civilizado os casos que se conhecem, inclusivé os extra-futebol, há muito que o teriam colocado atrás das grades, mas ainda assim foi um marco para todos os portugueses com sentido de justiça e fartos das finas ironias dos vigaristas que se julgam superiores a tudo e todos. A forma desesperada como apela ao divino para condenar os que o tentam levar perante a justiça é o desespero de um condenado. No entanto não faltaram pareceres jurídicos dos seus amiguinhos e companheiros de alterne, tentando a todo o custo anular as escutas telefónicas, esquecendo que a opinião pública não se interessa pela validade jurídica das mesmas mas sim pelo seu conteúdo! Dois mil e oito confirma aquilo que muitos milhões davam como certo: PC é corrupto, PC é vigarista, PC é um rato nojento que deveria ser abatido para bem da saúde pública! E fico-me por aqui para não me irritar.


3. Amélia Gomes

A bandolette girl aproxima-se do final de uma carreira que, tenho de reconhecer, teve um marketing fantástico. Autêntico kunami futebolístico, um jogador que manteve sempre a aura de solução quando a realidade, nua e crua, mostra que falhou por completo enquanto ponta de lança efectivo, dos que marcam e decidem jogos, não dos que marcam e mantêm uma bela estatística à conta de golos em jogos que nada decidem e marcações de ponto em goleadas, ao estilo dos 6-0 na Madeira, mais dois para a conta pessoal. Foi assim a Amélia em toda a sua carreira, descontando as excepções raríssimas que apenas serviriam para validar esta regra dourada!

Mas nem é por isso que o nomeio como candidato a asno do ano. Sim pelo seu oportunismo, pela falta de carácter e pela constante preocupação pelo seu umbigo. É de estranhar o facto de, sempre que o Benfica joga mal, e em 2008 isso correspondeu a mais de 75% dos jogos efectuados, a Amélia dar sempre a cara em defesa dessas mesmas críticas, reconhecendo que a equipa esteve mal e que tinha de melhorar? Nunca, logicamente, falando em nome pessoal, isso seria preciso ter cojones! Não, é a equipa, no sentido lato, são todos e não é ninguém. Sempre prestável, como escudeiro do Rui Costa, sempre a tentar acalmar os otários adeptos, que vêem nele um exemplo. Pois aqui ficam os números deste exemplo que, inteligentemente, se está já a fazer ao lugar de coadjuvante de Rui Costa, de fato e gravata, para amealhar mais uns milhões a fazer que faz.

Em 2008 a Amélia facturou, na Luz, 2 milhões de euros em salários, fora outros rendimentos que apenas dizem respeito aos dirigentes lampiões. Rendimento como ponta de lança nos 365 dias do ano: 8 golos! Meus caros, a menina faz-se cara, é de luxo segundo o critério de alguns, por golo cobrou 250 mil euros, 50 mil contos! Preços destes nem a Soraia do Call Girl, mas gostos não se discutem, afinal a Amélia é adorada e glorificada pela massa anónima de adeptos lampiões, vá-se lá perceber os fetiches de cada um…

