Todos nós já ouvimos falar do caso Calabote. Conhecem-se alguns factos, emitem-se algumas opiniões e fazem-se juízos de valor, muitas vezes baseados em pressupostos falsos. Poucas pessoas sabem, com precisão, o que envolveu este caso que resistiu à passagem do tempo e ainda hoje é referido em várias discussões de futebol. É preciso não esquecer que tudo isto aconteceu há 49 anos, daí ser natural que muita informação se tenha perdido no tempo, muitos dados tenham sido alterados e outros mesmo omitidos, de acordo com algumas conveniências.
Este foi apenas um exemplo do que os benfiquistas querem a todo o custo negar. As evidências estão aqui, é só ter a coragem de as assumir. E no meio de tudo o que vão ter a oportunidade de ler, o árbitro era a questão menor. Não inocente, mas efectivamente menor. O Benfica tinha um ascendente sobre os clubes mais pequenos, controlando-os, fazendo o que bem entendesse, tanto a nível de treinadores como de jogadores. Este ascendente estendia-se aos jornalistas, sempre prontos a defender o seu clube de coração e a criar mitos (como ainda hoje se verifica). Há muitos blogues benfiquistas que se têm dedicado a, segundo eles, repôr a verdade (deles), atribuindo a Calabote o estatuto de história quase ficcionada. O que esses textos que abundam na net (e um célebre *.pdf que o Benfica colocou no seu site) não contam é a história “para além” de Calabote. A história que aqui poderão ler, na íntegra.
O título desta rubrica é CSI – Calabote Scene Investigation, aludindo ao nome de Inocêncio Calabote, um árbitro de futebol. Mas o âmbito deste trabalho vai muito para além deste homem. De facto, como já disse antes, a questão do árbitro que esteve no Benfica-CUF de 1959 é apenas um pormenor, como terão oportunidade de constatar. O conjunto de textos que a partir de hoje se publicam no Pobo do Norte resultam de uma leitura atenta de jornais da época. Quem não acreditar no que aqui se escreve, tem onde comprovar.
CSI – Calabote Scene Investigation (I) - Contextualização
Estamos na época de 1958/1959. Na 25ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o Sporting vence o Benfica por 2-1, deixando o FC Porto à frente da classificação a uma jornada do fim. No entanto, Benfica e Belenenses ainda têm um jogo para disputar entre si. Eis a classificação:
1º FCP – 25 jogos – 39 pts. (78-22)
2º SLB – 24 jogos – 38 pts. (70-18)
3º Belensenses – 24 jogos – 35 pts. (62-25)
4º SCP – 25 jogos – 31 pts. (49-26)
A 19 de Março de 1959, Belenenses e Benfica repetem o jogo que tinha sido anulado por ordem da Federação devido a erros técnicos do árbitro em prejuízo do Belenenses. Na altura do jogo anulado (1 de Fevereiro de 1959), o SLB comandava o campeonato com mais 3 pontos que o Belenenses e mais 4 que o FCP. O Belenenses protestou o jogo. Sendo contrariado pelo Conselho Técnico da Federação, recorreu para o Conselho Juridiscional, que considerou procedente o protesto e anulou o jogo. Recorde-se que a grande rivalidade da época era entre o Benfica e o Belenenses.
Ironia do destino: O Belenenses, que, na altura do primeiro jogo, poderia aspirar seriamente ao título se tivesse ganho (o que não aconteceu, pois ficou 0-0), agora, na repetição, já sabe que nem com a vitória poderá lá chegar, nem sequer melhorar o 3º lugar que ocupa. Quanto ao Benfica, se ganhar este jogo em Belém, pode passar para primeiro lugar, com um ponto de vantagem sobre o FCP, a uma jornada do fim. No entanto, o resultado verificado é... 1-1! E FCP e SLB entram para a última jornada empatados em pontos, mas com o FCP a superiorizar-se no desempate por goal-average geral, com 4 golos de vantagem: mais 7 marcados que o SLB, mas mais 3 sofridos do que a equipa da Luz. Isto porque no confronto directo entre as duas equipas, a questão está igualada, pois nas Antas registou-se um 0-0 e na Luz 1-1... Conclusão: na última jornada o SLB tem de ganhar sempre por mais de 4 golos de diferença em relação aos números da possível vitória do FCP sobre o Torriense.
1º FCP – 25 jogos – 39 pts. (78-22)
2º SLB – 25 jogos – 39 pts. (71-19)
Note-se que o FC Porto foi considerado arredado do título, tendo estado a 5 pontos do Benfica (numa altura em que a vitória vale 2 pontos...). Mudou de treinador durante a competição, e com Bella Gutman chega à última jornada com uma série de 15 jogos consecutivos sem conhecer a derrota.
