Do centro de treinos do Manchester United saiu, recentemente, um comentário sobre o que de "muito interessante" se está a fazer na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Quando o treinador de um dos maiores clubes do Mundo assim fala, é impossível resistir a tentar perceber o que de tão extraordinário percorre a Europa até ao topo do futebol, onde mora Carlos Queiroz. O que se descobre é uma discussão filosófica arrebatadora que está a mexer com o futebol, ao dar-lhe uma dimensão cerebral até agora ignorada, com resultados fantásticos, ao nível prático: José Mourinho é a prova de que a Periodização Táctica não se limita a apaixonar. Dá vitórias. Saiu da mente de Vítor Frade, homem do futebol da relva e da universidade, os meios onde, ao longe de mais de 30 anos, construiu o conceito e deu corpo aos exercícios que o sustentam. Aquilo de que falava Queiroz.
As instalações são excelentes, e pouco mais do que isso é preciso para explicar o bom ambiente que se respira nos corredores e nos relvados da Faculdade de Desporto, para os lados de Paranhos, no pólo universitário, vizinha alegre de duas grandes unidades hospitalares, o São João e o IPO (Instituto Português de Oncologia). Vítor Frade passa ali metade dos dias. A outra vive-os no Olival, no centro de treinos do FC Porto, cuja formação coordena. É fácil encontrá-lo no bar da faculdade, a conversar com alunos ou a preparar, numa caligrafia agitada, notas para as aulas de Metodologia da variante de Desporto de Rendimento, cujos apontamentos incluem fontes tão diversas como jornais desportivos ou revistas de neurociência e filosofia. Mais difícil é convencê-lo a explicar a Periodização Táctica. E não é só O JOGO que esbarra nesta atitude. Universidades de toda a Europa têm recebido idêntica resposta, o encaminhamento para aqueles que partilham as ideias de Frade. O futuro da discussão será deles, e não falta por onde escolher.
A Periodização Táctica inspirou, no auge das conquistas de Mourinho no FC Porto, uma onda de teorização apaixonada, vertida em livros que faziam a defesa inflamada desta nova forma de encarar e trabalhar o futebol, por oposição aos métodos clássicos - e aos treinadores que os utilizavam. Hoje, a discussão continua acesa, violenta, mas circunscrita ao meio académico: os principais opositores da teoria de Frade convivem com ele no Gabinete de Futebol da faculdade; aprenderam dele o caminho tradicional, que o mestre pôs em causa; o confronto é feroz, mas faz parte do jogo - é também à força da discussão que as ideias avançam. Nos clubes, os jovens técnicos formados na Faculdade de Desporto são confrontados com a dura realidade que Frade conheceu nas décadas de trabalho de campo: inovar é um exercício de paciência, quando se tem a vitória como meta obrigatória, semana após semana, mas, se o Professor resistiu 30 anos (a idade da Faculdade), grande parte destes discípulos também resistirá. Quanto mais não seja, porque os há como Mourinho, que vencem. É isto que Queiroz - que, com Jesualdo Ferreira, concebeu no meio académico o modelo de formação que, no início da década de 90, fez de Portugal um vencedor ao nível das selecções jovens - segue com interesse, a partir de Inglaterra. A distância é boa conselheira para se perceber o fenómeno da Periodização Táctica: dilui questões pessoais e deixa apenas a teoria pura, fascinante, do futebol trabalhado no cérebro, que explora a plenitude da capacidade humana, ainda em descoberta pelos cientistas. Como se, sete séculos depois, o Renascimento tivesse chegado ao futebol.
