Numa final emocionante mas com a habitual baixa qualidade de jogo a que as finais futebolísticas já nos habituaram (ok, os nervos e a ansiedade podem bloquear os jogadores, mas então que pensar dos atletas olimpicos como os ginastas que treinam quatro anos e não podem falhar um único milimetro?) fizeram destaque as ausências (Turan, Diego Costa, Xabi Alonso), os mancos (Cristiano Ronaldo, Benzema, Pepe, Diego Costa novamente) e sobretudo alguns erros táctico-estratégicos de Diego Simeone (colocar em campo um debilitado Diego Costa para durar somente nove minutos, queimando uma substituição, que permitiria mais tarde lançar o brasileiro Diego que tanta utilidade tinha já demonstrado ao serviço da equipa nesta prova...) não podem manchar o destaque da final: Carlo Ancelotti!
Como todos previmos, a histeria lusitana fez de Ronaldo o destaque dominical. Nem no Sitio do Pica Pau Amarelo, um coxo como o Saci mereceu tanto destaque quanto o nosso coxo. Cristiano sacrificou-se em prol da equipa, tal como Figo já o tinha feito em 2002, espero que não comprometa a sua prestação no Mundial, mas destacá-lo é errado, passou absolutamente ao lado do jogo até ao momento em que marca de penalty o golo mais inútil da noite. Os crónicos doentes de encefalopatia espongiforme bovina, babados pela presença de um dos maiores aldrabões do futebol mundial de regresso ao seu estádio, bem tentaram colocar no Di Fitas o titulo de destaque da partida, mas ficou claro como água que se há alguém que saiu de Lisboa com a áurea bem iluminada, esse alguém foi italiano, logo um italiano numa época onde Itália tem cada vez menos relevância e preponderância no futebol europeu.
Ancelotti é um daqueles raros elementos do futebol que tem conseguido alcançar sucesso tanto como jogador quanto treinador. A uma carreira na Roma e no Milan enquanto atleta, recheada de titulos internos e internacionais (2 Champions Leagues), consegue a proeza enquanto treinador de ser campeão em três campeonatos diferentes (Itália, França, Inglaterra) e ainda adicionar ao seu currículo mais 3 Champions League, fazendo dele seguramente o mais titulado na maior competição de clubes do mundo! "Nascido para vencer" pode ser o titulo da sua biografia, ou então "Um italiano tranquilo", num retrato fiel ao seu comportamento na final do passado sábado, sempre calmo perante o desenrolar do jogo, interpretando-o correctamente e mexendo com precisão. Teve a sorte do seu lado? Fez por merece-la na minha opinião, soube contrariar todos os desafios que o jogo lhe lançou e fê-lo com classe. E acabou com a maldição da décima! Parabens, portanto, a um homem discreto mas talentoso e tremendamente eficaz.
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