Há clubes que marcam pela diferença. Por defender uma causa, por ser o símbolo de uma região, de uma religião ou de um movimento. Há clubes que são verdadeiras bandeiras de uma forma diferente de estar em sociedade. Se hoje na Europa subsiste um clube que representa estes ideais, esse é o Athletic Bilbao.
O início da temporada de 08/09 foi traumático em Bilbao. Os seus adeptos viram, pela primeira vez, a imaculada camisola blanquiroja surgir manchada com um anúncio publicitário. O ano anterior o FC Barcelona tinha vendido a sua virgindade por uma boa causa, o apoio à Unicef, e aberto o precedente do qual se aproveitaria rapidamente a direcção bilbaina, equipa que tinha ficado como a única no mundo que se recusava a vender a sua camisola. A empresa Petronor, basca como a medula de San Mames, teve a honra de fazer historia e o facto de ser uma empresa local diminuiu o choque. Mas percebeu-se rapidamente que algo estava a mudar. O mesmo se pressentia sempre que a direcção falava em abandonar a Catedral, o mítico San Mames, o único estádio inglês fora das ilhas, e construir um novo complexo desportivo, anónimo e funcional como o de qualquer outro clube. A crise económica que se abateu sobre Espanha abafou o tema mas o fantasma continua aí. A pequena lotação do San Mames em comparação com a enorme fila de espera de sócios que esperam por um lugar tem sido uma tentação difícil de lidar. As opiniões dividem-se mas de momento, tudo fica na mesma.
O orgulho Euskadi
O terceiro esteio do Athletic, o que o faz verdadeiramente diferente neste mundo globalizado, é a lei não inscrita de que em campo, com a camisola vermelha e branca vestida, só podem jogar elementos nascidos em Euskadi. Para os menos informados, Euskadi, ou Pais Vasco, inclui habitantes do sul de França, Navarra, Vizcaya, Alava e Guipuzcoa. Nada mais. Ou seja, jogadores nascidos numa zona que reclama independência há século e que procura, pelo futebol, mostrar a sua brutal diferença com a sociedade espanhola. E se há bandeira de Euskadi viva, essa e o Athletic. Só que até aí têm surgido duvidas. Uns admitem que Lezama – o centro de formação bilbaino – começa a ser pouco para sobreviver numa sociedade globalizada onde todos competem com os melhores trunfos.
Dos mais radicais que pedem para acabar com esta limitação aos que defendem que se devia alargar o espectro aos filhos de emigrantes bascos (muitos fugiram de Euskadi depois da guerra civil espanhol em 1939 para os países sul-americanos) desde que se provasse a sua ascendência euskerra, há de tudo. E brevemente haverá também o dilema chamado Jonas Ramalho. É um dos grandes craques da cantera vizcaina mas é negro. Ou seja, não é puramente basco. Para muitos é uma blasfémia. Para outros o futuro. A sua futura chamada á equipa principal é uma questão de meses. Como reagirá a Catedral, é uma pergunta que muitos se fazem. Algo que só o tempo responderá.
Apesar das limitações financeiras, e do plantel reduzida a jogadores locais, o clube atravessa outra polémica decisão que passa pela construção de um novo estádio. Abandonar o San Mames será um rude golpe no orgulho Euskadi, mas esta decisão faz com que hoje o Bilbao volte a olhar para o futuro. O mundo já assistiu a diferentes formas de estar no futebol. Mas nenhum tão radical como a que se vive em Bilbao. A cidade desse rebelde Athletic pretende voltar a ocupar o seu lugar no topo do futebol Europeu.
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Fonte: futebol Magazine
4 comentários:
Não sei se sabiam, mas foram adeptos do atletico de bilbau que formaram o atletico de madrid, inicialmente chamado atletico aviacion!! Esse clube de madrid sempre que jogasse contra o bilbau tinha que mudar de equipamento em sinal de respeito! Isto aconteceu sempre até ao dia que o ateltico de madrid nao respeitou esse protocolo...hoje ainda ninguem esqueceu isso!!!!
Pelos vistos este post não serve para este blog...
Pirata, mada ai uns bitaites sobre o pinto da costa!! Acho que só assim a audiencia sobe!
eheheh, eu sempre disse isso, a malta frequentadora do blog gosta de confusao e histerismo, sao como os fieis da tvi que querem 3 novelas por noite e algo mais do que isso nao tem interesse :)
Tenham calma que o nivel desce nao tarda nada, só espero que o carvalhal nao me faça descer o nivel abaixo do que ja fiz ha uns meses atras...
anto ao atletico madrid, deve ser cso raro, o satelite tem poderio ao nível do clube fundador. O caso Bosman foi muito cruel para os ideais do clube basco, quando só tinha de competir com os adversarios possuirem 3 estrangeiros em campo o clube de Bilbao dava luta pelos titulos, actualmente é muito mais complicado, mas eles é que sabem como preferem defender os seus ideais, se com vitorias ou com equipas 100% bascas mas pouco competitivas.
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