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sábado, 18 de novembro de 2006

Adeus Major!

Despediu-se ontem deste Mundo um dos melhores futebolistas de todos os tempos. O hungaro Ferenc Puskas, o Major Galopante, figura de proa da selecção hungara que encantou o Mundo na decada de 50 e do Real Madrid, preponderante no dominio avassalador dos merengues nas primeiras edições da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Aos 79 anos de idade, o homem que disse um dia “"Para mim, o futebol foi mais do que a própria vida!" despede-se novamente de todos, desta vez definitivamente, 40 anos após a sua última aparição nos relvados.

Nascido em Budapeste, em 2 de Abril de 1927, no bairro de Kispest, Ferenc Puskas, de ascendência alemã, cresceu desde menino junto ao campo de futebol do Kispest AC, onde começou muito novo a dar, sempre acompanhado o seu grande amigo Bozsik, os primeiros toques na bola calçando chuteiras, nessa altura pesadas demais para o seu tamanho. Com 16 anos, em 1943, estreou-se na primeira equipa, já na Iª Divisão húngara, sob as ordens de seu pai, que foi treinador do Kispest até perto dos anos 50, data da sua morte. Em 1945, com 18 anos, foi, pela primeira vez, internacional pela Hungria, contra a Áustria. Intregrado, a partir de 1949, no grande Honved, tornou-se em pouco tempo, uma grande estrela do futebol magiar, então a viver a sua idade de ouro. Chamavam-lhe o Major Galopante, porque sendo o Honved a equipa do exército todos os seus jogadores eram oficialmente militares e Puskas tinha, artificialmente, a patente de Major. Em toda a sua carreira, fez 84 jogos e 83 golos pela Hungria, sagrando-se campeão olímpico em 1952 e vice campeão do mundo em 54. O seu futebol tinha duas grandes armas: velocidade e um pé esquerdo fabuloso. Quando os tanques soviéticos esmagaram Budapeste, Puskas decidiu não regressar, seguindo para Vienna, onde se reuniu com a sua família que então fora ter com ele. Inclemente, a FIFA, pressionada pela Federação húngara aplicou-lhe um castigo de 18 meses sem jogar.

Quando terminou o castigo, em Julho de 1958, Puskas estava com 31 anos e tinha engordado 18 quilos. Os grandes clubes não se interessaram pela sua contratação. Foi então que surgiu o Real Madrid. Em Madrid, Puskas, entre 1958 e 1966, fez 372 jogos e marcou 324 golos, sendo 5 vezes campeão espanhol e 3 vezes campeão europeu. Entre a Hungria e a Espanha, de 1943 a 1966, apontou 511 golos em 533 jogos oficiais. Naturalizou-se espanhol e alinhou pela Selecção da Espanha em 4 jogos do Mundial-62, ficando então conhecido como Pancho Puskas. Retirou-se dos relvados com 39 anos.

Episódios Curiosos:


1. O ano de 1971 marcou o inicio da lenda de Cruyff. Em Wembley, o Ajax vencia o Panathinaikos e conquistava a sua primeira Taça dos Campeões Europeus. No entanto, apesar do talento de El Flaco, para muitos que estiveram presentes a principal memória reporta aos minutos antes do jogo, onde, durante cerca de meia hora, o relvado fora pisado por um mago de outras eras, Puskas, pois claro, ao tempo treinador do campeão grego, que durante o período de aquecimento ao guarda redes Ikonomopoulos deslumbrou as bancadas repletas com um festival de remates fora da área que terminavam invariavelmente no fundo das redes. Para muitos foi aí que o Panathinaikos começou a perder o jogo (derrota, 0-1), como mais tarde o próprio guarda redes helénico admitiria num desabafo: se levo golos do velho, o que me espera frente a Cruyyf, Kaiser, Muhren e companhia? Nesse tempo, o major galopante, já tinha 44 anos mas continuava, como até hoje, a passear o mesmo porte com o cabelo reluzente cheio de brilhantina.

