Sinto-me à vontade para comentar a prestação da selecção porque não a acompanho desde 2000. Esses, que o fazem, em princípio com 16 ou 17 anos, têm moral para exigir mundos e fundos, afinal tirando o equídeo do Oliveira, a ambição lusa tem-nos levado a crer que o sucesso está perto. Coitados, tão inocentes…
Verdade seja dita que já esteve mais longe. Esporadicamente fizemos boa figura, como em 66 e 84, mas o ego português é tão disfuncional que chega ao cúmulo de esquecer Mexico’86, pelo facto dos jogadores se terem quedado pela fase de grupos, muito embora à epoca já terem decorrido 13 mundiais de futebol e 7 europeus (ou seja, 20 grandes competições, ignoro propositadamente os JO para a vergonha não ser maior) e Portugal apenas tenha comparecido em 3, incluíndo já esse mundial mexicano de má memória! Há que dizê-lo com frontalidade, nós portugueses, como adeptos, somos uma valente porcaria! Se não todos, a esmagadora maioria!
As primeiras reacções ao afastamento do Euro’08 foram de culpabilização dos jogadores, por estes terem falhado a corresponder à venda de cachecois e cerveja, de tremoços e caracois, aos cantares do hino nacional despropositadamente durante o jogo, às romarias à porta do hotel e aos bitaites dos 3-0 perante uma selecção alemã que é só recordista em presenças em finais de mundiais e europeus, constituída por jogadores que desde novos sabem conviver com a pressão dos grandes jogos! Aquela equipa alemã não mete medo? Aceito que mulheres e crianças digam isto, até aceito que gayolas de viagem marcada para a Califórnia digam isso, mas homens que percebem de futebol e sabem um pouco de história de futebol não caem nessa ridícula tentação! Menosprezar uma selecção alemã de futebol é meio caminho andado para a derrota. Assim como fazê-lo com a Itália! Por alguma razão essas selecções, mesmo começando mal, estão preparadas para lutar contra as adversidades. E é aqui que entra o legado da geração de ouro!
Regressando ao início, eu sou do tempo em que coleccionava os cromos da Panini para ter o Van Basten, o Ruud Gullit, o Lothar Mattaus, o Jurgen Klinsmann, o Altobelli, o Zenga, o Silas, o Careca, o Maradona, enfim, os craques que iriam jogar essas fantásticas competições, que me prendiam a atenção do primeiro minuto do primeiro jogo até ao final da prova! Portugal? Sinceramente, aquilo eram só contas de somar e multiplicar, era tanta aritmética para o apuramento que o final era o previsto por todos: foi quase, daqui a 2 anos é que é! E, como habitual, lá surgiam os tugas apoiantes do Brasil, os apoiantes das equipas surpresa como os brilhantes Camarões do Italia’90 ou aqueles, como eu, que adoptavam uma selecção devido a um ou outro jogador, e seguiam fieis com eles, como que se fossem a sua segunda pátria! A Alemanha diz-me muito, porque sempre apreciei a sua forma combativa e de suprema resistência, misturada com o talento de uma geração brilhante, a que brilhou entre 90 e 96. Quem me disser que os alemães não são criativos é porque nunca viram um Hassler, um Littbarski, um Matthaus, um Basler, um Andreas Moller ou um louco como Stefan Effenberg! E, afinal, o que é criatividade? É dançar em frente aos adversários? Ou efectuar jogadas que parecem de laboratório, com passes sucessivos, quase adivinhando onde se encontram os colegas? Observando a Holanda reconheço criatividade, mesmo a Rússia com a Suécia! Agora, pezinho em cima da bolinha, pezinho para o lado, abanar a bundinha, por favor! Fosse a minha tv tão interactiva quanto eu desejava e voavam sapatos de cada vez que os nossos “criativos” brincassem com a bola.
O que realmente custa é ter a clara noção que, quer com a Grécia em 2004, quer com a França em 2006 quer com a Alemanha em 2008 efectuamos dentro de campo exibições nunca inferiores aos nossos adversários, não baixamos os braços e acabamos todos esses jogos como reis das estatísticas atacantes, a verdade é que em todos eles os nossos adversários acabaram os jogos com o credo na boca, rezando para os descontos de tempo passassem e muito depressa! Se isto não abona em nosso favor então o melhor mesmo é dedicarmos a nossa paixão somente para o clube! Há demérito português nessas derrotas, e não menciono nomes neste post porque não o fiz com esse objectivo, mas há também uma parcela que tem de ser atribuída aos nossos adversários, já que não perdemos sozinhos e há que aplaudir a vontade lusitana, a força e o desejo de virar os acontecimentos, mesmo quando tudo está contra nós! Ninguém se pode esquecer que o árbitro sueco do jogo de ontem, são situações como aquelas, que demorariam 20 segundos a serem esclarecidas pela tv, que me fazem aplaudir os americanos! Eles têm um sentido de justiça no desporto implacável, porque as pessoas não são estúpidas, vir um badameco de um árbitro dizer que errar é humano e os erros dos arbitros fazem parte da beleza do futebol provoca-me uma azia que quase me leva a comprar um livro sobre beisebol! Estão a matar o futebol (ou soccer), se esta teimosia se mantiver, e com ela a tendência suprema de beneficiar os tubarões (alguém acredita que Portugal alguma vez vencerá uma Alemanha com tamanha ilegalidade??!?) com tantos meios técnicos para impedir estas selvajarias, o desconforto será tanto que nada restará que fazer campeonatos com Alemanha, Itália, França, Espanha, Argentina e Brasil, os intocáveis!
