Vitória natural da Alemanha, pese embora tenha sido a selecção uruguaia quem mais se entregou ao jogo, não se estranhando tal facto, afinal estamos a falar de uma selecção que há 40 anos não se via metida nestas lutas, enquanto que para os alemães a real luta está nas finais, não em finais de consolação. Ainda assim, sem espanto, em 4 jogos de consolação, os alemães venceram 3. Competência e competitividade, algo que falta em larga escala a Portugal, que poderia aprender mais olhando para os seus irmãos europeus e menos para os irmãos de sotaque.
Com 1-0 no marcador a favor dos alemães o mais esperado seria o desenrolar do jogo caminhar para mais uma chapa 4. Errado, a selecção uruguaia primou por deixar ficar ao Mundo a sua imagem de marca: antes quebrar que torcer! Brilhante reacção, muito embora boa parte da responsabilidade seja da displicência de alguns jogadores alemães, de Bastian no golo de Cavani e de Oezil no golaço de Forlan, para a reviravolta no marcador. Mas atenção, nada disto retira o brilho à actuação dos sul americanos, que com a sua habitual garra e crença não permitiram o passeio dos alemães.
Sami Khedira é uma das revelações da prova, se não mesmo A revelação. Grande centro campista, dotado de capacidade para ser o trinco da equipas mas que, surpreendentemente, surgiu neste jogo numa missão "box to box", com grande classe. Já foi associado ao Real Madrid, não é de admirar, José Mourinho costuma escolher alguns nabos (e este ano ja la tem um, de nome Maria) mas também tem um olho clínico, e como o Real Madrid precisa de alguém competente para a posição ocupada por Khedira.
Mesut Oezil tem pinta de craque, mas deslumbra-se com facilidade. Já o conhecia do Werder Bremen, os seus jogos da fase de grupos surpreenderam-me pela positiva, mas assim que começou a fase do "mata-mata", Oezil caiu de produção de jogo para jogo, encaminhando o seu futebol para as inconsequentes jogadas e malabarismos individuais, perdendo a Alemanha com essas atitudes. Ainda é muito jovem, poderá corrigir essa tendência à CR7, até porque joga pela Alemanha e não por Portugal, logo terá um treinador que saberá corrigir-lhe as extravagâncias em prol do colectivo, mas é impossível negar esta evidência: onde teria chegado esta Alemanha com Mueller disponível nas meias finais, com Oezil sem tiques de vedetismo e com Podolski e Klose a 100% fisicamente? Ao título, seguramente.
Por falar em Miroslav Klose, lamento a sua impossibilidade de jogar o encontro que lhe poderia ter valido um lugar na história dos mundiais: ficou a somente um golo de igualar Ronaldo no topo dos melhores marcadores na história da prova. Ainda assim, com 14 golos (5+5+4) distribuidos de forma equitativa nas suas três participações, fica como o mais regular marcador de golos da competição. E, quem sabe, em 2014 com 36 anos, não vai a tempo ainda de dar um jeito de corrigir esta injustiça histórica?
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