O Porto na Champions League!

O FC Porto-Fenerbahçe foi um daqueles jogos com uma curva apertada que podia ter dado em desastre, porque ninguém teria dado por ela. Nos primeiros 25 minutos, Jesualdo pavoneou - com razão - a equipa que andou a treinar nestas últimas três semanas e parecia que estava numa recta. Os dois golos aos 13 minutos nem sequer eram os únicos sinais disso. Mas depois os turcos marcaram, o treino esgotou-se e as dores de crescimento voltaram em força.
A primeira nota da noite: Jesualdo voltou a preferir Fernando para as traseiras do meio-campo. Mandaria o preconceito que se visse nessa escolha a opção pela segurança, mas o jogo mostraria que nem a segurança era descabida nem Fernando contrastava, pelo contrário. Foi a melhor porta dos fundos ou escada de incêndio possível para a bela movimentação de bola e jogadores que o FC Porto aguentou durante 25 minutos.
De Fernando em diante, as posições foram, nesse período, apenas um ponto de partida para as trocas ininterruptas que funcionaram quase instantaneamente. O propósito era deslocar o meio-campo mais denso dos turcos e a verdade é que nem chegou a dar-se pela densidade. Lisandro marcou o oitavo golo na Liga dos Campeões; Lucho, que ficava atrás com apenas sete, deixou-o sentir-se importante durante 120 segundos e fez o oitavo dele também.
O romance acabou aqui. Para não ser desagradável com o “irmão”, Lisandro não quis marcar outro logo a seguir. Não tinha importância. O Fenerbahçe talvez tivesse ficado em Istambul, perdido nas discussões sobre o estado clínico de Luis Aragonés, porque no campo não estava. Até que passou a estar, de repente: num momento, os turcos estavam abúlicos; no outro, marcavam um golo daqueles que destroçam. Sapunaru repete o fracasso diante de um extremo - reconfirmando que, enquanto toda a gente olha para Benítez, tem sido ele o lateral mais frágil do FC Porto -; depois, Bruno Alves (aparentemente, ele) aceita o cabeceamento de Alex; a seguir, Benítez esquece Guiza e, por último, Helton defende mal o poste. Demasiados erros, verdadeiros ou potenciais, em simultâneo.
Tanto o FC Porto como o Fenerbahçe são equipas prematuras, ainda com muito que aprender, principalmente sobre si próprias. Enquanto os turcos percebiam que eram capazes de mais qualquer coisa no ataque, o tricampeão português assustava-se com as fraquezas que descobria. Não recuperou os movimentos trabalhados daquele primeiro terço do jogo, nem sequer a energia para os tentar. Os jogadores foram-se fixando, preocupados com outros dramas - como o de Sapunaru, sempre aflito - e os turcos crescendo. Por coincidência (pois...), Roberto Carlos, que antes só se vira quando fintado por Rodríguez, caiu de rompante no jogo, multiplicando cruzamentos. Que o FC Porto nem resolvia bem, nem conseguia controlar à partida, secando o brasileiro. Uma pista para o futuro, entre outras: há equipas pela frente bem melhores nessa matéria do que o Fenerbahçe.

POOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORRRRRRRRRRRRRTOOO

Fonte: Ojogo