Resumindo, fica a participação e os minimos exigiveis daqui em diante. Como disse anteriormente, a geração de ouro internacionalizou o jogador português, marca de qualidade. Com isso conseguiu, finalmente, a regularidade nas grandes provas. Basta falar na Polónia ou Bélgica, duas selecções pouco acima da mediania, e ainda assim presenças assíduas nas grandes provas. Agora Portugal também faz parte dessa elite. Acabaram-se as derrotas morais, os apuramentos morais. Em qualquer jogo há o risco da derrota, a Inglaterra e a Holanda, quer em 2004, quer em 2006, cairam aos pés de Portugal, e vamos ser honestos: fomos assim tão superiores? Não, mas a atitude e a vontade de ganhar foi superior aos nossos adversários, já que em talento não há muito a distinguir-nos. E se na vitória soubemos ser dignos, agora que a derrota nos bateu à porta, num jogo em que cometemos erros, sim, mas onde nos batemos sempre pela vitória, sem medos nem receios, sem artimanhas nem agressividade excessiva, sem erros arbitrais a levarem-nos ao colo, conseguimos marcar 2 golos, Moutinho e Pepe tiveram o caminho da felicidade a escassos 30 cm, pusemos o adversário a simular lesões, a queimar substituições e tempo, pusemos a bancada alemã a sofrer com o receio de ter um prolongamento pela frente após tanta cantoria… o nosso adversário passou, mas não nos humilhou, passou de rastos e sem olhar para trás, com receio do que estava atrás dele! Desculpem, mas a perder, que seja assim! E o mesmo já havia sucedido na meia final do último mundial, 11 franceses acabaram o jogo atrás da linha de meio campo! É este o legado da geração de ouro, é este o legado de Scolari, é este o legado que eu exijo que seja mantido! Os títulos? Os títulos haverão de ser festejados, estamos no bom caminho, de forma sustentada! Porque quando surgir o primeiro, não tenham dúvidas, outros atrás dele virão! Só é preciso uma coisa: atenção à escolha do próximo seleccionador! Se a escolha for do sistema vigente, algo semelhante ao rei Artur, Oliveirinha ou outro traste do género, tudo o que de bom foi construído ruirá escandalosamente. Madaíl é um homem sem tomates, já todos sabemos. O silência sobre a arbitragem de ontem prova-o novamente! Aguardemos, com a consciência que não existe em Portugal ninguém com capacidade para tal cargo.
Como curiosidade atentemos ao currículo alemão nas grandes provas:
Verdade seja dita que já esteve mais longe. Esporadicamente fizemos boa figura, como em 66 e 84, mas o ego português é tão disfuncional que chega ao cúmulo de esquecer Mexico’86, pelo facto dos jogadores se terem quedado pela fase de grupos, muito embora à epoca já terem decorrido 13 mundiais de futebol e 7 europeus (ou seja, 20 grandes competições, ignoro propositadamente os JO para a vergonha não ser maior) e Portugal apenas tenha comparecido em 3, incluíndo já esse mundial mexicano de má memória! Há que dizê-lo com frontalidade, nós portugueses, como adeptos, somos uma valente porcaria! Se não todos, a esmagadora maioria!
As primeiras reacções ao afastamento do Euro’08 foram de culpabilização dos jogadores, por estes terem falhado a corresponder à venda de cachecois e cerveja, de tremoços e caracois, aos cantares do hino nacional despropositadamente durante o jogo, às romarias à porta do hotel e aos bitaites dos 3-0 perante uma selecção alemã que é só recordista em presenças em finais de mundiais e europeus, constituída por jogadores que desde novos sabem conviver com a pressão dos grandes jogos! Aquela equipa alemã não mete medo? Aceito que mulheres e crianças digam isto, até aceito que gayolas de viagem marcada para a Califórnia digam isso, mas homens que percebem de futebol e sabem um pouco de história de futebol não caem nessa ridícula tentação! Menosprezar uma selecção alemã de futebol é meio caminho andado para a derrota. Assim como fazê-lo com a Itália! Por alguma razão essas selecções, mesmo começando mal, estão preparadas para lutar contra as adversidades. E é aqui que entra o legado da geração de ouro!