De Bela Guttman conhece-se a frase "Se a bola não é nossa, marca. Se é nossa, desmarca”, mas não será esta que ficará para a história. É ele que vai levar o FC Porto à vitória no campeonato, depois de ter chegado a meio da época (1958/1959). É húngaro e antes de vir para o FC Porto, treinou em Itália (AC Milan, entre outros) e no Brasil (São Paulo FC). Foi neste país que implementou o seu sistema revolucionário de 4-2-4 que foi adoptado pelo Brasil na primeira vitória num campeonato do mundo (1958, Suécia). Depois do FCP, seguir-se-á a selecção nacional e o Benfica, ao serviço do qual treinará Eusébio e companhia. Será dele, quando sai do Benfica, a tal frase que o imortalizará: "Sem mim, o Benfica nunca mais ganhará uma Taça dos Campeões Europeus". E nunca mais ganhou.
Voltemos à 26ª e última jornada do campeonato naciona de 58/59. O Benfica recebe a CUF (8º lugar e em risco de ir jogar o torneio de mudança de divisão) e o FC Porto vai ao terreno do Torriense (14º lugar e último, em riscos de descer). Portanto, ambos os adversários dos dois grandes têm muito a perder, jogando uma cartada decisiva para a manutenção na 1ª Divisão.
CSI – Calabote Scene Investigation (II) – A arbitragem
1. Penaltis
No jogo Benfica-CUF, Inocêncio Calabote assinala três penaltis a favor do Benfica. Todos os jornais são unânimes em considerar os penaltis como tendo realmente existido, à excepção do primeiro, que origina o 2-0.
O Mundo Desportivo (23/03/59) diz que "...foi à custa de uma grande penalidade inexistente que os lisboetas conseguiram marcar o segundo tento. Cavem foi de facto obstruído (...) e a falta só exigia livre indirecto." E acrescenta: "Talvez por isso o sr. Inocêncio Calabote tenha tido tanto cuidado na apreciação das faltas dos cufistas evidenciando o propósito de, a ter que se enganar, o fizesse em relação à equipa que nada sofresse com a derrota. Assim podem anotar-se-lhe frequentes erros de julgamento, benefícios do infractor e, para culminar, aquele exorbitante "penalty" que deu o segundo golo dos encarnados."
2. Minutos de compensação
Numa altura do nosso futebol em que apenas se pode fazer uma substituição, Calabote dá alguns minutos de compensação. Há jornais que falam em 3 outros em 4. O Presidente da Comissão Central de Árbitros falará, mais tarde, em 5 ou 6 minutos. Note-se que o jogo já começou oito minutos depois da hora marcada, o que leva a que os jogadores do FC Porto fiquem em campo cerca de um quarto de hora depois do seu jogo terminar ouvindo o relato pelos rádios dos adeptos que acompanharam a equipa a Torres Vedras. O entrar em campo propositadamente atrasado é, portanto, um hábito que vem de longe.
O Mundo Desportivo (23/03/59) considera “exagerado (...) o período de três minutos regulamentar para contrabalançar os momentos gastos em propositada demora pelos cufistas". Este jornal fala de três minutos e na crónica do jogo não há referência a qualquer tipo de anti-jogo ou jogo violento da CUF. No Jornal de Notícias, fala-se em 4 minutos de descontos numa “partida que foi jogada a grande velocidade e sem perdas de tempo”. Só A Bola, na voz de Alfredo Farinha, diz que a CUF “queimou muito tempo”. Alfredo Farinha, sim, esse mesmo...
Estes minutos de compensação estarão na base da irradiação do árbitro. No Jornal de Notícias (26/03/59) pode ler-se uma notícia com o título "BENFICA-CUF e o relatório do sr. Inocêncio". O texto é o seguinte: "A Comissão Central de Árbitros decidiu pedir esclarecimentos ao árbitro sr. Inocêncio Calabote sobre certos passos do relatório do jogo Benfica-CUF (...). Naquele seu documento, o sr. Inocêncio teria declarado que o jogo principiou às 15h, terminado a primeira parte às 15:45h. No que respeita à segunda parte, concedeu dois minutos como compensação de tempo perdido, registando o fim do encontro às 16:42.
Atendendo a que o jogo foi minuciosamente relatado pela rádio e seguido com extrema atenção por milhares e milhares de pessoas, estas declarações oficiais do sr. Inocêncio não deixam de reflectir com despudor (para se não ir mais longe...) a todos os títulos lamentável – já pela sujeição voluntária à desconfiança pública, já pelo desprestígio daí decorrente para a função.
E estamos certos de que a CCA, já com obra notabilizada em todos os aspectos da arbitragem (...) não deixará de corrigir esta ofensa à... evidência pública."
