Ora aqui está uma prenda do Tribunal do Futebol. Um post dedicado a um grande Famalicense, presença assídua desde sempre aqui no Blog!
Esta é parte de uma entrevista a Zé Eduardo, José Eduardo, José dos Croquetes ou Zé das Bifanas! O parte pernas!!
Como é que começou?
Tarde, no Domingos Sávio. Depois joguei no Atlético, numa equipa óptima. Tínhamos todo aquele ambiente, os dérbis com o Belenenses, às vezes ganhávamos no Restelo e depois perdíamos na Tapadinha... aquilo era a Lisboa boémia, a vida de bairro que hoje passa ao lado de muita gente – não houve uma senhora que morreu e só a descobriram oito anos depois? Isto não é possível!E Portimão?
Joguei com o pai do João Moutinho, o Nélson Moutinho. É terra de pescadores, quando lhes caímos no goto adoram-nos. Quando ia ao cais ofereciam-me peixe, até chegava a ter vergonha.Já ganhava dinheiro?
Ganhava, mas se lhe disser quanto você ri-se. Quando estava no Atlético ganhava dez contos por mês, o que era uma fortuna! Tinha o meu carro, era independente, solteiro... ouça! Em Famalicão treinava e ia para as aulas do ISEF, no Porto – sempre pensei que ia ser treinador. Tinha a primeira aula (natação) e o sacana do professor, sabendo que jogava futebol, punha-me a fazer piscinas. Deixava-me num estado lastimável! Mas tinha algum dinheiro, andava de carro e dava boleias. No final da época os meus colegas fizeram um jantar para me agradecer as boleias. Eu era solidário, tinham pouco dinheiro e ia almoçar com eles na cantina. Sabe como são as cantinas! Passava uma fome! Parecia um pau, magro, mas andava lá com gosto!Que equipa era essa no Famalicão?
Vítor Oliveira, Jaques e Tibi, que lá no Norte se dizia "Tivi". O primeiro guarda-redes – dizia ele com piada – que socava a bola com a mão direita e com a mão esquerda.É nessa época, 78/79, que parte a perna ao Jordão. Como é que fez isso?
Quantas vezes é que já jogou à bola, quis dar uma cacetada num tipo e não conseguiu? E quantas vezes acabou por dar sem querer? Foi uma coisa incrível, tenho tudo gravado na cabeça. Pensei que o Jordão estava a fazer fita e ainda o insultei quando ele estava no chão. "Levanta-te meu maricas, meu pane..."; levanta-te lá, estás a fazer a ronha!" Depois gerou-se aquilo tudo: o treinador do Sporting saiu do banco, deu a volta ao campo e veio insultar-me, tinha o estádio todo contra mim...Pois, o jogo era em Alvalade.
Foi do lado da bancada sul, antigo peão! O resto do jogo foi a equipa do Sporting a tirar de esforço comigo. Lembro-me do Keita, num canto, a ver se me pisava. No final do jogo os sócios assobiavam, faziam-se aos jornalistas. O falecido Neves de Sousa, que teve o azar de dizer que o lance lhe pareceu sem intenção, acabou por ver a cabine de rádio invadida. Tomei banho, tinha o meu pai à minha espera na porta 10 A, mas lá fora estava um ambiente de cortar à faca. Pego no meu pai, avanço e abrem-se alas... Oiça! Naquela altura bastava um tipo dar-me um toque e eu era linchado ali, bastava o clique! Quando chego à porta do autocarro, o treinador do Famalicão [Mário Imbelloni, um argentino que até treinou o Sporting em 1959/60 passou à minha frente e levou com uma pedra que lhe abriu a cabeça! Aquilo era para mim. Entrámos no autocarro e eu, armado em campeão, sentei-me no lugar do guia. Campeão do mundo! Chegamos à churrasqueira [do Campo Grande] e o autocarro parou, com polícia atrás e à frente, veio um velhote com um miúdo (depois vim a saber que era o avô e o neto) e bateu na porta do autocarro. Disse ao motorista para abrir, porque o senhor queria falar – eu é que estava a dirigir aquela orquestra toda! – e a polícia de choque dá-lhe com o cassetete nas costas. O homem cai de joelhos e diz: "Eu sou de Famalicão, só queria apoiar a equipa!" E o miúdo a chorar! Arrancámos, pedrada de malta que estava atrás das árvores e eu ali à frente. No dia a seguir estava doente, não me conseguia mexer com os nervos. Aguento muito bem o stresse, mas isso paga-se mais tarde, no dia a seguir.O pior é que se tornou colega do Jordão!
Meses depois era jogador do Sporting. Na noite da lesão do Jordão cheguei a casa e disse à minha mulher: Sporting acabou-se, agora só Benfica ou FC Porto. Era sportinguista mas tinha as portas fechadas, de Rio Maior para cima era um tipo fantástico, daí para baixo era um bandido. Bom, hoje o Jordão é um dos meus irmãos. Quando cheguei, nos primeiros treinos estávamos sempre lado e éramos fotografados juntos. O Jordão era um senhor e é um grande amigo.
Amigo Mitico, espero que tenhas gostado deste especial Taça de Portugal!!!
5 comentários:
Obrigado autor pelo humor e sentido irônico deste post. Mas como toda a gente sabe o Famalicao para mim é um clube que não simpatizo minimamente e estou me nas tintas para ele. 1000 adeptos de comboio??? A grande maioria deles antes do jogo no WC de Alvalade deve ter ido ao museu Cosme Damião e prestar homenagem ao moçambicano ...
Zé Eduardo partiu a perna a rui Jordão ???? A defender as cores do Famalicao?????????
"Croquetes" de piada nisso :)
Todos sabemos que o nosso amigo Mit(arski)ico simpatiza com o Famalicao!!!
Caro picareto: sou tão simpatizante do Famalicao como tu do Boavista!!!!!!
O mitarsky era um bom jogador. O lula, o secretário, o tó ferreira... Também eram!
Tenho dito!
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