Nota Prévia: Este post é uma cópia integral de um post publicado no blog bibo-porto-carago.
Um homem tristemente célebre chamado Joseph Goebbels disse um dia que "uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade". Chegados a 2013, a infame frase continua a fazer escola, sendo levada à letra por muitos departamentos de comunicação e diferentes personalidades, sejam quais forem as suas áreas de actuação e objectivos.
Nos últimos tempos temos assistido a mais um festival de antiportismo, desta feita vindo do lado verde da 2ª Circular. Depois de anos de desilusão e de um trágico quase triplete do lado vermelho, heróis precisavam-se para combater o monstro azul e, no meio da depressão da capital, eis que surge em cena Bruno de Carvalho. Utilizando a retórica habitual, o novel Presidente leonino tem feito o seu percurso sem grandes novidades, sendo uma mera cópia de tantos outros, como já tive oportunidade de abordar AQUI. Naturalmente que tal postura é bem recebida pelos círculos habituais, não sendo brindado com epítetos como “incendiário”, “imaturo”, “nocivo para o futebol português” ou “hipócrita”, como provavelmente seria o caso se presidisse aos destinos do FC Porto e tivesse semelhantes atitudes. Mas adiante...
Ao sentar-me para escrever este texto tive a vontade de, mais do que olhar para o presente, ir buscar uns tesourinhos do passado e comparar com as narrativas que por ai circulam, uma vez que, ontem como hoje, o que interessa é repetir até à exaustão uma ideia e torná-la “verdadeira”.
Antes de começar a viagem, queria deixar um agradecimento a Portistas como o Paulo Bizarro (do blog Filhos do Dragão - paulobizarro.blogspot.pt) e o 4lusos (nosso colega de blog), gente que tem feito um trabalho discreto mas extraordinário de colocar online um grande número de jogos do passado, permitindo-nos tirar as nossas próprias conclusões e comparar com aquilo que a intelligentsia lisboeta tem escrito ao longo dos anos.
Vamos então ao enquadramento geral. Conforme já tive oportunidade de abordar AQUI, é unanimemente considerado que a chegada da dupla Pinto da Costa / Pedroto aos comandos do FC Porto e as suas “línguas afiadas” marcaram a ascensão do FC Porto num percurso forjado a partir de uma guerra sem precedentes no desporto nacional. É portanto aceite como verdade absoluta e indiscutível que desde 1976 as gentes do Porto tornaram-se especialistas em receber mal, usam todo o tipo de estratégias para chegar às vitórias e transformaram-se em autênticos fomentadores de terror. Nesse texto contestei essa conclusão amplamente difundida pelos nossos rivais, mas será que as imagens comprovam essa minha discordância?
- 1982/83 - Campeonato Nacional: FC Porto - Benfica (0-0)
Caminhava para o final o primeiro campeonato completo da presidência de Pinto da Costa, por entre polémicas e acusações graves às arbitragens e com derrotas contestadas na Amora e em Setúbal. No meio de um clima crispado, a vitória era fundamental para manter vivas as esperanças do título.
Reparem aos 0:17 a forma hostil como os adeptos encarnados foram recebidos. Vejam ao 1:10 como os pobres jogadores do Benfica foram agredidos enquanto tentavam alcançar a pé a entrada do departamento de futebol, sendo que a testemunhar tal recepção vemos ao 1:30 o actual subdirector d’A Bola José Manuel Delgado, na altura aquecedor de bancos e hoje um talibã do regime. E, se ainda tiverem paciência, poderão observar aos 6:35 como o departamento médico do FC Porto tentou agravar a lesão de Filipovic.
- 1983/84 - Final da Taça de Portugal 82/83: FC Porto - Benfica (0-1)
Marcada para as Antas muito antes de se conhecerem os finalistas, esta final foi boicotada pelo Benfica, que a tentou levar de volta para o Jamor. O jogo acabou por se realizar nas Antas, sendo no entanto disputado no início da época seguinte, a 21 de Agosto. A lenda urbana diz que os vermelhos foram mal recebidos e que conquistaram a vitória num clima de guerra, após a célebre assembleia geral onde Pinto da Costa proferiu a frase “Lisboa não pode continuar a colonizar o país, o desejo deles é que o FC Porto desça de divisão”.
Bom, muito poderia ser dito sobre o inferno montado em torno dos vermelhos, mas fico-me pelos 2:13. Repare-se a forma como Pedroto maltrata Eusébio, dizendo-lhe que “pode treinar qualquer equipa, em qualquer parte do Mundo”!
Podia ter dado outros exemplos para contrapor outras narrativas, repletas de “verdades” amplamente difundidas e assentes em relatos de favorecimentos descarados, de penalties e livres cavados pelos azuis e brancos em períodos “negros” como os finais dos anos 80 e inícios dos anos 90. No entanto, a frieza das imagens que agora temos disponíveis ajuda a verificar que afinal não era bem assim e que, por muito que lhes custe admitir, o FC Porto por entre climas de guerra em Lisboa, Faro, Guimarães, Portimão, Chaves, Braga entre outros, foi simplesmente mais forte, muito mais competente e quebrou a harmonia dos 3 campeonatos para o Benfica e 1 para o Sporting com todo o mérito.
Um bem-haja portanto a quem nos proporciona a oportunidade de ver com os nossos olhos aquilo que nos tentam esconder... O problema para quem nos detesta e inveja é que a liberdade e a democracia já existem desde 1974 e o “Portugal perfeito” que a Delta ainda nos apresentava em 1988 já é há muito uma mera recordação dos tempos da “velha senhora”.
Parafraseando o Presidente Pinto da Costa, "Anjos não sei se somos ou não, mas anjinhos não somos de certeza"!
Retirado daqui