E porque hoje é Domingo...

Passei os últimos dias a assistir a diversos acontecimentos que mereceriam a atenção do blog e, embora possam já não ser novidades, como hoje é Domingo, não faz mal a ninguém recordá-los. Aqui vamos nós.

1. Fintas de Nani

Vi o jogo e nem prestei muita importância ao lance. Mas com a polémica surgida ao longo da semana, não posso deixar de estar ao lado de Nani e contra os jogadores do Arsenal, Gallas e Flamini especialmente, e contra Wenger e Ferguson. Condenar o espectáculo dado por Nani e absolver os cretinos que, perante a humilhação, decidiram fazer justiça nas pernas de Nani, é uma estupidez. A essência do jogo é o espectáculo. A clubite é que faz desejar a vitória acima de qualquer coisa, mas o futebol não é uma guerra, bairro contra bairro, cidade contra cidade, País contra País. Tem de existir fair-play, mas Nani não simulou um penalti, não seguiu uma jogada com um adversário prostado no chão lesionado, Nani fez o que fazia Garrincha, o rei da finta, o ídolo do povo brasileiro que rivalizava com Pelé em popularidade! Coitado do Garrincha em Inglaterra, teria as pernas amputadas! E Garrincha, ao contrário de Nani, era um craque na finta, um driblador por excelência, que fazia questão de voltar atrás e fintar o mesmo jogador apenas porque não gostou da primeira finta! Que falta fazem Garrinchas no futebol actual, estou farto do ponta de lança que também defende, dos extremos assobiados por não ajudarem na defesa, dos três trincos a meio campo, enfim, dos sistemas que a Itália, limitada tecnicamente na imaginação do individual, impôs ao Mundo!

2. Ronaldo Nazário de Lima

Ronaldo, eleito aos 20 anos pelos habitualmente palermas meios de comunicação da Catalunha, como o novo Pelé, voltou a tombar. Falta saber se o jogador que mais vezes viajou entre o Olimpo e o Inferno, terá forças para regressar. Verdade seja dita que Ronaldo é culpado de grande parte do que sucedeu na sua carreira. O seu afamado gosto pelas noitadas, pela borga, pelos prazeres da vida, cedo o impossibilitaram de alcançar tudo o que estaria ao seu alcance. Junte-se a isso a traição ao Inter de Milão, que durante mais de dois anos pagou salários principescos a um jogador que se encontrava lesionado, e que o viu sair após o fantástico Mundial de 2002 para os galáctivos de Madrid, e não há muita vontade de sentir amizade e carinho pelo brasileiro. Aliás, Ronaldo conseguiu esse feito, de ser amado e idolatrado por milhões e acabar por ser alvo de chacota pelo seu peso, penteados e maus hábitos. Mas, os números não mentem, os golos que marcou no Mundial 2006, mesmo sendo “El Gordo” envergonham as estrelas de então, Ronaldinho, Kaká e Robinho, que juntos não marcaram tantos! E, mesmo assim, foi criticado e apontado como um dos culpados! Enfim, Ronaldo semeou o que colheu, fama não lhe faltou, dinheiro muito menos, mas ver o seu esgar de dor após nova lesão grave, não pude evitar pensar no menino que acompanhava Luis Figo e Bobby Robson, na grande equipa de Barcelona em 1997! O novo Pelé será sempre um dos símbolos do atravessar do milénio, mas nunca estará num top ten de todos os tempos. A culpa? Mesmo com as lesões, a culpa será sempre de Ronaldo que desperdiçou o talento que Deus lhe deu. Agora, aos 31 anos, mesmo que recupere, nunca mais será o Ronaldo do imaginário dos adeptos de futebol, um jogador explosivo, inteligente, vibrante, criativo e goleador. Mas, mais que as palavras, as imagens video falam por si.