Regressando ao início, eu sou do tempo em que coleccionava os cromos da Panini para ter o Van Basten, o Ruud Gullit, o Lothar Mattaus, o Jurgen Klinsmann, o Altobelli, o Zenga, o Silas, o Careca, o Maradona, enfim, os craques que iriam jogar essas fantásticas competições, que me prendiam a atenção do primeiro minuto do primeiro jogo até ao final da prova! Portugal? Sinceramente, aquilo eram só contas de somar e multiplicar, era tanta aritmética para o apuramento que o final era o previsto por todos: foi quase, daqui a 2 anos é que é! E, como habitual, lá surgiam os tugas apoiantes do Brasil, os apoiantes das equipas surpresa como os brilhantes Camarões do Italia’90 ou aqueles, como eu, que adoptavam uma selecção devido a um ou outro jogador, e seguiam fieis com eles, como que se fossem a sua segunda pátria! A Alemanha diz-me muito, porque sempre apreciei a sua forma combativa e de suprema resistência, misturada com o talento de uma geração brilhante, a que brilhou entre 90 e 96. Quem me disser que os alemães não são criativos é porque nunca viram um Hassler, um Littbarski, um Matthaus, um Basler, um Andreas Moller ou um louco como Stefan Effenberg! E, afinal, o que é criatividade? É dançar em frente aos adversários? Ou efectuar jogadas que parecem de laboratório, com passes sucessivos, quase adivinhando onde se encontram os colegas? Observando a Holanda reconheço criatividade, mesmo a Rússia com a Suécia! Agora, pezinho em cima da bolinha, pezinho para o lado, abanar a bundinha, por favor! Fosse a minha tv tão interactiva quanto eu desejava e voavam sapatos de cada vez que os nossos “criativos” brincassem com a bola.
O que realmente custa é ter a clara noção que, quer com a Grécia em 2004, quer com a França em 2006 quer com a Alemanha em 2008 efectuamos dentro de campo exibições nunca inferiores aos nossos adversários, não baixamos os braços e acabamos todos esses jogos como reis das estatísticas atacantes, a verdade é que em todos eles os nossos adversários acabaram os jogos com o credo na boca, rezando para os descontos de tempo passassem e muito depressa! Se isto não abona em nosso favor então o melhor mesmo é dedicarmos a nossa paixão somente para o clube! Há demérito português nessas derrotas, e não menciono nomes neste post porque não o fiz com esse objectivo, mas há também uma parcela que tem de ser atribuída aos nossos adversários, já que não perdemos sozinhos e há que aplaudir a vontade lusitana, a força e o desejo de virar os acontecimentos, mesmo quando tudo está contra nós! Ninguém se pode esquecer que o árbitro sueco do jogo de ontem, são situações como aquelas, que demorariam 20 segundos a serem esclarecidas pela tv, que me fazem aplaudir os americanos! Eles têm um sentido de justiça no desporto implacável, porque as pessoas não são estúpidas, vir um badameco de um árbitro dizer que errar é humano e os erros dos arbitros fazem parte da beleza do futebol provoca-me uma azia que quase me leva a comprar um livro sobre beisebol! Estão a matar o futebol (ou soccer), se esta teimosia se mantiver, e com ela a tendência suprema de beneficiar os tubarões (alguém acredita que Portugal alguma vez vencerá uma Alemanha com tamanha ilegalidade??!?) com tantos meios técnicos para impedir estas selvajarias, o desconforto será tanto que nada restará que fazer campeonatos com Alemanha, Itália, França, Espanha, Argentina e Brasil, os intocáveis!
