Recordar Thomas Hassler

Thomas Hassler (Thomas Häßler no original, nunca entendi essa mania de traduzir nomes, mas foi como Hassler que me recordo dele…) foi um dos médios centro criativos da década de 90 do século XX. Excelente capacidade técnica, exímio marcador de livres directos, driblador desconcertante nas alas, assistindo e finalizando com a mesma facilidade. Quem se recorda dele dificilmente o associaria à camisola germânica mas é uma realidade, a par dos compatriotas Pierre Littbarski, Andreas Moller, Stefen Effenberg e Mario Basler foi um dos expoentes de uma era onde a selecção alemã era temida e admirada, grande favorita à vitória nas competições mundiais. As vitórias em 1990 e 1996, as finais de 1986 e 1992 e as meias finais de 1988 confirmam esse estatuto.

Thomas Hassler iniciou a carreira no modesto Colónia, alcançando ainda assim dois vices-campeonatos em 1989 e 1990. Um prenúncio do que seria a sua carreira, uma vez que nunca conseguiu alcançar um título colectivo com uma equipa, somando aos vices campeonatos alemães uma final da Taça Uefa em 1986, uma final da Copa de Itália em 1993 pela AS Roma e uma final da Taça da Alemanha em 1996 pelo Karlsruher. Já ao serviço da selecção da RFA e mais tarde da Alemanha reunificada o caso muda de figura: campeão mundial em Itália (1990) e campeão europeu em Inglaterra (1996). Mas a sua carreira teria inevitavelmente de ficar marcada pelos vices lugares, a melhor campanha da sua carreira foi conseguida no Europeu da Suécia em 1992, onde protagonizou alguns dos melhores momentos da sua carreira e onde efectuou exibições que lhe valeriam, no final desse ano, o 3º lugar do FIFA World Player of The Year. O que falhou para alcançar o topo? Não ter surgido pela frente uma surpreendente Dinamarca e um soberbo Peter Schmeichel, obstáculos à consagração de Thomas Hassler como melhor jogador do planeta do já distante ano de 1992. Ficou no entanto na memória dos adeptos do bom futebol, esses não esquecem jamais aqueles que os encantaram com jogadas dignas de perdurarem no tempo. E a prova (mais uma) de que o tamanho de um atleta não é, definitivamente, um obstáculo à sua elevação ao top mundial.