Uma Aventura no Mar

Serve este post para relatar a minha aventura, juntamente com o camarada PPA, no Estádio do Mar, em Matosinhos, para assistirmos à vitória, inquestionável e incontestável, do grande Sporting sobre o Leixões.

Começo com uma confissão: não sou grande adepto do futebol no estádio, talvez porque me falte a regularidade do estádio; se a minha assiduidade fosse, por exemplo, uma vez de 15 em 15 dias em vez de uma vez de 15 em 15 meses o caso mudasse de figura. Também ajudaria se, em vez de ter assistido 80% dos jogos do meu Sporting jogando fora de casa (ambiente adverso e hostil, resultados mais sofridos e sofríveis) tivesse o privilégio de frequentar o majestoso Alvalade XXI! A estes condicionantes há ainda outros dois que fazem toda a diferença: conforto e repetições de jogadas! Não coloco em causa o conforto de meia dúzia de estádios portugueses mas a minha bunda ficou com calo ontem no quadrado de cimento a que chamam de lugar e que me foi facultado pela módica quantia de quinze euros! Junte-se a felicidade de não ter apanhado com uma valente carga d’água e a meia hora à espera que a polícia deixasse os adeptos leoninos saírem do recinto (novamente a felicidade de S.Pedro ser sportinguista…) e torna-se difícil arrastar-me para nova aventura quando o sofã lá de casa é uma maravilha e o telhado ainda não mete água! Depois, apesar de criticar constantemente o péssimo serviço que os canais de tv prestam, com poucas e mal posicionadas câmeras, a verdade é que quando se está habituado a ver repetições de tudo e mais alguma coisa, torna-se díficil perceber o que realmente acontenceu… sobretudo quando ocorre a mais de cem metros de distância!

Estes, por si só, são já demasiados contras. Mas não fico por aqui, para compôr a festa junte-se ainda uma claque de cheerleaders que actuou somente no centro do relvado para a malta que paga bilhete de central (da superior só deu para distinguir loiras de morenas, e eu paguei bilhete logo tenho direito de ver a qualidade das meninas, tanto quanto sei podiam ser uma dúzia de travestis de perucas a abanar as pernas e, para me sentir enganado, já bem bastou ter de aturar o Proença, mas já lá vamos…) e três estarolas, encarregados de insuflar a publicidade da Sagres para colocar no meio do terreno. Quem não conhece o estádio do Mar fica a saber que o mesmo possui somente uma bancada superior. E pessimamente colocada, da baliza até à bancada dava para colocar todos os árbitros e bandeirinhas que já receberam fruta e rebuçadinhos oferecidos pelo PC e ainda sobrava espaço! Já dá para ver a imensidão do espaço, não? Pois por incrível que possa parecer, os artistas encarregues dos insufláveis deslocaram o dito cujo para trás da baliza onde estavam os adeptos sportinguistas! Se de início não houve crise, quando resolveram começar a insuflar perto do intervalo ficou impossível para os adeptos acompanhar o que se passava no flanco direito do relvado! Isto, meus senhores, é de um amadorismo de meter medo! Acredito que aqueles sujeitos percebam de sardinhas, santolas e peixe espada, mas de futebol zero! Esta atitude, num País civilizado, era o suficiente para reembolsar as pessoas, quando teria sido suficiente terem deslocado o insuflável para trás da baliza… sem bancada! Uma posta de pescada para quem adivinhar onde as bestas colocaram o insuflável na segunda parte.

Bem, estes foram os aspectos negativos. Mas a aventura não acaba mal, os dois heróis safam-se e no fim ainda tiveram o privilégio de ver a grande Rosa Mota, sem aditivos nem conservantes, correr à velocidade de um ultra vitaminado Hulk! Mas regressemos ao Mar.

Um jogo de futebol observado ao vivo, entre adeptos da mesma cor clubística, com emoção e sofrimento no resultado, é pura adrenalina. Compreendo os portistas do blog que não vivem sem assistir os jogos do seu clube no estádio. Repito, estar presente no “nosso” estádio é completamente diferente do que estar presente no feudo inimigo, mas ainda assim é uma experiência fantástica para o verdadeiro adepto de futebol! Implica chegar a casa e rever o jogo, porque da bancada superior não ser percebe metade do que ocorre em campo mas até por isso vale a pena, assisti entretanto ao resumo do jogo e pude perceber 4 lances capitais que, em campo, foram de difícil (ou nula) percepção: refiro-me à agressão ao Abel, ao penalty sobre Derlei, ao lance duvidoso de Abel e à entrada de Rochemback. Apenas este último lance presenciei e não tenho dúvidas: Rochemback cortou a bola de forma impiedosa e depois não teve cuidado para colocar a perna no relvado sem atingir seja quem fosse. Por acaso fiquei com a sensação que poderia ter sido propositado mas vendo na tv nota-se claramente que a perna do brasileiro, na sua trajectória descendente, rasa o corpo de Diogo Valente, que nem sequer se queixa de ser atingido, apenas fica indignado pela perigosidade do lance. Ler que ficou por expulsar Rochemback dá-me vontade de rir, desde quando entrar com o pé levantado sem fazer estragos é agressão? Cortou ou não a bola? Tocou no adversário? Ficar com a ideia errada na bancada é uma coisa, ver uma dúzia de repetições e escrever barbaridades dessas é que é de lamentar. Quanto aos outros 3 lances, no estádio não me apercebi do que quer que fosse. O que vi foi uma entrada duríssima de Sony que mandou Romagnoli para o estaleiro e que ninguém fala. Abel a esta hora ainda deve estar a contar os dentes, num lance que fez com que o padeiro lampião que treina o Leixões se levantasse e protestasse veementemente! Inacreditável, ainda para mais quando foi à frente da fuçinheira dele! Quanto aos supostos penalties, concordaria com a marcação dos dois, tal como aceito a não marcação de qualquer um deles. Derlei leva um encosto nas costas mas é um lance comum e Abel, por muito que insistam, leva com a bola entre o peito, as axilas e os braços. Afirmar com total convicção que é nos braços é de doente e lugar de doente é na ala de um hospital e não num blog.

Resumindo e concluindo valeu a pena ter ido ao estádio, foi um vitória sofrida mas estimulante, a equipa acabou com 9 jogadores oriundos das camadas jovens leoninas e sempre mais perto do 2-0 que do 1-1. Uma palavra final para Derlei, um guerreiro incansável, que tal como JVP começou a ser perseguido quando passou a equipar de verde e branco; tanto um como o outro eram já conhecidos pela sua impetuosidade e malandrice, mas de azul e vermelho eram sobretudo conhecidos como ninja e menino de ouro. É a imprensa que temos, Derlei foi um leão em campo e um ídolo quando saiu e não se esqueceu de vir cumprimentar os adeptos e celebrar com eles a vitória. São gestos destes que merecem todo o respeito, por mim assina já mais um ano de contrato, quem o vê em campo não diria que já tinha sido operado aos dois joelhos e que caminha para os 34 anos de idade.