O Norte Desportivo (26/03/59) escreve o seguinte título: “Inocêncio Calabote em “maus lençóis”! E acrescenta que “No boletim do jogo SLB-CUF, o árbitro eborense faltou à verdade.” O texto acusa o árbitro de “falsear a verdade num boletim” e revela que “Antes de ser irradiado, esse indivíduo apressou-se em pedir a demissão...”. Mais adiante acrescenta: “Na verdade, o senhor Calabote deu-se ao luxo de redigir o mais falso de todos os boletins de todos os jogos de futebol”, pois, segundo o relatório do árbitro “O jogo principiou às 15h e a 1ª parte terminou às 15:45. A 2ª parte começou às 15:55 e terminou às 16:42 (dei 2 minutos de compensação)”. O Norte Desportivo qualifica este relatório como “...a mais sensacional mentira do ano, com a gravante de ter sido num documento oficial...”. Segundo os dados do jornal, “O jogo SLB-CUF começou às 15:07, isto, 7 minutos depois do das Covas” (nr: Covas era o nome do campo do Torriense, onde jogava o FCP). “O encontro Torriense-FCP terminou às 16:48”. “Se fosse assim, não se teria passado nas Covas o que milhares de pessoas viram, isto é, toda a gente aguardando o termo do embate entre o Benfica e a CUF.”
Nesta mesma edição de o Norte Desportivo, publica-se este curioso texto: “UM RELÓGIO PARA O SR. INOCÊNCIO CALABOTE
Um leitor escreveu-nos a fazer a sugestão que não podemos perfilhar. Pretendia que nas nossas colunas abríssemos uma subscrição para se adquirir um relógio que seria oferecido ao sr. Inocêncio Calabote, de Évora. Dizia o nosso correspondente: “Se o seu relógio se atrasa 5 em 45 minutos, o sr. Calabote corre o risco de chegar ao campo numa 2ª feira para arbitrar um desafio marcado para o domingo anterior” A sugestão tem graça – e não ofende!”
O Norte Desportivo de 9/04 publica o seguinte texto, com muita ironia à mistura:
“O árbitro Calabote respondeu e foi imediatamente suspenso!
Vai ser levantado um inquérito às declarações do juiz eborense que deve ser considerado como o inventor do "relógio-elástico".
Finalmente o sr. Inocêncio Calabote respondeu ao questionário que a Comissão Central de Árbitros lhe enviou, solicitando esclarecimentos sobre a cronometragem do jogo Benfica-CUF, no qual o referido indivíduo interveio como juiz da partida.
O sr. Calabote limitou-se a dar uma resposta ultra-sintéctica, afirmando que no seu relógio eram precisamente 15 horas quando deu o início ao jogo. Isto é, confirmou as declarações que redigiu no boletim. Em face da firme atitude do enérgico árbitro, a Comissão Central que – honra lhe seja feita – pugna pela manutenção do prestígio da causa que orienta, resolveu suspender preventivamente o sr. Inocêncio Calabote até à conclusão de um inquérito a que mandou proceder. A suspensão é admissível, porquanto o regulamento a tal permite.
Assim, para já, o sr. Calabote corre o risco de deixar de apitar, visto que será fácil ao inquiridor colher os elementos indispensáveis para comprometer irremediàvelmente o árbitro.
Não será exagero aifrmar-se que cerca de 500 mil pessoas, pelo menos, tomaram conhecimento da irregularidade da cronometragem no referido jogo. A Imprensa e a Rádio (as excepções confirmam a regra), em coro, apontaram a deficiência. Por conseguinte, não é de crer que um homem só, malèvolamente, fique a coberto de qualquer sanção disciplinar severa.
O sr. Inocêncio Calabote ao reafirmar o que escreveu no boletim fez admitir que inventou um relógio elástico, visto que só concedeu, segundo disse, dois minutos por tempo perdido quando, na verdade, esse prazo atingiu os 5 minutos.”
Sete meses mais tarde, o Mundo Desportivo (12/10/59), numa pequena caixa, num cantinho da página, refere que "O árbitro Inocêncio Calabote, da Comissão Distrital de Évora, foi irradiado após conclusão do respectivo processo disciplinar".
A Bola, do mesmo dia, dá a mesma notícia num cantinho da primeira página e, em 7 de Novembro, publica uma entrevista ao do Dr. Coelho da Fonseca, Presidente da Comissão Central, que justifica a irradiação do árbitro: "O sr. Inocêncio Calabote foi demitido de árbitro por motivos ligados ao prolongamento do jogo Benfica-CUF (...) Como é do conhecimento público, esse jogo principiou cerca de dez minutos depois da hora marcada e teve um prolongamento de cinco ou seis minutos. Tanto o atraso como o prolongamento não constituem, em si mesmos, ínfima matéria de culpa. O erro do sr. Calabote consistiu em pretender convencer-nos, contra as evidêncidas dos factos, de que principiara o encontro às 15h precisas e de que o prolongara por dois minutos apenas. É aqui, nesta atitude escudada e incompreensível, que o antigo árbitro eborense deixa de merecer a confiança do público e da CCA".
