Escrever com 39,5° de febre pode não ser a
melhor das ideias, mas estou farto de estar deitado na cama sem nada para fazer
e passou – me esta ideia pela cabeça: isto hoje ou sai alucinado ou sai
iluminado. Aqui ficam os meus pensamentos sobre o que de relevante sucedeu
desde a passada segunda-feira. Note-se, por favor, que existem diferenças entre
os diferentes intervenientes, embora todos sejam asininos, não são todos
burros: temos de tudo, como se vê na foto: de burro a jumento, de mula a asno.
Siga a festa.
Cristiano Ronaldo voltou a vencer
o prémio de melhor jogador do mundo. Com este troféu são já 3. Lionel Messi
leva 4. Nos últimos 7 anos só tivemos estes dois sujeitos. Se a malta que vota
no futebol fosse a mesma que atribui os oscares, teríamos por esta altura a
Meryl Streep a receber a sua 20º estatueta dourada e o Al Pacino a sua 15ª. E
porque não, diriam os puristas? Realmente, porque não, são seguramente melhores
actores do que muitos que nas últimas duas décadas têm ganho a tão ambicionada
estatueta e que só se destacaram por um filme que lhes valeu a glória. Mas,
pergunto eu: não é esse o objectivo do prémio? Consagrar aquele que no ano
findo realmente se destacou, mesmo que não seja o melhor somando o seu CV? A
Academia de Hollywood pensa assim. E pensa bem. O circo de treinadores,
capitães e jornaleiros pensa diferente. Ou nem pensa, muito provavelmente. Só
assim temos nos últimos 15 anos futebolistas geniais como Del Piero, Bergkamp,
Henry, Raul, Scholes, Xavi, Robben, Nedved, Mueller, Seedorf, Drogba, Yaya
Toure, Iniesta, Ibrahimovic, Buffon, Pirlo, Maldini, Etoo, assim de repente
surgem-me estes 18 nomes de extraordinários atletas que, seguramente, ao longo
das respectivas carreiras, tiveram pelo menos um ano notável, um ano
excepcional, que lhes poderia valer a distinção. Mas a culpa já vem detrás, com
as tripletas de Ronaldo e Zidane, como se o desporto rei do planeta tivesse
apenas um fenomenal atleta e milhares de subalternos. Ainda bem que ganhou
Cristiano Ronaldo, apenas e só porque se não fosse ele seria o vomitador
argentino, e isso seria ainda mais inconcebível, para pouca vergonha já bastou
o titulo de melhor jogador do mundial que lhe atribuíram, pelos vistos ainda
houve quem pensasse que merecia nova distinção. E um dos que assim pensaram foi
um sujeito a quem muitos carinhosamente chamam de bicho. Eu não sei a que
bicho se referem concretamente, mas depois de ver a respectiva votação só posso
desconfiar de dois: ou jumento ou asno. Qual é Jorge Costa?
Adiante. O Benfica foi a Cabo
Verde em missão de solidariedade. Parece que em Portugal não há já mais de um
milhão de portugueses efectivamente a viver em pobreza, em alguns casos
extrema. Provavelmente a escumalha de vermelho poderia ter saído do seu estádio
e percorrido menos de 1000 metros até encontrar gente, benfiquista, a passar
fome e a precisar de ajuda e emprego. Mas não, em Africa precisam da Fundação
Benfica. Quando era miúdo ouvia muitas vezes dizer que OMO lavava mais branco
mas desconfio que nos tempos que correm quem lava mais branco, ou mais branca
como preferirem, é África. LFV, há mais de uma década a fazer de burro 6
milhões de lampiões. E a enriquecer fortemente pelo meio. Seria de pensar que as mulas da cooperativa estariam em vias de extinção mas por cá não faltam e adoram vermelho...
Para fim de festa fica o K. O K
perdeu o seu espaço, o espaço K. Não sei há quanto tempo o espaço K tinha
desaparecido do museu mas deduzo que nem no museu o queriam ver quanto mais ao
vivo e a cores. A cores é como quem diz, a preto. E a branco quando sorri. Foi
recambiado para o Brasil, e só volta lá para o fim do ano, se voltar. Não
serviu de muito ao K ter-se armado em palerma e fingido ser mais adepto do
clube que o mais tontinho dos adeptos, nem ter torcido em finais europeias
contra o arqui rival e festejado essas derrotas. O K aprendeu (duvido, mas
deixem-me sonhar) uma lição: o que um adepto de futebol quer, acima de tudo,
dos seus jogadores, é golos e exibições. Se gostam de tomar no cu ou andam a
fazer campanha pelo bloco de esquerda, mesmo que isso provoque hemorroides
cerebrais em 90% deles, tudo estará perdoado. Agora um jogador que não se
esforce, por muito adepto que seja, nunca será desejado. O K foi-se. Ficou na
memória um golo. O do último titulo. O que eu desejo ao K, é apenas e só isto:
que daqui a 20 anos ainda te entrevistem sobre esse golo, por corresponder ao
ultimo titulo nacional do clube.
PS:
Não posso deixar passar em claro
o urro, qual mula com cio, do CR7. Meu caro Ronaldo, que em 10 anos não tenhas
ainda conseguido ganhar à vontade perante centenas de pessoas num auditório e
perante a ideia de milhões a ver-te e a escutar-te via tv, ok, eu compreendo.
Nem todos temos naturalidade e encanto para sermos prima donnas das tvs e
rádios piratas. Mas entre a falta de naturalidade e a idiotice a distância
ainda é grande. Já não tens 20 anos para zurrares ao vivo e a cores. Se querias
acrescentar algo mais ao teu discurso oco e habitual, ainda mais chato que
ouvir a besta que representa os profs e stores tugas, bem, que tal isto: “Je
Suis Charlie”. Sim, eu sei, quem tem cu tem medo, mas lá que exibirias um par
de tomates que impressionaria a Irina que estaria aquela hora a fazer sabe Deus
o quê, lá isso impressionaria. Ou então uma palavrinha para as dezenas de
crianças assassinadas no Paquistão apenas por irem à escola. Ou em relação às
meninas-bomba que são a moda por estes dias na Nigéria. Sei lá, qualquer coisinha
menos repetir os mesmos discursos, para ouvir palermas a dizer palermices já
temos o partido dos comunas e filiais adjacentes, tinhas um microfone aberto
para o Mundo e o melhor que conseguiste fazer foi o mesmo que um caloiro: Yó
Yó. Deus te conserve esses pezinhos por muito tempo, com a boca não vamos lá…
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