Palavras soltas sobre a jornada

Um leão de múltiplas personalidades


Não vi o jogo, mas o resultado e a exibição do Sporting deixam antever que perdi um dos poucos jogos que não devia ter perdido esta época. É evidente para todos o erro colossal que foi insistir em Paulo Bento, quando o modelo estava esgotado e, sobretudo, porque não lhe foram dadas condições financeiras para que pudesse reforçar a equipa ao seu gosto. Carlos Carvalhal, que não é melhor treinador que Bento, após um período natural de adaptação ao clube e aos jogadores, conseguiu construir um modelo de jogo próprio para os jogadores de que dispõe, provando que o plantel não é tão fraco como foi retratado pela maioria dos opinadores, faltando isso sim o suporte psicológico que as vitórias fornecem. Estivesse a época agora a iniciar-se, com o plantel leonino sem lesões (Izmailov e Djaló fazendo 9 meses em boa forma, por exemplo…) e com uma sequência de 4 ou 5 vitórias, com correspondentes boas exibições, e seguramente a equipa lançar-se-ia na luta pelo título até final. E isto é a voz da experiência, já vivi campeonatos suficientes para saber que nenhuma equipa com um início penoso de temporada consegue sobreviver nas aspirações a conquistas. Por acaso, excepcionalmente, temos os dois últimos títulos leoninos, em 2000 Materazzi foi demitido e Inácio soube recuperar o atraso (mas foi uma demissão a tempo e horas e não em Novembro…) e em 2002 o mau início de Boloni (apesar do triunfo na primeira jornada sobre o Porto, seguiram-se 2 derrotas…) foi colmatado com o ingresso de Super Mário. Mas excepções, como todos sabemos, não fazem regras, no entanto as exibições deste Sporting pós goleada nas meias-finais da Taça da Liga deixam um rasto de esperança para os adeptos para a próxima temporada, assim como uma certa ansiedade para o confronto frente ao Benfica, onde estes jogadores e este treinador terão uma prova de fogo para aquilatar a sua real força. Lamento a exibição do cartão vermelho a Izmailov, e sem querer desculpar uma má época, há coisas que têm de ser ditas: o Sporting nunca será campeão enquanto lances como o de Izmailov são penalizados com vermelhos e lances como os de Meireles e Fernando neste fim de semana, de Luisão frente ao Liverpool, de Bruno Alves na final da Taça da Liga, por exemplo, não merecem igualmente vermelho. A revolta de qualquer adepto, na esmagadora maioria dos casos, nada tem a ver com a decisão do árbitro, mas sim com a falta de critério dos árbitros, que não possuem o mesmo julgamento para casos semelhantes! E, corrijam-me se estou enganado, mas este emproado do Proença, se a memória não me atraiçoa, é o mesmo que puniu Liedson com amarelo há 5 anos atrás, por pontapear uma bola que estava já fora do campo, frente ao Guimarães, na véspera do famoso Benfica vs Sporting, que decidiu o campeonato! Esse amarelo, que custou a ausência do levezinho, era de todo evitável se o individuo não fosse um cretino, afinal de contas já não existe apenas uma bola por jogo, o lance terminou em pontapé de baliza para o Guimarães e o seu GR já dispunha de outra bola para reiniciar o jogo. A isto chama-se premeditação, e coloco o meu pescoço num cepo como esse lampião deu gemidos de alegria quando viu Izmailov ter uma entrada dura, como tantas outras que acabam numa reprimenda e em cartão amarelo! Enfim…