Ao Norte Desportivo (15/10/59), o Dr. Coelho da Fonseca diz que Calabote “é (...) um caso de ordem moral. Inocêncio Calabote fez uma coisa em campo, aliás controlada por toda a gente, e escreveu, precisamente, o contrário no boletim de jogo. Isto somado a uns tantos casos já passados com o referido árbitro levou-nos à decisão tomada.”
Agora eu pergunto, por que razão se manteve Calabote fiel à sua versão, se lhe era tão fácil admitir que tinha começado o jogo mais tarde e prolongado o mesmo para além dos limites do razoável? A quem serviria esta teimosia do sr. Calabote? Por quem se sacrificou o sr. Calabote? A resposta está boa de ver...
CSI – Calabote Scene Investigation (III) – Os jogadores
1. Gama e António Manuel
No Estádio da Luz, o guarda-redes da CUF, de nome Gama, foi substituído quando a equipa perdia por 5-1. Os jornais dão conta de que terão sido os próprios jogadores da CUF a pedirem ao treinador que substituísse Gama. De facto, havia algo de errado com aquele guarda-redes.
No Mundo Desportivo (23/03/59) pode ler-se: “Gama, o guardião da turma que a determinada altura foi substituído aparentemente cansado do trabalho aturado que teve de suportar, respondeu-nos quando o interpelámos: "Faz pena, depois de tamanho esforço e tenacidade desenvolvidas verificar que o Benfica não conseguiu o número de golos suficiente para chegar a campeão! E a verdade é que ocasiões não lhe faltaram." Ora, um homem que tinha encaixado 5 golos e via o seu clube ter de disputar um torneio para conseguir a permanência, lamentava o facto de o Benfica não conseguido “o número de golos suficiente para chegar a campeão”. Que pensarão os adeptos benfiquistas donos da moral e da verdade sobre estas declarações?
Uns dias mais tarde, Gama, por se saber alvo de "malévolas insinuações" pediria para ser ouvido pela direcção do clube... O que é certo é que as suas declarações não ajudaram em nada e contribuíram, digo eu, para concluir sobre o ascendente psicológico (para não lhe chamar outra coisa...) que o Benfica tinha sobre os adversários.
José Maria, o guarda-redes substituto, diria: "Os benfiquistas obrigaram-me a trabalho intenso, e confesso que tive de realizar várias defesas em condições difíceis. Quanto ao resultado, considero-o expressivo em demasia, visto que nele interferiu o desacerto da arbitragem." Repare-se na diferença entre as declarações de um e de outro.
Ao Norte Desportivo, o treinador da CUF, Cândido Tavares, declara: “Não posso acreditar no que se diz a respeito de Gama e, embora não seja seu costume falhar tantas jogadas, creio na sua honestidade!” “Simplesmente ele esteve, no domingo, demasiado infeliz.” “Vendo isso, e ainda porque dois dos seus próprios companheiros me solicitaram que alterasse o desempenho posto, mandei-o sair do terreno. Estava muito nervoso, e manifestava sintomas de total desorientação. Todavia daí a aventarem-se torpes insinuações terá de percorrer-se larga distância.” Bem, algo vai mal quando são os próprios colegas a solicitarem a substituição do seu guarda-redes...
2. Torres Vedras
A equipa do FCP no jogo contra o Torreense era composta por Acúrsio; Virgílio, Miguel Arcanjo e Barbosa; Luis Roberto e Monteiro da Costa (cap.); Carlos Duarte, Hernâni, Noé, Teixeira e Perdigão. O presidente do clube era o Dr. Paulo Pombo.
Dias antes do jogo, Monteiro da Costa, capitão do FC Porto, declarava: "Calcule que nesta semana não pudemos realizar um treino de conjunto com todos os nossos jogadores. Faltaram-nos o Hernâni, o Arcanjo e o Barbosa, os três em Lisboa por causa da selecção militar. Eu compreendo os interesses da selecção, mas numa altura destas de campeonato, com um jogo decisivo para a tribuição do título, é, evidentemente, uma dificuldade que nos foi criada". O regime funcionava a favor do clube da capital.
A força psicológica dos jogadores do FC Porto via-se nestas declarações de Pinho: "Para nós o jogo de Torres Vedras inicia-se com 4 golos do Torriense. Ou, começando com 0-4, o FCP tem de ganhar o jogo. Ao ataque – será a palavra de ordem. E se conseguirmos superar aquela margem, seremos campeões."
O Mundo Desportivo refere, na análise ao jogo, a "Dupla tristeza (dos jogadores do Torriense) porque, na maioria, os jogadores além da fuga ao último lugar também desejariam que o campeão se chamasse Benfica..."
A crónica fala de um penalty sobre Carlos Duarte, aos 18 minutos da 2ª parte, cuja "nitidez da falta tornou bizarra a decisão do árbitro, mandando prosseguir o jogo e ignorando a grande penalidade que se impunha assinalar". O Jornal de Notícias também se refere a esse penalti.