As instalações são excelentes, e pouco mais do que isso é preciso para explicar o bom ambiente que se respira nos corredores e nos relvados da Faculdade de Desporto, para os lados de Paranhos, no pólo universitário, vizinha alegre de duas grandes unidades hospitalares, o São João e o IPO (Instituto Português de Oncologia). Vítor Frade passa ali metade dos dias. A outra vive-os no Olival, no centro de treinos do FC Porto, cuja formação coordena. É fácil encontrá-lo no bar da faculdade, a conversar com alunos ou a preparar, numa caligrafia agitada, notas para as aulas de Metodologia da variante de Desporto de Rendimento, cujos apontamentos incluem fontes tão diversas como jornais desportivos ou revistas de neurociência e filosofia. Mais difícil é convencê-lo a explicar a Periodização Táctica. E não é só O JOGO que esbarra nesta atitude. Universidades de toda a Europa têm recebido idêntica resposta, o encaminhamento para aqueles que partilham as ideias de Frade. O futuro da discussão será deles, e não falta por onde escolher.
A Periodização Táctica inspirou, no auge das conquistas de Mourinho no FC Porto, uma onda de teorização apaixonada, vertida em livros que faziam a defesa inflamada desta nova forma de encarar e trabalhar o futebol, por oposição aos métodos clássicos - e aos treinadores que os utilizavam. Hoje, a discussão continua acesa, violenta, mas circunscrita ao meio académico: os principais opositores da teoria de Frade convivem com ele no Gabinete de Futebol da faculdade; aprenderam dele o caminho tradicional, que o mestre pôs em causa; o confronto é feroz, mas faz parte do jogo - é também à força da discussão que as ideias avançam. Nos clubes, os jovens técnicos formados na Faculdade de Desporto são confrontados com a dura realidade que Frade conheceu nas décadas de trabalho de campo: inovar é um exercício de paciência, quando se tem a vitória como meta obrigatória, semana após semana, mas, se o Professor resistiu 30 anos (a idade da Faculdade), grande parte destes discípulos também resistirá. Quanto mais não seja, porque os há como Mourinho, que vencem. É isto que Queiroz - que, com Jesualdo Ferreira, concebeu no meio académico o modelo de formação que, no início da década de 90, fez de Portugal um vencedor ao nível das selecções jovens - segue com interesse, a partir de Inglaterra. A distância é boa conselheira para se perceber o fenómeno da Periodização Táctica: dilui questões pessoais e deixa apenas a teoria pura, fascinante, do futebol trabalhado no cérebro, que explora a plenitude da capacidade humana, ainda em descoberta pelos cientistas. Como se, sete séculos depois, o Renascimento tivesse chegado ao futebol.
Fonte: Jornal Ojogo
11 comentários:
Mourinho o super genio.
Se calhar e vendo bem as coisas os loucos dos portistas até tinham razao quando diziam que talvez o mérito nao fosse so dele mas sim de quem o rodeia.
Jose Mourinho tem que agradecer tudo mas tudo a um so clube e a uma só direcção:
FC PORTO e a Jorge Nuno Pinto da Costa!
Vitor Frade - o mestre da mudança de mentalidade.
O Mestre Pedroto dos tempos modernos.
Criticado pelos treinadores da "antiga" elogiado pela nova escola do futebol.
De Carvalhal a Jorge Jesus, de Luis Campos a Jesualdo Ferreira, de Vitor Pontes a Manuel Machado...
Resta saber qual delas vencerá...
Já existem provas dadas no campeonato nacional que antiga escola ainda tem força para vencer mas a que ganhou na europa foi a moderna... a estatistica dirá no futuro a resposta a essa questão.