2. Conta Best, no seu livro As minhas histórias de futebol favoritas, que quando há anos foi com outras estrelas do passado visitar uma escola de futebol, notou que um dos grupos de miúdos resmungava com a sua sorte: Com tantos craques logo a nós nos havia de calhar este velho gordo e baixote. Best reparou, chamou tal figura e pediu-lhe para, diante da plateia, matar a bola no peito e, a cerca de 30 metros da baliza, chutar á barra. Dito e feito. Repetiu o truque uma e outra vez. Depois, quando lhe pediu, parou a bola no calcanhar, levantou-a suavemente e, com um tiro colocado, colocou-a no baliza mesmo junto ao ângulo. Num ápice os miúdos ficaram boquiabertos. Mas nem sabemos o seu nome, Coach!, disse um míudo. De dedo espetado, Best olhou para o petiz futeboleiro e disse-lhe com solenidade: Eu, posso-o tratar por tu. Para vocês, ele é Mister Puskas!


Fica uma mancha na sua fantástica carreira: a derrota na final do Mundial de 1954, frente à RFA. E digo mancha porque na fase inicial da competição a Hungria ganhou por 8-3 a essa mesma RFA e na final estreve a vencer por 2-0 para perder por... 3-2! Uma das maiores injustiças da história do futebol mundial o facto dessa equipa hungara não ostentar o titulo de campeã mundial apesar da sua evidente superioridade sobre as demais adversárias! Com o inicio da revolução de veludo na Hungria foi o final desta equipa de sonho. Até Sempre Major Galopante!


4 comentários:

Anónimo disse...

Puskas, sem duvida uma lenda do futebol mundial...A melhor forma de homenagiar este grande jogador é beber um shoot num bar de guimaraes...Um shoot muito apreciado por mim e por um amigo meu, faz parte do nosso roteiro antes de ir para a noite ir a praça santiago beber um PUSKAS!!!!
Até quarta PUSKAS!!!

El Pirata disse...

Obviamente que nunca o vi jogar e mesmo videos desse grande jogador tive apenas acesso a alguns, poucos para o que desejaria.

Mas a forma como sao retratados esses 2 episodios dizem tudo sobre um predestinado para o futebol. Pode-se argumentar que eram outros tempos, que se atacavam com 7 e só se defendiam com 3, o que é capaz de ser verdade, mas entao porquê tanta superioridade das equipas de Puskas sobre as demais? Seria ele rei em terra de cegos? Obviamente que não, o futebol poderia ser menos táctico mas os fundamentos técnicos ainda persistem nos dias de hoje e ler as descriçoes de tecnica que surgem nesses dois episodios... nao me deixam duvidas: O Puskas do seculo XXI, com o devido trabalho fisico, seria craque de primeira! Tal como seriam todos os grandes craques do passado.

El Pirata disse...

A mais memoravel final europeia, entre o Real Madrid e o Frankfurt, disputada em glasgow e sob o olhar de 150.000 mil espectadores, teve como resultado final a vitoria dos madrilenos por 7-3. Ainda hoje é recorde de assistencia e recorde de golos de uma final de campeoes.

Nessa final brilharam dois dos melhores jogadores de todos os tempos: Di Stefano com 3 golos e Puskas com 4! Marcar 4 golos numa final europeia... se nao fosse por outro motivo, só este feito extraordinario já valeria a Puskas a entrada na galeria dos mitos!

E se pensarmos que esse feito foi apenas um entre tantos, percebe-se nitidamente que partiu deste planeta o primeiro grande jogador de futebol de todos os tempos.

Pereira de Castro disse...

Fërenc Puskas,

O mítico pé esquerdo dos campos relvados de tempos idos dos anos 50 e 60...

Provavelmente o primeiro AVANÇADO, digno desse nome.

Obrigado pelo contributo que deste ao futebol mundial, sinto pena de apenas ver videos das míticas exibições de um futebolista único.

Um dia destes ainda bou a esse tal Bar "buber" esse tal shot Puskas, e faço um brinde, GOOOOOLLLOOO do grande esquerdino...