Na apreciação ao árbitro Francisco Guiomar, o Mundo Desportivo diz que "...foi muito "caseiro" (aquele penalty negado aos portuenses é inaceitável), contemporizou com a rudeza em excesso por demasiado tempo e regra geral acompanhou o jogo de muito longe..."
Na crónica do jogo fala-se em duas grandes penalidades por marcar a favor do FC Porto e da justa expulsão de Manuel Carlos, do Torreeense, por jogo violento.
Noticia o Jornal de Notícias que, dizia-se em Torres Vedras, "e os jogadores locais sorriam quando em tal lhes falava, que havia um prémio de cinco mil escudos para cada um no caso de conseguirem empatar ou pelo menos sofrer poucos golos." Esse prémio existiu mesmo, como vamos ver mais adiante.
Faltavam 2 minutos para acabar o Torriense-FC Porto, com o resultado em 0-1. Na Luz, verificava-se 6-1.
Nesta altura, as equipas estavam empatadíssimas na atribuição do título. Se assim tudo permanecesse até ao final jorgar-se-ia uma finalíssima entre os dois clubes. O FC Porto marcou o 0-2 e logo a seguir o SLB fazia o 7-1. Tudo na mesma. Um jogador do Torriense de nome Saldanha queimava tempo, chutando a bola para longe antes do recomeço. Por que razão queimava ele tempo, a perder por 0-2 a um minuto do fim? O árbitro, que já o tinha advertido várias vezes durante o jogo pelo mesmo tipo de conduta (atenção que o Torriense também precisava deste jogo para uma eventual, mas difícil, permanência na 1ª Divisão), considerou anti-jogo grosseiro e expulsou-o. No último minuto do jogo, Teixeira faz o 0-3, decidindo o campeonato para o FC Porto. Na Luz, o jogo acabava com 7-1. O FC Porto era campeão nacional por 1 golo:
Ambas as equipas com 17 vitórias, 7 empates e 2 derrotas.
1º FCP – 41 pts. – 81 golos marcados, 22 sofridos
2º SLB – 41 pts. – 78 golos marcados, 20 sofridos
Em declarações ao jornal A Bola, António Manuel, jogador do Torriense, dizia no final: "No meu último jogo ia dando uma vitória ao Benfica e não o consegui, o que lamento como benfiquista. O Porto talvez seja a equipa que pratica melhor futebol mas nós podíamos ter dado o campeonato ao Benfica. Paciência. Como homem do Benfica, sinto muito que assim não fosse." Note-se que o Torriense acabava de descer de divisão e a preocupação deste jogador foi a derrota do SLB no campeonato. Para o Mundo Desportivo, o jogador dizia "O Porto venceu mal. A arbitragem foi nitidamente favorável aos nortenhos." Claro que foi. E tu cheio de pena de descer de divisão.
Como final do campeonato, as competições oficiais iriam para durante 1 mês e meio, antes de se iniciar a Taça de Portugal (naqueles tempos a Taça jogava-se depois de o campeonato ter acabdo). Durante esse período, os clubes fizeram vários jogos particulares para não perderem a forma, tendo o Torriense feito dois jogos "de amizade" com o Benfica, um em
cada campo...
Virgílio, o Leão de Génova, jogador do FC Porto, com “os olhos humedecidos”, dizia ao Jornal de Notícias: "Pensava em ganhar, mas nunca julguei que custasse tanto. E já agora, um segredo: quando soube que o Benfica entrara em campo mais tarde 10 minutos para saber do nosso resultado, confesso que desanimei e julguei tudo perdido! Sabe o que nos valeu? Termos marcado muito tarde o segundo e terceiro golos! Lamento a maneira como os torreenses se portaram connosco. Mas tiveram o pago! Os jogadores e o público acenando-nos com lenços a 10 minutos do fim!... Lamentável!"
CSI – Calabote Scene Investigation (IV) – O treinador-adjunto do Benfica
Quem é Valdivielso?, perguntam vocês. Ora bem, este senhor era o treinador-adjunto do Benfica e surgiu, para surpresa e espanto de todos, no jogo Torriense-FC Porto, sentado no banco de suplentes do Torriense. Sim, leram bem. Não sei o que os adeptos benfiquistas que pugnam pela verdade desportiva pensam deste facto, nem sei se conseguem ter o discernimento para pensar nas implicações desta situação. Será que conseguem? Não vou fazer mais comentários, apenas deixar uma pergunta no ar: que tipo de ascendente tinha o Benfica, naquele tempo, sobre os clubes de menor dimensão, que lhe permitia ter atitudes destas? Passo a transcrever o que os vários jornais disseram sobre o caso. Note-se o tratamento dado à questão pelos jornais lisboetas.