3. Taça das Nações Africanas

A CAN acabou com um vencedor surpresa, apesar de ser somente o País com mais vitórias na prova, a selecção egipcia. Mas sem qualquer craque a nível mundial (o único, Mido, é um vagabundo que anda pelas noites de Vigo, as mesmas que apaixonaram Benny) não era crível que superasse a super favorita Costa de Marfim, ou mesmo os anfitriões Gana ou os Camarões. Ter Drogba, Etoo, Essien não é o mesmo que ter Aboutrika. Abouquê? Mas a força do colectiva prevaleceu sobre as individualidades, disseram os experts. Bem, eu não sou expert, mas não vejo como o colectivo do Egipto é superior ao colectivo da Costa de Marfim. Nunca, em algum momento. A Costa do Marfim está longe de ser Didier Drogba e mais 10. Agora há que ter em atenção um factor importante. Talvez dois. O primeiro é a forma como o Egipto encara a prova. Para eles é melhor vencê-la do que apurar-se para o Mundial. E tanto assim é que viu-se em 2006! E os jogadores, melhor que ninguém, sabem-no bem. O segundo factor, decisivo talvez, reside no facto dos marfinenses, assim como ganeses, camaroneses e nigerianos, por exemplo, terem a esmagadora maioria dos seus jogadores envolvidos nas ligas europeias. Ora, se no Egipto tiveram o campeonato parado por 2 meses para preparar a prova e dar descanso aos jogadores, o mesmo não sucedeu aos outros. E, sejamos sérios, se para o Aboutrika e o Akhmed vencer a CAN é o ponto alto da época, para Etoo, Drogba e Essien, os líderes de Camarões, Costa do Marfim e Gana, o ponto alto passa por vencer a Champions League, a Liga Espanhola ou a Inglesa. Contas feitas, falar em jogo colectivo dos egipcios para justificar a sua supremacia é bastante limitado. Ou alguém acredita que um jogador africano de topo se aplicou ao máximo na prova, correndo o risco de se lesionar e perder os jogos realmente importantes na Europa? Talvez os ganeses, porque jogavam em casa. E nem por esses coloco a mão no fogo…

4. Homenagem a Di Stefano

Alfredo di Stefano, que entra em qualquer lista de jogadores top ten de todos os tempos, completou 81 anos e foi homenageado pelo clube que ele fez com que fosse eleito o melhor do século passado. Sim, sem a sua contribuição, muito dificilmente o Real Madrid teria conquistado 5 Taças dos Campeões Europeus consecutivas e chegado, justamente, ao topo dos clubes do século XX. Como tal foi justissima a homenagem prestada pelo clube. A essa homenagem compareceram grandes nomes do futebol mundial, a título individual ou em representação clubistica, como foi o caso dos representantes de Benfica e Sporting, no caso através de Miguel Salema Garção. A minha pergunta fica: onde estava Baía? A dar entrevistas sobre Gelserkichen? Ou a cuspir veneno sobre a selecção? Não é ele o representante portista nesta àrea? Ou só serve para falar de sorteios da Taça? É por estas e por outras que o epíteto “clube de bairro” não descola, nem com tantos títulos com sabor a rebuçados de fruta. Olha que se fosse para homenagear algum ex-arbitro as altas patentes portistas até se acotevelavam…

5. World Press Photo

Um português conseguiu um prémio nesta arte que tanto aprecio, a fotografia. E não foi um prémio qualquer, ao estilo dragão de ouro (fatela), mas sim na Categoria Desporto da prestigiada World Press Photo. O premiado, com o 3º lugar, foi o fotojornalista do jornal Record, Miguel Barreira. Os meus parabéns, a foto vale mais que mil palavras, resta-me situá-la: o pobre coitado que deve ter suspirado por um par de asas chama-se Jaime Jesus, é um bodyboarder de 20 anos, da Figueira da Foz e, no momento eternizado, encontra-se a cair de uma onda de quatro metros na Praia do Norte, na Nazaré. Este, ao contrário de outros, sobretudo pescadores, tem uma foto para provar a sua história!

6. Tomas Kona e Milton Caraglio

E agora, especialmente para o Autor, sobretudo porque é um apaixonado pelas capas dos jornais, não desperdiçando uma oportunidade para lhes dar destaque no blog, aqui fica um passatempo: imagina tu que o glorioso contrata para a próxima época a dupla de médios Tomas Kona, eslovaco que alinha no Sparta de Praga e Milton Caraglio, argentino e ex-colega de Di Maria no Rosario Central! Diz-me tu Autor, que diriam os jornais sobre um meio campo com Kona e Caraglio?

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PS:

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E, para fim de festa, até porque hoje não é um Domingo qualquer, mas sim um Domingo de Oscares, aqui ficam os meus palpites para as categorias principais:

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Melhor Filme: Este País não é Para Velhos

Melhor Realizador: Irmãos Cohen (Este País não é para Velhos)

Melhor Actor: Daniel Day-Lewis (Haverá Sangue), muito embora Depp já mereça um Oscar!

Melhor Actriz: Cate Blanchett (Elizabeth: A Idade de Ouro)