Vítor Manuel Martins Baía
Nascido no concelho de Vila Nova de Gaia, Baía começou a jogar futebol no Académico de Leça. Aos treze anos mudou-se para o FC Porto, onde passou a maior parte da sua carreira. Aos dezanove anos foi pela primeira vez chamado à equipa principal por Artur Jorge (treinador português que conquistou a Taça dos Campeões Europeus de Clubes em 1987, com o FC Porto) num jogo contra o Vitória de Guimarães em Setembro de 1989 e não mais perdeu o lugar.
Chegou à baliza da selecção portuguesa com 21 anos. Estreou-se no dia 19 de Dezembro de 1990, num jogo frente aos Estados Unidos, iniciando aí uma década em que a camisola nº1 de Portugal lhe pertenceu quase em exclusivo.
Esteve presente com a selecção portuguesa no campeonato europeu de 1996, em Inglaterra, após o qual se transferiu para o FC Barcelona, de Espanha, transformando-se no mais caro guarda-redes do mundo.
Depois de uma boa primeira época ao serviço do clube espanhol, Vítor Baía sofreu uma lesão, em Agosto de 1997, e o técnico holandês Louis Van Gaal retirou-o da primeira equipa, preferindo o seu compatriota Ruud Hesp. Em Janeiro de 1999, após vários meses sem jogar no Barcelona, Baía, ainda como jogador do Barcelona, regressou ao FC Porto para relançar a sua carreira.
Em 2000 integrou a equipa da seleccção nacional para o Campeonato Europeu de Futebol onde esteve em bom plano ao defender uma grande penalidade nos quartos-de-final de Arif da selecção da Turquia, mas não tendo hipóteses na grande penalidade apontada por Zinedine Zidane que iria eliminar Portugal nas meias-finais.
No ano seguinte, uma lesão no joelho afastou-o dos relvados durante praticamente uma época, o que levou a que muitas pessoas pensassem que iria acabar a carreira.
Contudo, Baía voltou ao seu melhor, recuperando a tempo de representar Portugal no Campeonato do Mundo de 2002, na Coreia do Sul e Japão. Nessa competição, Baía foi titular e injustamente criticado por um país que não conseguiu separar as águas entre clubes e Selecção Nacional.
Todavia, ao serviço do FC Porto, manteve sempre a titularidade, excepto num pequeno período em que se desentendeu com José Mourinho.
Em 2003, Vítor Baía foi o guarda-redes titular do FC Porto na final da Taça UEFA, em Sevilha (Espanha), que a equipa portuguesa venceu por 3-2, após prolongamento ao Celtic de Glasgow e no ano seguinte foi também titular na final da Liga dos Campeões, em Gelsenkirchen (Alemanha), em que o FC Porto ganhou 3-0 ao AS Monaco, tendo mesmo sido considerado o melhor guarda-redes europeu de 2004, pela UEFA.
Esmagado sob o peso dos companheiros. Foi assim que Vítor Baía acabou o último treino da carreira no FC Porto. Esmagado sob o peso do carinho dos companheiros, a festejar exuberantemente um dos dois golos que marcou na peladinha que preencheu a maior parte do último treino da temporada dos portistas.
Foi um treino especial. Por ser o último da temporada para a maior parte do plantel, por ser muito provavelmente o último da carreira para Baía. Por tudo e mais alguma coisa, até por ter começado com um ligeiro atraso, justificado pela necessidade de apoiar os miúdos dos iniciados que jogavam ali ao lado, com o Boavista. Invertendo a lógica habitual, foram as estrelas a vibrar com as habilidades dos miúdos que se deram bem com a atenção extra - e com algumas indicações dos mais velhos - e ganharam o jogo. O treino propriamente dito, tal como o da véspera, ficou marcado pela boa disposição própria dos campeões em vésperas de férias grandes. Houve sorrisos alargados até à gargalhada durante os meiinhos que se estenderam à peladinha e à surpresa de ver Bosingwa e Raul Meireles calcarem luvas de guarda-redes e tomarem conta das balizas. E boa conta, sublinhe-se, com um par de excelentes defesas que desmentem a tal urgência de encontrar um substituto para Baía até porque, pelos vistos, há soluções insuspeitadas no plantel.
Baía, por seu lado, passou o treino ao ataque. Solto na frente, foi o goleador de serviço da equipa que dispensou coletes, um verdadeiro pesadelo para os guarda-redes e um desassossego para os defesas. Marcou dois golos com a facilidade de quem conhece todos os recursos dos guardiões e festejou-os com a exuberância de um miúdo. Abraçou os companheiros e foi soterrado numa montanha de carinho, num abraço colectivo que podia ser confundido com um adeus, mas que teve todo o ar de ser muito mais um...
ATÉ JÁ VITOR!!!
PS: Este foi o post que mais me custou fazer até hoje...