O jornal A Bola, dá conta desta situação numa caixinha pequena na última página. O texto diz o seguinte: "Surpreendeu toda a gente a presença de Valdivielso, treinador-adjunto do Benfica, nos bancos dos técnicos do Torriense. Na verdade, o técnico benfiquista "viveu", longe da Luz, os "assaltos" finais deste emocionante campeonato.
Findo o jogo fomos encontrar Valdivielso, chorando na cabina do Torriense. Quisemos saber a razão da sua presença e acabámos por ser esclarecidos por Fernando Santos, orientador técnico da equipa de Torres Vedras, que nos afirmou: - Vldivielso não teve qualquer interferência na orientação da equipa, nem nós a aceitaríamos sequer. Veio a Torres como espectador e só por deferência esteve sentado junto a mim."
O Mundo Desportivo (23/03/59) apresenta um desmentido, através do qual Valdivielso diz que chegou à porta do campo e o fiscal negou-lhe a entrada porque o cartão não tinha validade. Os bilhetes estavam esgotados e dificilmente conseguiria lugar na geral. Foi saudar os treinadores do Torreense e contou-lhes o sucedido. Estes, "como cavalheiros", convidaram-no a sentar-se no banco, o que aceitou. Disse ainda que foi ver o jogo para observar um jogador do Torreense num jogo de responsabilidade com vista a futura contratação.
O Jornal de Notícias diz que Valdivielso orientou o Torriense no jogo com o FCP, tendo feito "uma longa prelecção antes de iniciado o encotro e deu novamente as suas instruções no intervalo do encontro".
O Norte Desportivo(26/03/59) publica uma imagem de Valdivielso no banco do Torriense. Com o título: “O treinador Valdivielso sujeitou-se a uma comédia imprópria dos desportistas”, o jornal denuncia “outras armas utilizadas e que transcendem a rotina para merecerem a classificação (lisonjeiro, acentue-se) de comédias...”. E adianta que “Antes do encontro, o treinador-adjunto dos encarnados esteve nos vestiários da equipa local e ali ministrou uma prelecção de ordem técnico-táctica. Depois acompanhou a equipa aé ao terreno e, com o mais espantoso à-vontade, sentou-se no chamado banco dos técnicos...”. E acrescenta: “Durante o jogo (...) deu instruções para o campo, fez gestos teatrais, refilou com o juiz-de-linha e até interferiu num ligeiro episódio com Hernâni”. E conclui: “Fernando Santos (nr: treinador do Torriense) é um indefectível benfiquista que reside há uma dezena de anos em Torres Vedras. Ambos prestaram um péssimo serviço à ética desportiva.”
O mesmo jornal, em 29/03, escreve: “Muitos leitores escreveram-nos e telefonaram-nos para aplaudir a censura que mereceu a atitude de Valdivielso (...) Alguns salientam a coragem que nos caracterizou. Coragem? Há exagero no emprego da palavra. Coragem teve-a o senhor Valdivielso ao desafiar, ostensivamente, o senso crítico de quem viu adoptar o comportamento que mihares de pessoas verificaram. Como estrangeiro, que presta serviço num clube português, o sr. Vladivielso devia ter estudado atentamente as consequências da sua atitude”.
E em 02/04, publica uma entrevista António Costa, defesa do Torriense, na qual ele diz: "Bem, ele não nos treinou. Esteve na cabina a conversar connosco e, depois, foi sentar-se no banco dos nossos técnicos. Mas não nos deu indicações algumas." "A verdade é esta: receberíamos, por intermédio dele, um prémio se vencêssemos ou perdêssemos com o Porto por margem escassa." "Cinco contos a cada jogador". "... quero esclarecer um ponto: Valdivielso não chorou na cabina, por termos perdido. Limitou-se a regressar a Lisboa com o dinheiro..."
O jornal Record resolve ignorar o assunto, mas vai mais longe. Pouco tempo depois, publica uma foto de Valdivielso sentado no banco do Casa Pia, num jogo particular desta equipa. Em tom de gozo, o jornal “alerta” para mais esta situação, como se fosse assunto para brincadeiras. A intenção é atingir aqueles que criticaram o comportamento do argentino. O Norte Desportivo foi um dele e não deixa o assunto cair no esquecimento. A 16/04, o jornal publica o seguinte artigo:
“VALDIVIELSO disfarça e um jornal aplaude
Causou a mais viva impressão a atitude de o Norte Desportivo ao censurar, sem evasivas, o prodecimento de José Valdivleilso, treinador-adjunto do Benfica, que por ocasião do jogo das Covas, disputado entre o Torriense e o FC Porto, se sentou no "banco dos técnicos" do clube de Torres Vedras e, com o mais espantoso descaramento, desatou a dar instruções aos jogadores do Torriense, manifestando o propósito declarado de ser hóstil ao FC Porto, numa partida cujo resultado interessava sobremaneira aos encarnados.