O fim da coligação

Uma das coisas que mais me irrita no meu clube é a falta de bom senso, em muitos aspectos, mas num que considero essencial: acreditar em historinhas da carochinha! Nunca, em qualquer momento das respectivas histórias, Benfica e Porto tiveram qualquer interesse em ajudar o Sporting. Qualquer tipo de relação que possam ter com o clube de Alvalade é sempre no pressuposto de retirar benefícios, nunca em conceder benesses de qualquer espécie. Muito se falou nestes últimos 4 anos, por parte dos lampiões, da lenga lenga dos submissos, devido aos 4 anos consecutivos de segundos lugares e das boas relações com o Porto, campeão nesses mesmos 4 anos. Porém, no ano anterior, a submissão a existir foi precisamente com o Benfica e a cedência do Nuno Assis, essencial, logo a seguir aos árbitros, para o fim do jejum encarnado. Resumindo e concluindo: só quem não estiver bom da cabeça é que faz alianças com este tipo de gente. Isto tudo para chegar ao que todos já devem ter percebido: a forma como o Braga derrotou o Guimarães e, como consequência, praticamente arredar o Porto dum apetitoso segundo lugar final, fez estalar o verniz, que pode arrebentar por completo se uma arbitragem tão vergonhosa for repetida, seja a favorecer o clube minhoto ou, como deve acontecer, a prejudica-lo. Não posso deixar de exibir grande contentamento pela choradeira portista, já era tempo de os ver escaldados com as amizades de ocasião, o que é realmente triste é ver o pobre do JUJU a fazer de treinador, treinador adjunto, delegado ao jogo, director desportivo e, provavelmente, aguadeiro. É verdade que sem treinar o clube do sistema nunca o professor teria sido campeão (a passagem pelo Benfica é inesquecível), mas seja como for merecia um pouco mais de respeito por parte do FCP… afinal para que serve o Antero, para além de provocar o Veiga quando este andava pelo banco do Benfica? É que, parece que não, mas casos dos túneis existiram todos os anos, quem não se recorda de ver na época passada o Fabio Coentrão a ser apertado quando jogava no Rio Ave e após excelente exibição no estádio do Porto? Pois, isto de memória selectiva é tramado…


A estrelinha que anuncia o campeão

O único jogo que vi neste fim de semana pascal foi o da Figueira da Foz, e não podia ter começado de melhor forma, nem nos melhores sonhos de sportinguistas, portistas e bracarenses alguém imaginaria possível a Naval chegar aos 2-0 com 10 minutos de jogo! Mas aconteceu, e aconteceu igualmente algo que é exigível a qualquer equipa que lute pelo título de campeão: pela primeira vez o Benfica reage a uma desvantagem e opera a reviravolta. Acho que se havia algo em falta para consagrar a equipa mais consistente da prova, agora é evidente que apenas um milagre impedirá o Benfica de se sagrar campeão. Esperava mais de Augusto Inácio, afinal saiu-lhe o euromilhões aos 10 minutos e, sinceramente, foi o mesmo que queimar o bilhete premiado! Augusto Inácio é sportinguista de coração e portista por profissão, é igualmente um homem que não pode ver Jorge Jesus nem pintado, fica então por perceber a falta de inteligência para não cair em deslumbramento e saber gerir a vantagem caída do céu. Então sofrer o terceiro golo em contra ataque é de bradar, não entendo (e não serei o único) porque não colocou o tal autocarro e a chaimite em frente ao Peiser (excelente GR mas que ontem ou estava comprado ou estava bêbado, vou acreditar no alcoolismo não vá algum advogado andar a ler o blog…) que tão bons resultados demonstraram na Luz! Fica a imagem de grande saúde física e mental dos jogadores do Benfica, até o Mantorras 3 bisou e correu como um desalmado, eu não sei que agua bebem no Seixal mas gostava de experimentar…


PS:

O Mitico destacou o golaço do Falcão e fez muito bem, não é todos os dias que se vê o famoso pontapé de bicicleta. No entanto, raro raríssimo é ver um golo como o que Yannick Djaló marcou frente ao Rio Ave, eu nem sei se existe um nome para aquela obra de arte, mas como certos gozões o tratam por Dádó, então que passe a ser conhecido dessa forma, muito embora só quando for avô é que terei a felicidade de ver algo parecido. Parabéns à Luciana Abreu, não sei o que faz ao pretinho mas que continue a fazer, estou a gostar!