Laurentino, o Porto e as eleições de Junho

Se não estivéssemos ainda no rescaldo (fumegante) da guerra dos estatutos da FPF; se, há nove meses, Pinto da Costa não tivesse sido testemunha de Carlos Queiroz contra o CNAD; se houvesse um faxe de felicitações pelo título de campeão do FC Porto a indiciar distanciamento de Estado, apesar das divergências; se fossem essas as circunstâncias, aparecer um dirigente governamental, por acaso número um no Desporto do País, a escolher entre duas equipas nacionais que vão jogar uma final europeia podia ser apenas uma originalidade. Na verdade, porque não? Mau, para o FC Porto, era que Laurentino Dias estivesse a oferecer-se para jogar à bola pelo Braga, porque aquele metro e noventa e muitos podia decidir a Liga Europa no jogo aéreo, até por mostrar agora ainda melhor pontaria do que quando rendibilizou a antipatia dos portugueses por Queiroz. A de anteontem foi na "mouche". Quando falta menos de um mês para as eleições legislativas, arranjar um pretexto para uma guerra com o FC Porto, que é o mais rápido e eficaz veículo mobilizador de massas que Portugal alguma vez conheceu, e ainda por cima conseguir que uma pessoa tão inteligente como Pinto da Costa caia na esparrela de lha conceder, é de génio. Com pessoas no Governo capazes de manobras assim, como é que acabámos a precisar do FMI?

JOSÉ MANUEL RIBEIRO

fonte:Ojogo