4. Professor Donuts

Carlos Queirós tinha um futuro brilhante e promissor em 1991. Em 1993, após a desilusão da qualificação falhada para o Mundial dos States, a sua aura diminuiu mas não se apagou, afinal tinha jogado a qualificação com o final de uma geração que vivia dos lampejos de talento e vedetismo de Futre e Rui Barros. No entanto a forma arrogante como não soube digerir a derrota frente à Itália custou-lhe a continuação no cargo, já com os seus meninos em crescendo, com o apuramento para o Euro’96 como objectivo. Como se provou com o seu sucessor, o inenarrável Oliveirinha, a papinha estava feita e era só colher os frutos do seu trabalho. Queirós preferiu seguir os cantos de sereia lançados por Sousa Cintra, presidente do Sporting à altura, e aceitou treinar uma equipa leonina recheada de jovens talentos que o professor tinha lançado. Nada mais natural que treinar Figo, Peixe, Paulo Torres, Paulo Sousa, entre outros, que o treinador conhecia profundamente. Assim pensaram os sportinguistas, crentes que o professor para além de um excelente formador também possuia qualidades a nível técnico, e sobretudo a “ler” um jogo sentado no banco. Foi o início de uma bela ilusão que culminou nos ridículos 3-6 que custou um título que demoraria mais 6 anos a chegar. A forma infantil e nojenta como, mais uma vez, o professor sacudiu as culpas da gabardine, acusando todos os outros pelos seus falhanços, queimando inclusivé a carreira do melhor defesa esquerdo nacional que vi actuar até aos dias de hoje (Paulo Torres!) foi a prova que sobrava para o caracterizar como treinador: uma bosta! E assim foi, saiu a pontapé do meu Sporting, já tarde e a más horas, foi corrido por todos os clubes por onde passou, sempre com a aúrea dos dois títulos mundiais de juniores, e acabou por encontrar o refúgio dourado como adjunto de um, este sim, excelente treinador. Alex Ferguson, que tinha iniciado a carreira de sucesso lançando os Ferguson Babies pouco após de Queiros ter alcançado o sucesso em Lisboa’91, precisava de lançar uma nova geração de babies e lembrou-se de Queiros. Por muito que os queirosianos dourem a pilula, nunca em tempo algum Queiros foi escolhido para substituir Ferguson no ManUnited, nem sequer para ser opinion maker do escocês durante os jogos. Queiros foi fazer aquilo que de facto sabe fazer e bem: treinar, somente treinar, sem pressão dos jogos e muito menos a pressão de decidir durante os mesmos! Fui um dos iludidos em 94 mas não precisei de mais 15 anos para entender o que vale Queiros; infelizmente os nossos dirigentes federativos, quais Jorge Valdano’s e Florentino Perez’s, caíram no conto do vigário e escolheram-no para enterrar uma década de sucesso da selecção das quinas!

Obviamente que Queiros continua igual a si próprio, já culpou Scolari por todos os defeitos e mais algum, desde o facto de não o contactar para falar da selecção (say what?) até ao facto de não ter renovado a mesma! Ao menos o professor é fiel a si próprio, rídiculo como sempre mas fiel a si mesmo. Então a selecção que em Junho de 2008 tinha a obrigação de ser campeã europeia… passados 3 meses era velha e devia ter sido renovada? A selecção é precisamente a mesma, com a excepção de Petit, os resultados é que começaram a recordar-nos maus velhos tempos e a calculadora lá teve de sair do baú. Lamento mas não vejo a selecção treinada por Queiros conseguir os mínimos, ou seja, a qualificação para o Mundial. É que, ao contrário do que era exigido ao Scolari, a Queiros os padrões de exigência desceram ao nível mais baixo, apenas e só a qualificação. Alguém acredita que ele a consiga?

5. LF Cocas

O último candidato a asno d’ouro 2008 é uma ave rara do futebol português, o único sócio dos 3 grandes de que há conhecimento, obviamente o famoso cocas. A saúde tramou-o, agora já nem pode ver jogos ao vivo nem pela tv, mas essa não é uma grande preocupação para um dirigente, se fosse treinador o caso mudava de figura mas a um dirigente só se pede que dirija um clube correctamente ao longo de cada semana… durante os 90 minutos de cada jogo é apenas mais um adepto. Sendo assim nem a desculpa da saúde, ou falta dela, o pode desculpabilizar. O que trama o Cocas é, nem mais nem menos, os 50 milhões de euros investidos nos últimos 2 anos para um total de zero títulos! De Agosto 2007 até ao momento nem a Taça Guadiana entrou no museu do clube! É certo que andou a passear as medalhas olímpicas pelo estádio, mas isso interessa tanto aos lampiões quanto cremes de bronzear na Finlândia! No entanto, pese embora esta sucessão de fracassos, a sua entourage mantém-no extremamente bem cotado entre os adeptos, que em vez de procurarem saber quem pagará tais compras e salários... preocupa-se isso sim em lançar campanhas de vitimização, como se o facto do Di Maria não passar a bola aos colegas, o Aimar passar o tempo lesionado e o Suazo marcar metade dos golos do Cardozo e jogar o dobro do tempo do paraguaio não fossem, esses sim, motivos mais que suficientes para as exibições franciscanas! Assim não admira o Cocas fazer o que bem entende e ninguém lhe pedir resultados... a nação lampiã está cega pelo sucesso que, qual D.Sebastião, tarda em aparecer.