Resumindo, fica a participação e os minimos exigiveis daqui em diante. Como disse anteriormente, a geração de ouro internacionalizou o jogador português, marca de qualidade. Com isso conseguiu, finalmente, a regularidade nas grandes provas. Basta falar na Polónia ou Bélgica, duas selecções pouco acima da mediania, e ainda assim presenças assíduas nas grandes provas. Agora Portugal também faz parte dessa elite. Acabaram-se as derrotas morais, os apuramentos morais. Em qualquer jogo há o risco da derrota, a Inglaterra e a Holanda, quer em 2004, quer em 2006, cairam aos pés de Portugal, e vamos ser honestos: fomos assim tão superiores? Não, mas a atitude e a vontade de ganhar foi superior aos nossos adversários, já que em talento não há muito a distinguir-nos. E se na vitória soubemos ser dignos, agora que a derrota nos bateu à porta, num jogo em que cometemos erros, sim, mas onde nos batemos sempre pela vitória, sem medos nem receios, sem artimanhas nem agressividade excessiva, sem erros arbitrais a levarem-nos ao colo, conseguimos marcar 2 golos, Moutinho e Pepe tiveram o caminho da felicidade a escassos 30 cm, pusemos o adversário a simular lesões, a queimar substituições e tempo, pusemos a bancada alemã a sofrer com o receio de ter um prolongamento pela frente após tanta cantoria… o nosso adversário passou, mas não nos humilhou, passou de rastos e sem olhar para trás, com receio do que estava atrás dele! Desculpem, mas a perder, que seja assim! E o mesmo já havia sucedido na meia final do último mundial, 11 franceses acabaram o jogo atrás da linha de meio campo! É este o legado da geração de ouro, é este o legado de Scolari, é este o legado que eu exijo que seja mantido! Os títulos? Os títulos haverão de ser festejados, estamos no bom caminho, de forma sustentada! Porque quando surgir o primeiro, não tenham dúvidas, outros atrás dele virão! Só é preciso uma coisa: atenção à escolha do próximo seleccionador! Se a escolha for do sistema vigente, algo semelhante ao rei Artur, Oliveirinha ou outro traste do género, tudo o que de bom foi construído ruirá escandalosamente. Madaíl é um homem sem tomates, já todos sabemos. O silência sobre a arbitragem de ontem prova-o novamente! Aguardemos, com a consciência que não existe em Portugal ninguém com capacidade para tal cargo.
Como curiosidade atentemos ao currículo alemão nas grandes provas:
Mundiais
1934 - 3º lugar
1954 - 1º lugar
1958 - 4º lugar
1966 - 2º lugar
1970 - 3º lugar
1974 - 1º lugar
1982 - 2º lugar
1986 - 2º lugar
1990 - 1º lugar
2002 - 2º lugar
2006 - 3º lugar
Recordista em finais e meias finais dos Mundiais!
Europeus
1972 - 1º lugar
1976 - 2º lugar
1980 - 1º lugar
1988 - MF
1992 - 2º lugar
1996 - 1º lugar
(2008) - MF para já!
Recordista em finais e meias finais dos Europeus!
Contas feitas, observem os resultados de 1966 em diante! Não é uma geração nem duas, são já seis gerações de futebolistas sempre ao mais alto nível de exigência! É este o caminho que Portugal tem de traçar, não talento por geração expontânea mas de forma consolidada, de 1996 até 2004 consolidamos Portugal entre as melhores equipas de futebol, mas não dentro do lote a candidatos ao título. Isso ficou reservado entre 2004 e 2008, curiosamente com o costas largas do Scolari. E agora? Vamos acreditar que somos “os maiores” ou vamos continuar a formar jogadores, a exportar talento para os melhores campeonatos e manter no leme um homem competente e averso a subserviências? O futuro o dirá.
4 comentários:
Grande post senhor tony...concordo com tudo o que dizes, e tu sabes que isso não é facil!!! :)
Pirata
Bravo!
Concordo na integra!
O que nao é fácil tb! :)
Um belo post que tem muito por onde discutir.
Ora entao, acrescentemos umas coisitas...
Portugal ontem marcou 2 golos e a Alemanha 3. Perdeu e ponto final!
Gostava de começar pela parte em que dizes que Portugal nunca ia às grandes competições e que acompanhas a selecção desde sempre. Eu sei que acompanhas e tal como eu deves tar recordado do tempo em que os jogadores simplesmente se recusavam ir ah selecção. Eu lembro-me dum jogo de Portugal em que nao conhecia 2 ou 3 jogadores porque os foram buscar à 2a divisao! Felizmente esse tempo já acabou mas se esta mentalidade já tivesse sido plantada mais cedo se calhar agora os resultados eram outros. Aquela celebre frase do Queiroz após o Italia Portugal nao foi por acaso...
O segundo ponto que gostava de focar é que em Portugal existe qualidade para treinar a selecção.
Quem nao gostou de Oliveira em 96?
Humberto em 2000?
Agora sendo portugues naturalmente vão existir sempre pressoes com mais facilidade mas aí cabe ao presidente da federação marcar a sua posição e blindar por completo todo o staff.
Venha a Africa do Sul!
Abraço a todos
Pirata
Um post sem falar em Pinto da Costa???? :)
Bá! Isto tá a melhorar :)
Agora um piropo recondando o Homem que mordeu o cão:
EEEEENOOOORRRRRMEEEESSSSSS SSSSSEEEIIIIIOOOOOOOSSSSSSSSSSSS
Teve que ser!
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