Tenho Vergonha...

Um Sporting que andou escondido quase toda a época derrotou, ontem, o líder incontestado F. C. Porto (2-0), de uma forma justa, plena de classe e personalidade. Não só os leões subiram várias degraus na qualidade exibicional, o que permitiu um triunfo descansado, como os portistas estiveram irreconhecíveis, sobretudo na finalização, saindo de Alvalade bem castigados com a derrota.

E dois minutos apenas bastaram para que o clássico mostrasse, afinal, para que lado pendia. A defesa portista, Helton e os centrais acima de tudo, abriram a caixa de Pandora de onde saíram os dois horrores que deram a vantagem verde e branca. Os leões, pela interpretação de Vukcevic (13 m) e Izmailov (15 m), não se fizeram rogados e, para espanto geral, bateram Helton, com a preciosa ajuda do guardião no primeiro golo e com a displicência completa dos centrais no segundo.

O jogo até começou ao contrário, com Lucho e Lisandro a darem que fazer a Patrício, inclusivamente com um golo anulado ao atacante. Mas foi sol de pouca dura. Um Sporting só antes visto esta época no jogo frente à Roma, em Alvalade, mostrou aquilo que tem faltado nos últimos meses tranquilidade, personalidade, uma disciplina e rigor tácticos impressionantes e uma venenosa acutilância ofensiva que resultou em dois golos em outras tantas ocasiões.

A supremacia leonina assentou em dois factores a forma irrepreensível como parou o jogo ofensivo dos dragões, fechando numa caixa e obrigando a sucessivas lateralizações qualquer um dos médios, com especial destaque para a precisão com que Izmailov tratou de arrumar Quaresma; o segundo é o espelho da forma sobranceira como os dragões entraram em campo, sem atitude, sentados em cima da vantagem pontual, o que se viu nos lances do golos leoninos.

Vantagem conseguida, os leões, mesmo com um claro sub-rendimento de Moutinho e Romagnoli, souberam controlar as operações, nunca permitindo desequilíbrios que pudessem causar alguma surpresa para o seguro Rui Patrício. É caso para perguntar onde andou este Sporting nos últimos meses!! E também para questionar que F.C. Porto é este que se deixa dominar e não consegue romper!

É que os leões não só controlaram todo o primeiro tempo, como não quebraram no segundo quando os portistas foram obrigados a apertar o ritmo. Não só não se assustaram, também porque o ataque azul e branco pouco mais foi que inofensivo e perdulário como não se desnortearam com as habituais picardias em que entrou o jogo dos portistas.

E se é verdade que o segundo tempo pertenceu quase por inteiro aos dragões, que mandaram na posse de bola e pisaram vezes sem fim a área de Rui Patrício, não menos factual são as perdidas de Lucho e Farias completamente isolados. Mas nunca os leões perderam a noção do que tinham de fazer em campo, mostrando uma leitura dos lances aguçada e um espírito de sacrifício e de equipa notáveis que permitiram manter afastado o perigo que os azuis e brancos poderiam criar. E sim, os leões tiveram do seu lado a sorte do jogo, principalmente no lance em que Polga evita um golo de Farias em cima da linha.

Fonte: Jornal de Noticias