Liga Europa: 1ª Mão Quartos-de-Final

Grande equilíbrio nos resultados, com as equipas que jogaram a primeira parte da eliminatória fora de casa a ter ligeira vantagem, uma vez que todas elas marcaram e, no caso do Atlético Madrid, conseguiu inclusivé empatar! Este Atlético é um case-study, já no fim de semana passado, em pleno Santiago Bernabeu, impusera grande intranquilidade ao gigante Real, na Copa del Rey encontram-se na final da competição, no entanto numa prova onde a regularidade é factor decisivo, como o campeonato, arrastam-se a meio da tabela. É certo que desde a entrada de Quique Flores já têm, pelo menos, um projecto de treinador, ao contrário de Abel Resino, mero treinador de guarda-redes com que iniciaram a época, mas a ideia que fica é que a equipa depende, e muito, da maré de vontades das vedetas da equipa, especialmente a temível dupla atacante, Aguero e Forlan. Duvido seriamente que consigam vencer a competição, sequer chegar às meias finais, no entanto têm contrariado todas as minhas expectativas, portanto nunca se sabe. Já o Valência, tido como favorito à vitória final da prova, vai ter de se superar se quiser manter intactas as suas aspirações, até porque na liga espanhola já não há mais nada a fazer, o 3º lugar está garantido e melhor é simplesmente impossível.

Em Londres o Fulham continua a sua saga, a forma fulminante como limparam a Juventus colocou os holofotes sobre esta modesta equipa, que no entanto possui o traquejo de jogar semanalmente na Premier League, e não fosse o golo do Wolfsburgo já nos instantes finais do jogo e apostaria neles para estarem presentes nas meias finais. Assim, e com o factor casa, a equipa alemã deverá continuar a fazer história, após a brilhante conquista da Bundesliga, uma meia final europeia. Nada mal para a equipa da Wolkswagen...

Entre os adeptos do Hamburgo corre o mesmo sonho que tiveram os sportinguistas há 5 anos, quando sabiam de antemão que a final se realizaria no seu estádio. A partir do momento em que se chega a esta fase da prova, a escassos 4 jogos da final, é impossível não sonhar com esse momento, e o Hamburgo até nem se pode queixar do sorteio, uma vez que Valência e Liverpool, os teoricamente favoritos sobreviventes, só se cruzariam com a equipa alemã na final da prova. No entanto, para quem acompanha a prova desde o seu início, sabe que a equipa belga do Standard Liege é tudo menos acessível. E os gregos do Panathinaikos, dizimados na eliminatória anterior, que o digam, eles que por sua vez tinham arrasado a AS Roma, iminente campeã da Seria A italiana! A escassa vitória alcançada ontem coloca os alemães com uma ligeiríssima vantagem, mas têm perfeita consciência que ainda têm muito para sofrer até ao fim da eliminatória.

Guardo para o fim o jogo da Luz. Quando o Liverpool marca logo aos 8 minutos de jogo, numa jogada simplesmente brilhante, só os benfiquistas acreditariam que acabariam por vencer o jogo. Os minutos seguintes do golo, apesar do domínio da equipa da casa, colocaram os ingleses sempre à espreita para lançar venenosos contra ataques, sempre conduzidos pelo mais genial subvalorizado jogador mundial, Steven Gerrard. O momento do jogo é óbvio para todos: a agressão a Fernando Torres por parte de Luisão, a consequente provocação a Ryan Babel que culmina, qual filme de M. Night Shyamalan, com a expulsão do holandês do Liverpool! Concedo que o comportamento do Babel foi incorrecto, mas expulsar o provocado e deixar em campo o provocador foi digno de Bruno Paixão! E não posso deixar de recordar a táctica de Bruno Alves na final da Taça da Liga, onde tentou precisamente este método, agredindo e provocando os adversários à espera de resposta. No entanto, inteligentemente, os jogadores do Benfica limitaram-se a rir às provocações da besta negra. Ontem, pelo contrário, Ryan Babel em vez de se rir, reagiu. O que ele não esperava, nem eu reconheço, era ver uma equipa portuguesa com peso na arbitragem internacional! Compreendo agora a chacota com que os lampiões reagiram à arbitragem do Kasai no jogo do Sporting com a Fiorentina, era a chacota de quem sabia nunca ter de passar pelo mesmo, e a diferença que faz ter uma arbitragem isenta a nossa favor: não só deixou em campo Luisão, como ainda marcou (correctamente, never the less) dois penalties para a equipa portuguesa e ainda se deu ao luxo de deixar David Luis bater em tudo que respirasse sem ir tomar banho mais cedo! Eu gosto de suecas mas os benfiquistas têm muitas mais razões para gostar é de suecos! Com praticamente 70 minutos em vantagem numérica, com um estádio ao rubro a puxar pela equipa, com um árbitro caseirinho e um Fernando Torres estranhamente perdulário, só se estranha a vantagem ser tão mínima! Aguardo, com muita curiosidade, pelo embate em Liverpool, onde todos os factores caseirinhos, de público a árbitro, estarão do outro lado da barricada. Aguentará o Benfica? Bem, desta vez já não Simulão nem Miccoli, e sobretudo não há Peter Crouch, cuja inabilidade para acertar na baliza custou uma goleada nesse jogo. Como é curta a distância entre a glória e o fracasso, tão curta quanto a memória selectiva de muita boa gente que irá recordar esse jogo nos próximo dias...