Um dos jornais que nada disse sobre a estranha como condenável atitude do treinador estrangeiro, que presta serviços num clube português, entendeu "colaborar" na sinistra manobra do sr. Valdivielso, publicando fotografias, decerto prèviamente estudadas, com o evidente intuito de diluir a gravidade da situação.
Trata-se do Record que não se sabe bem porquê decidiu, capciosamente, destruir a argumentação e as provas apresentadas pelo nosso jornal, conferindo a Valdivielso uma auréola de ingenuidade, admitindo como natural e defensável (!) o rosário de tristezas de que ele foi o principal intérprete.
Tendenciosamente, o Record procura estabelecer a confusão, comungando ostensivamente com o estilo do sr. Valdivielso. Este disfarça (desta vez surgiu sem óculos) enquanto um jornal aplaude.
Foi pena, realmente, que Record não tivesse iniciado a sua excelente campanha com a publicação da célebre fotografia do campo das Covas (nr. Campo do Torriense).
A provocação do sr. Valdivielso, ao sentar-se agora no banco do Casa Pia, representa um desafio à autoridade da Federação Portuguesa de Futebol. Indevidamente, embora os intuitos sejam claros, o treinador-adjunto do Benfica tomou lugar num banco de uma equipa estranha, com a agravante de se tratar de um jogo oficial.
Esperamos que a FPF se decida a zelar pela defesa da moral desportiva – punindo severamente um treinador que tão deploráveis exemplos dá aos jogadores que orienta.
A "mistificação-Valdivielso", lamentàvelmente estimulada por quem devia censurá-la, só representa um péssimo serviço prestado ao Desporto Nacional.”
José Valdivielso não seria punido e tornar-se-ia mesmo o treinador-principal do Benfica.
CSI – Calabote Scene Investigation (V) – Os jornalistas
1. Aurélio Márcio
O jornalismo afecto ao Benfica lamentava, com alguma subtileza, a perda do campeonato. Veja-se, a título de exemplo, o artigo de Aurélio Márcio, em A Bola:
"O Benfica seria campeão em França e Inglaterra
O FCP conquistou o título por um golo, que tanto pode ser o de Teixeira como o da CUF. Em França e Inglaterra, porém, o SLB seria campeão, pois o seu quociente (3,9) é superior em relação ao do FCP (3,6) (Nota: o quociente calculava-se dividindo o total de golos marcados pelo total de golos sofridos).
Fazemos votos para que numa próxima reforma do regulamento geral da FPF se recorra todos os meios de desempate, menos aos jogos extra, que não condizem com o espírito da competição."
O Norte Desportivo faz uma notícia bem corrosiva como resposta ao texto de Aurélio Márcio:
“O Benfica ficaria campeão em Inglaterra e em França, mas...
... em Portugal o campeão é o FCP.
Alguns colegas nossos do sul têm descoberto muitas coisas. São, realmente, uns verdadeiros sábios e, os seus devaneios, caprichosos, saem da vulgaridade. Agora descobriram que o SLB, se fosse na França e na Inglaterra, teria ficado campeão, pois seria utilizado o coeficiente de golos de golos. E foram tão”perfeitos” que até fizeram contas a demonstrarem que são excelentes aritméticos...
Mas a despeito dessas obrigações, ao simpático e popularíssimo Benfica o que interessava era ficar campeão de Portugal. Ora esse intuito é que não se corporizou, pois o campeão é o FCP.
Foi pena que os nossos ilustres colegas não informassem a multidão de quem ficaria campeão da Indochina, nas Filipinas ou na Patagónia.”
Excelente!
2. Alfredo Farinha
Talvez o mais nítido exemplo de jornalismo vermelho esteja na edição do jornal A Bola que fez a cobertura do jogo Benfica-CUF. Leia-se com atenção:
Título de primeira página: “JOGO EMPOLGANTE E DRAMÁTICO DE UM CAMPEÃO MALOGRADO”
Título no interior: "A EQUIPA CUFISTA QUEIMOU MUITO TEMPO!"
Excertos do texto, assinado por Alfredo Farinha:
"Estava escrito! Estava escrito que o Benfica perderia o campeonato! Eram estas, no final do empolgante e dramático jogo da Luz, as duas frases que britavam dos lábios de uma grande parte dos adeptos benfiquistas. Nem um grito de revolta, nem uma recriminação, nem um queixume. Apenas esta frase, dorida, magoada, empregnada de resignação e conformismo: "Estava escrito!".
Ela bastava, porém, para dizer tudo: para fazer justiça á grande e desafortunada exibição dos jogadores "encarnados"; para evocar as muitas oportunidades de golo perdidas por alguns dos seus avançados; para lastimar as atitudes de exacerbada hostilidade dos jogadores cufistas; para gritar o seu protesto contra a fatalidade de um campeonato perdido nos derradeiros instantes.
Mereceria o Benfica ter perdido este campeonato?
