A verdade escondida

Guardei durante mais de 2 anos a crónica de João Sanches, jornalista d’ OJOGO, magnificamente bem escrita, uma vez que sabia que me seria extremamente útil um dia, sobretudo em vesperas do Porto jogar com o Sporting, periodo no qual muita mente retorcida fala em Lucilio Baptista como o anti Cristo! Eu deveria deixar passar esses ressabiamentos, mas ao fim de 3 anos a ouvir o mesmo ruído de fundo, é tempo de dizer BASTA! Devido a uma arbitragem, na qual os portistas, apesar de terem saído vitoriosos (golo de Costinha), reclamam 6 penaltis (inicialmente eram 3, mas a cada ano que passa é acrescentado 1…), o nome do único arbitro português associado a qualidade por essa Europa fora (é ver o seu currículo) é criminosamente associado ao Sporting! Aqui fica a prosa do jornalista, escrita em meados de Novembro de 2004.

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O senhor que “nunca” se pronuncia sobre arbitragens lançou anteontem nova ofensiva sobre os históricos rivais do FC Porto no futebol nacional. E o mote para o “tiroteio” foi nem mais nem menos do que actuação do… árbitro Lucílio Baptista e dos seus auxiliares no dérbi que os “dragões” perderam no sábado passado e que, entre outros factos, ficou indelevelmente marcado pelo decisivo golo (obtido em posição irregular) do boavisteiro Cafu. À laia de argumentação para fundar a tese de combate ao que considera serem equívocos sistemáticos sempre em prejuízo da equipa portista, Pinto da Costa só precisou de “trinta segundos” para fazer uma resenha dos jogos apitados por Lucílio Baptista em que encontrou matéria abundante para lavrar protestos, mas sem pedidos de audiências governamentais. Destacando os casos e as circunstâncias que mais lhe convieram das últimas três visitas a Alvalade – duas ao velho recinto e uma ao novo –, o presidente do FC Porto – ele que “nunca” fala sobre árbitros – quis penalizar publicamente o juiz setubalense, para fazer pressão sobre o sector, naturalmente – porque há muito que anda nisto –, e também para desviar a atenção de situações de “pormenor” menos agradáveis ou simpáticas, como, por exemplo, a estúpida expulsão de McCarthy ou o facto da equipa ter “patinado” outra vez na noite em que Victor Fernandez voltou a ter uma perspectiva horizontal do tabuleiro de jogo. Por lapso – só pode –, esqueceu-se, entre outros detalhes, de fazer referência a um penalti que o mesmo Lucilio Baptista perdoou ao FC Porto – por carga de Mário Silva sobre Niculae – no clássico que abriu o Campeonato de 2001/02. Também por omissão involuntária, não lhe veio à memória o fora-de-jogo sancionado a Acosta (era o 0-2) na meia final da Taça de Portugal disputada por FC Porto e Sporting no velho Estádio das Antas, em 2000/01, curiosamente dirigida por… Lucílio Baptista, nessa noite exemplarmente acompanhado pelos auxiliares. Mercê do acerto do trio de arbitragem e da competência dos jogadores então liderados por Fernando Santos, o FC Porto deu a volta ao resultado e qualificou-se para o Jamor. Aí, o trabalho de Lucílio Baptista foi normal, como normais foram as suas actuações no Sporting-FCPorto da 8ª ronda da edição 2000/01 da Superliga – antes de sofrerem o golo de Pena, os da casa viram um penalti de Cândido Costa sobre Rodrigo Fabri não ser assinalado – ou no duelo entre as mesmas cores na finalíssima da Taça de Portugal, em 1999/2000. Neste último caso, Augusto Inácio – á data treinador campeão pelos “leões” – é que não achou muita piada à… normalidade: “Grande arbitragem. Nunca vi uma coisa destas. É um árbitro de elite. Perdemos porque não nos deixaram fazer mais. Não foram marcadas faltas perto da grande área do FC Porto, porque o André Cruz é preponderante nesse tipo de lances.” Caso se compilassem os vídeos destes e doutros jogos – incluindo-se aqui os lances dos fora-de-jogo mal assinalados ao Boavista na recente passagem pelo Dragão –, haveria decerto substância para pelo menos um mês de audiências com os srs. ministros…

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A esta brilhante escrita há ainda acrescentar a magnifica defesa que Cesar Peixoto, dentro da sua grande área defensiva, efectuou na epoca passada, enfim, uma extensa lista de situações que o tipico portista apaga, selectivamente, da sua memória. Fica aqui o registro, neste blog portista, como prova que a verdade supera sempre qualquer mentira, mesmo que esta seja repetida exponencialmente até à exaustão!

Quanto ao jogo de amanhã, sei o que espera o Sporting e os seus leõezinhos: sofrimento e pouca vergonha, em doses maciças. Já vi o Sporting jogar com 8 contra 14 por duas vezes (94 – Vujacic, Peixe, Juskowiak; 02 – Paulo Bento, Rui Jorge, Jardel), e na última ocasião até conseguiu… não perder! Já li situações tão ridiculas como um golo marcado por um apanha-bolas ser… validado! Já passou por muito o Sporting nas suas visitas à minha cidade, e amanhã, estou certo – até porque Pinto da Costa sabe que não pode jogar na Luz com menos do que 4 pontos de avanço – o Porto por linhas tortas ou não, vencerá o jogo, até porque o mesmo já começou a ser preparado em… Leiria! Mas pode ser que a Madame Morgado esteja atenta. Troco de bom grado mais uma roubalheira por uma pena de prisão. Já não deverá faltar muito…