Para todos os que gostam de futebol:
Arrogância
Se um jogador do benfica ou do Sporting aparece nos jornais a dizer que vai ser campeão, é-lhe imediatamente elogiada a coragem para assumir o risco de tão pública ambição, apesar da "considerável" desvantagem para os portistas. Se um jogador do FC Porto aparece nos jornais a dizer que vai ser campeão, é-lhe imediatamente criticada a arrogância de se julgar intocável, apesar da "escassa" vantagem em relação aos perseguidores. Se há uma coisa que incomoda a sensibilidade lusa é o sucesso assumido como resultado do mérito próprio e não como uma espécie de graça divina carregadinha de falsa modéstia do género "fui eu que ganhei, mas podia muito bem ter sido outro qualquer". A um país em que o mérito tem que ver com a qualidade do berço onde somos embalados quando nascemos e pouco mais, convém essa falsa modéstia, não vá o talento ou o trabalho passarem a ser decisivos para o sucesso. José Mourinho sentiu-o na pele como ninguém enquanto esteve no FC Porto. Incapaz de se desvalorizar e de atribuir o seu sucesso ao acaso, também Mourinho foi catalogado como arrogante. Como os jogadores do FC Porto que, liderando o campeonato com sete pontos de vantagem depois de baterem o Sporting e o benfica, têm o desplante de achar que vão ser campeões. Que arrogância!
JORGE MAIA IN OJOGO
Obrigado Jorge!
PS: Coloquei este texto porque o Mourinho era muito arrogante.
Hoje até se ouve comentarios de benfiquista a dizer coisas como:
" Eu nao ligo ao Chelsea porque o Mourinho saiu "!
Ai Ai ai...
Obrigado Presidente Pinto da Costa!
"A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD registou lucros de 8,3 milhões de euros no primeiro trimestre do exercício 2007/2008, compreendido entre 1 de Agosto e 31 de Outubro de 2007.
Em comunicado enviado a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a SAD encarnada explica que o montante de 8,3 milhões de euros «é, em parte, justificado pelas mais-valias no valor de 11,3 milhões de euros» obtidas com a venda dos passes de Manuel Fernandes, Anderson e Karadas."
O que tinha piada é que revelassem tambem como noticia as contas dos outros trimestres, porque é vulgar as contas do benfica serem noticia quando existe lucro, agora pergunto eu e quando compraram o Cardozo, o bergessio e companhia as contas tb tavam positivas??? tambem deram lucro??? e foi noticia isso????
O Paredes ja apareceu?
Mas qual Vitor Frade, qual feijao frade, qual fradinho das caldas!
Mourinho é de geração exponmtânea, nao é merito de ninguem a nao ser dele proprio. E de Robson. E de Van Gaal! Olha-me este a querer colar o rotulo dos bandidos e corruptos no sucesso do Zequinha de Setubal!
E Carlos Queiros? Esse desgraçado ainda me está encravado com a sua sabedoria a engolir 3-6 em Alvalade do estivador do Toni! Em vez de 18 anos teriam sido somente 12! Que guarde lá a sua sabedoria no banco de suplentes do Manchester!
E se o mestre Fradinho é assim tao bom... pq nao se conhece um modelo táctico à FCP? E porque nao saem os miudos das camadas jovens pra equipa principal? É mais um dos catedraticos à portuguesa, sabem muito mas ninguem os vê a fazer nada...
oh mitico, o maia é uma besta quadrada, acha sempre que tem graça e sabedoria mas nao tem uma unica cronica que se aproveite! Se queres ler algo de um portista que usa a cabeça lê MST, por exemplo. O Maia só serve para animar os estivadores portistas do Porto de Matosinhos, dificilmente servirá para algo mais.
O Paredes nao apareceu e ainda bem, é dinheiro em ordenados poupados. Tomara que mais meia duzia de bandalhos como o Paredes nao aparecessem mais. E seguramente estarei certo se disser que os portistas pensarão o mesmo sobre Farias, Mariano, e outros que tais, nao?...
Pirata
A periodização tactica é o tema do post.
Jose Mourinho usa-a. Mas ainda bem que te picaste com o meu 1º comentario. É sinal que é verdade :)
Professor, aproveito para parabenizar seu blog. Muito bom os conteúdos.
Gostaria de divulgar um blog que eu e o prof. Rodrigo Vicenzi desenvolvemos para tratarmos de Periodização Tática... espero que possa fazer proveito...
http://otranscenderdofutebol.blogspot.com/
Um abraço
Dênis e Rodrigo
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