A pergunta talvez não tenha cabimento nas linhas desta crónica, que tem de cingir-se, apenas, aos acontecimentos do encontro da Luz. Calma e imparcialmente, porém, hemos de convir que na medida em que a questão do título estava dependente do número de golos que o Benfica marcasse na Luz, os seus jogadores e adeptos têm razão para se sentirem injustamente despojados do triunfo final. É que, independentemente das circunstâncias em que decorreram os últimos minutos deste histórico domingo de futebol; indepentemente mesmo do grande nível da exibição produzida pela equipa "encarnada", o Benfica poderia, deveria e merecia ter vencido a CUF por diferença superior a 6 golos"
(...)
"...a CUF não jogou, exclusivamente para si, mas também para uma outra equipa (a do FC Porto) que estava á margem da luta travada na Luz. Se assim foi – e por legítima temos a presunção – cremos existir aqui um problema de ética, digno de, em melhor oportunidade, ser devidamente apreciado e analizado"
(...)
Até que ponto é lícito a uma equipa defender, contra outra, de maneira ostensiva e contrária ás leis e espírito de jogo, os interesses de uma terceira? Não será esse procedimento tão incorrecto e antidesportivo como o inverso, isto é, o de facilitar, propositadamente, com o fim de prejudicar os interesses doutrem, a vitória do adversário? As perguntas aqui ficam, por ora sem resposta. Mas talvez valha a pena, em próxima oportunidade, tomá-las para tema de um artigo.”
Esta prosa quase nem merece descodificação. Está lá tudo, para quem tinha dúvidas. Lamentavelmente, o senhor Alfredo Farinha não se pronunciou em termos críticos, nos tempos seguintes, sobre a demora propositada em começar o jogo na Luz, ou sobre as declarações dos jogadores do Torriense, do próprio guarda-redes da CUF, ou sobre o caso do treinador-adjunto do Benfica, sentado no banco de suplentes do Torriense. Confirma-se, afinal, que, tal como hoje, a verdade desportiva só tinha uma cor: o vermelho.
Mais excertos, desta vez do texto sobre "O ambiente... fora do jogo"
"O Benfica entrou em campo com mais de 5 minutos de atraso. Alguém, perto de nós, alvitrou tratar-se de um estratagema, com o fim de manter o público e os jogadores ao corrente do que se passava em Torres Vedras.
Por essa ou outra razão, o certo é que, ainda o jogo não tinha começado e já um longo sussurro de sofrimento percorria as bancadas.
- O Porto já está a ganhar por 1-0!...
Mas não era verdade. Os portadores de aparelhos de rádio apressaram-se a desfazer o descoroaçante boato. E, desfeito o acabrunhamento do terrível pesadelo, as turbas tornaram a erguer-se, frenéticas, clamando:
- Benfica! Benfica! Benfica!
E foi como se a equipa encarnada tivesse marcado o seu primeiro golo antes de se dar o primeiro pontapé na bola...
(...)
E quem poderá contar os dramas íntimos de cada um? As lágrimas que não puderam chorar-se? Os gritos de dor que ficaram represados nos peitos?
Quem poderá apreciar, medir, descrever, a tristeza daquele lento, arrastado, quase lúgubre, debandar do Estádio da Luz?..."
Texto bastante riquíssimo do ponto de vista literário, sem dúvida. Mas estamos a falar de um jornalista. Imparcialidade? Não, isso era coisa estranha para os lados do jornalismo de Lisboa. Com este tipo de prosa, estou certo que se fabricou muito mito benfiquista. E, claro, omitiu-se muita matéria passível de censura.
Como curiosidade, o título de primeira página de A Bola sobre a vitória do FC Porto em Torres Vedras é um seco “OS PORTUENSES VENCERAM A SUA PRÓRIA ANSIEDADE” (da autoria de Aurélio Márcio).
CSI – Calabote Scene Investigation (VI) – Conclusões
TORRIENSE-FC PORTO:
- O treinador-adjunto do Benfica sentado no banco do Torriense, numa demonstração de domínio sobre os clubes mais fracos e subservientes ao Benfica.
- Os jogadores do Torriense a queimarem tempo, mesmo estando a perder e precisando do jogo para não descer de divisão.
- No final, um jogador do Torriense lamenta-se por... não ter conseguido dar o campeonato ao Benfica. Sintomático.
BENFICA-CUF:
- O jogo começa com muitos minutos de atraso.
- O árbitro, que era de Évora, marca 3 penaltis a favor do Benfica. O primeiro, curiosamente, falso como Judas.
- O guarda-redes da CUF é substituído depois do 5º golo do Benfica, a pedido dos seus colegas de campo. No final, lamenta que o Benfica não tenha conseguido os seus objectivos.
- O árbitro dá mais 4 minutos de descontos, mente no relatório e permanece fiel à sua versão. A soldo de quem?