31 de Março de 1914, poucos meses antes do começo da Primeira Guerra Mundial, os dirigentes das associações de futebol de Lisboa, Porto e Portalegre, reuniam-se para fundar a União Portuguesa de Futebol, com o Dr. Sá e Oliveira como primeiro de uma longa lista de presidentes que na maior parte da sua história, teve assento na Praça da Alegria em Lisboa.
Mas o futebol não chegou a Portugal nesse dia de Primavera. Já muito antes, a bola de futebol chegara a estas paragens, começando, timidamente a princípio, a conquistar a alma deste povo, tornando-se com o passar dos anos, numa das maiores paixões nacionais, capaz de medir meças ao próprio fado...O Futebol chega a Portugal
Não há certeza quanto ao momento em que uma bola de futebol rolou pela primeira vez em Portugal. Alguns historiadores defendem que foi na Ilha da Madeira, freguesia da Camacha, no lugar da Achada, onde se jogou uma partida de futebol pela primeira vez, corria o ano de 1875. Seria ao inglês Harry Hinton, jovem residente na Madeira que estudava em Londres, que devemos a introdução do «Foot-Ball», em solo português.
Treze anos mais tarde, é certo que uma bola trazida pelos irmãos Pinto Basto, rolou num Domingo de tarde na Parada de Cascais, num jogo que o organizador, Guilherme Pinto Basto, denominou de «ensaio», que seria na gíria da época, a forma como se denominava um treino. Para todos os efeitos, era a primeira vez que se jogava futebol em Portugal continental.
Mas o primeiro jogo de facto só teria lugar só a 22 de Janeiro do ano seguinte, no Campo Pequeno em Lisboa, novamente pela mão dos Pinto Basto. Uma equipa de portugueses enfrentou uma equipa de ingleses, e a vitória sorriu às cores nacionais, numa auspiciosa estreia para o nosso futebol.
Seria ainda Guilherme Pinto Basto o responsável pela fundação do Clube Internacional de Foot-Ball (CIF), fundado em 1902, como uma continuação do extinto Foot-Ball Club Lisbonense (1892), o clube que tinha defrontado o Foot-Ball Club do Porto a 2 de Março de 1894, no Campo Alegre, na disputa da Taça D. Carlos I no primeiro jogo de futebol entre equipas de Lisboa e Porto, que os lisboetas venceram.
Pois meus caros, foi assim que nasceu o futebol em Portugal, este pedaço que trago aqui, é parte integrante da história da fundação da nossa Federação Portuguesa de Futebol. Espero que tenham gostado!
Atualmente a história é esta…
“Se trabalhamos uma equipa com uma defesa subida, bem articulada, para manter uma linha forte, para colocar o adversário em fora de jogo, os jogadores ficam desconfiados se depois, em dois jogos fora [sporting x FC Porto e Nacional x FC Porto], são validados dois golos em fora de jogo. Mais vale jogar mais atrás… Portanto, o quadro vai muito para além de se constatar os fora de jogo, atinge o trabalho semanal que fazemos”.
“O primeiro golo do Nacional é obtido em fora de jogo [as imagens televisivas provam que há dois jogadores do Nacional, à frente do árbitro assistente, em situação de claro fora de jogo]. Criámos várias situações de golo e chegámos ao empate; marcamos outro golo, mas não foi validado, quando era um golo limpo e tudo isso condiciona o estado de espírito dos jogadores que, apesar de terem feito uma boa segunda parte, perderam algum discernimento, fruto daquilo que ia acontecendo. Sentiram que era difícil ganhar assim.”
“É natural que, quando estamos a desenvolver o nosso jogo, quando sentimos que estamos a ser prejudicados, percamos o nosso equilíbrio. Há situações difíceis de aceitar, é difícil falar da equipa quando sentimos que nos estão a desequilibrar”
Luis Castro
Recuando um pouco no tempo…
No dia 11 de Novembro de 1956, jogou-se no Campo da Tapadinha um Atlético x Sporting.
Ao intervalo o jogo estava empatado 1-1 e, pelos vistos, o presidente do Sporting – Carlos Góis Mota – não estava a gostar da arbitragem de Braga Barros, árbitro de Leiria. Vai daí, não esteve com meias medidas, invadiu a cabine do árbitro e, segundo foi referido na altura, de pistola em punho (segundo outras versões tinha a pistola à cintura) “aconselhou-o a tomar mais atenção na 2ª parte pois poderia prejudicar-se”.
Nos segundos 45 minutos as coisas correram bastante melhor aos “viscondes”, que marcaram mais dois golos, tendo o Sporting ganho esse jogo por 3-1.
Para quem não saiba, além de presidente do Sporting, Góis Mota era um destacado membro do regime da época, tendo ocupado os cargos de Procurador Geral da Republica, Comandante e Secretário-Geral da Legião Portuguesa.
Góis Mota faleceu em 25 de Janeiro de 1973. Em 2001 foi distinguido com o Prémio Stromp na categoria Saudade.
Felizmente, os tempos mudaram e, em 2014, os presidentes do Sporting já não invadem as cabines dos árbitros de pistola em punho (ou à cintura)…
Que estes factos não sirvam para manchar a história "imaculada" do Sporting. Toda a gente sabe que o Sporting sempre foi um clube de gente seríssima, acima de qualquer suspeita e que nunca, mas nunca, se envolveu em manobras nos bastidores do futebol...
De certeza que estes casos são uma excepção... quer dizer, também houve os casos do Paulo Pereira Cristovão, do Mário Luís (“o chinês”), do auto-golo de Manaca, da “fruta” para o árbitro inglês Howard King, das máquinas fotográficas para o árbitro Donato Ramos, etc., etc., mas pronto, são situações sem o mínimo de significado!