Antes de entrar no assunto que me levou a escrever este post, vou relembrar que o prémio é referente, não ao ano civil (2008), mas sim à temporada (2007/08), ou seja, os títulos que os jogadores conquistaram em Maio passado (ligas nacionais e/ou europeias) e não somente os títulos de selecções, obviamente disputados em torneios de 3 semanas, logo não sujeitos a atravessar mais do que um ano civil. Isto é claro para todos.
Sendo assim, quando se diz, por exemplo, que determinado jogador “só” jogou formidavelmente bem até Maio, deixando, entre-linhas, sub-entendido que se está a referir ao período entre Janeiro e Maio, cai-se num erro de julgamente brutal! Não é só até Maio, é de Agosto de 2007 a Maio de 2008. Até porque, tirando as tais provas de selecções nacionais, nada, absolutamente nada, se decide entre Agosto e Dezembro! Obviamente que isso não implique que um jogador se abstraia de cumprir com as suas funções, mas todo o jogador que se destaque de Outubro a Dezembro está, isso sim, a lançar a sua candidatura ao prémio do ano seguinte. Novamente, penso que é evidente para todos.
O futebol como se sabe é um desporto colectivo. Não implica que a individualidade não seja destacada (e estes prémios são prova disso mesmo), mas são os prémios obtidos colectivamente que mais peso terão na hora de escolher o melhor do ano, ou seja, o melhor do Mundo! Títulos como os campeonatos de Inglaterra, Espanha e Itália têm sempre enorme peso; a Taça de Inglaterra para embelezar o currículo também não vai nada mal; as competições europeias, com a Champions à cabeça, são determinantes, assim como os títulos de campeão europeu e mundial de selecções. Em plano inferior, sobretudo devido ao êxodo sul americano em direcção à Europa, estão a Taça Libertadores e a Copa América. E, como é do conhecimentos de todos nós, estas provas não se ganham só com o talento de um jogador. O único perto desse feito foi Diego Maradona no México’86 e nos títulos italianos com o Nápoles, razão mais do que suficiente para ser o melhor de todos os tempos, afinal Pelé sempre teve uma excelente guarda de honra na selecção brasileira e nunca actuou nos grandes palcos europeus.
Posto isto vamos ao essencial. Há uma série de detractores de Cristiano Ronaldo em Portugal, prova que realmente somos um povo invejoso do sucesso dos nossos. O último que prova a tese, e que me levou a escrever o post, é o pedante António Tadeia, lá do alto da sua sabedoria. Em mediocridade não sei honestamente onde estamos pior servidos, se nos comentadores se nos árbitros. Diz este jornaleiro que Cristiano Ronaldo, pelo seu narcisismo, não merece o prémio. Confesso que até fui ao dicionário ver o significado da palavra, mas o mesmo coincide com o que pensava, ou seja, não tem nada a ver com futebol nem qualidades futebolísticas! Então, qual o motivo para desvalorizar o talento português?
Adiante. Vamos desmontar a tese de honestidade deste, e de outros, idiotas. É que é tão fácil que até dá vontade de rir. Diz o Tadeia o seguinte, no DN de hoje:
“Não há maneira simpática nem subtil de o dizer: neste momento, o melhor jogador do mundo é Leo Messi, Por todas as razões – técnicas, tácticas, estéticas… – e mais uma, que é o comportamento em campo. Depois de receber a Bola de Ouro, que até merece pelo que fez até finais de Maio, mas que poderia facilmente perder se o ano tivesse mais um ou dois meses, Cristiano Ronaldo terá um longo caminho a percorrer se pretende alguma vez repetir o prémio.”
Ora bem, por onde começar. Para já Tadeia (e todos os que pensam como eles, e não são tão poucos quanto isso) fala no momento. Mas o prémio premeia o momento? Não! Se assim fosse teríamos 6, 7 ou 8 melhores do ano por cada… ano! Messi é o melhor no momento? É, sem dúvida, muito embora, se fôr a analisar com atenção, provavelmente até votaria no Del Piero. Mas a loucura actual, a moda, é Messi.
Pronto, a teoria do melhor do momento está desmontada, não dá direito a prémio. Passo seguinte, a teoria “do que fez até finais de Maio”. Bem, em abono da verdade, essa teoria já a desmistifiquei no início do post. Balelas, tretas, matéria que nem para encher chouriços serve.
Fica para o fim a prova irrefutável da má fé. A prova à Sherlock Holmes, inquestionável. Recue-se no tempo um ano, para finais de Novembro de 2007. Nessa altura, para quem não se recorde, brilhava Cristiano Ronaldo. Tinha feito um bom ano mas os meses entre Outubro e Janeiro foram fabulosos, arrasou toda e qualquer concorrência, golos em catadulpa para todos os gostos, recordes que se prognosticavam a ser batidos, desde o extremo mais concretizador do clube a jogador com mais golos numa só época. Dito de outra forma, Cristiano Ronaldo era, em Novembro de 2007, o que é Messi em Novembro de 2008. Então, porque não ganhou os prémios de melhor do Mundo? Onde estava o Tadeia e os seus seguidores nessa altura? Eu digo-vos onde estavam: montados nas costas do Káká, defendendo o brasileiro pelo que fez na Champions League dessa época, mesmo que na Serie A italiana tenha estado pouco acima da miserabilidade, mesmo tendo optado por se auto excluir da Copa América… mesmo tendo feito pouco (ou nada!) de Maio de 2007 a Dezembro de 2007!
Meus caros amigos, aqui está a vossa prova de má-fé. Cristiano Ronaldo já foi o melhor num ano civil (sim, de Janeiro a Dezembro de 2007) e não ganhou nada, inclusivé ficou em 3º lugar! E já conquistou os prémios todos, de Inglaterra e da Champions, passando pelas Botas de Ouro de Inglaterra, Champions e da Europa… e ainda assim não chega! Chegou num caso para Káká, parece que chega no outro caso para Messi… Cristiano Ronaldo só terá o direito ao reconhecimento quando conciliar um ano civil de 2007 com os títulos colectivos de 2008. Conhecem outro jogador que tenha conseguido isso?
Cristiano Ronaldo pode ser narcisista, pode ser putanheiro, pode ter muitos defeitos como ser humano, pode inclusivé ser melhor do que muitos o pintam, mas nada disso invalida o seu talento nem o seu mérito. Não foi Zidane o melhor da sua geração, não venceu ele 1 Bola de Ouro e 3 FIFA World Player? Não foi ele que pregou várias cabeçadas e patadas? Se calhar ainda estamos no tempo de Eça de Queiróz, onde o que vinha de França é que era chique…
Segue o vídeo da prova de competência do Melhor do Mundo.